Capítulo 1

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Miguel

Eu nunca fui do tipo que namora, manda flores ou se empenha na conquista. Sexo era o que era: algo puramente físico e casual. E talvez eu realmente me esquecesse do nome da maioria delas em alguns dias, mas não no dia seguinte.

E, se minha memória costumava ser boa para nomes, era ainda melhor para situações. E isso tornava ainda mais estranho o fato de não fazer ideia de quem era aquela mulher e como tínhamos ido parar ali em...

Onde eu estava?

Pelo amor de Deus, que quarto era aquele?

Quanto eu havia bebido na noite anterior?

Voltei a olhar para a mulher, forçando a memória para tentar me lembrar de onde eu a conhecia. As imagens surgiram como flashs na minha cabeça.

Eu tinha chegado à festa, cumprimentado aquele bando de puxa-saco chatos dos infernos, e tinham algumas mulheres me cercando. Por mais que eu raramente dispensasse a ideia de uma boa noite de sexo, funcionárias da minha empresa eram cartas fora do baralho. Meu pai tinha, no decorrer de sua vida, colecionado problemas por sua mania de se envolver com funcionárias, e eu definitivamente não queria isso para a minha vida.

Mas aquela mulher ruiva ali diante de mim, estava certo, não era nenhuma daquelas.

Eu tinha uma ótima memória visual, modéstia à parte.

Sem contar que aqueles cabelos vermelhos dela seriam difíceis de serem esquecidos.

Eu tinha tido um dia dos infernos. Foi dia de reunião com os advogados da empresa, que no momento cuidavam de uma causa inteiramente minha. E o panorama com relação a ela não era das melhores. Encher a cara depois de tudo o que ouvi definitivamente não era a atitude mais inteligente, mas nem sempre eu era um sujeito esperto.

Caso fosse, não teria chegado àquela situação, afinal.

A nenhuma das situações. Nem a do assunto tratado pelos advogados, nem àquela do momento.

Eu conversei sobre aquilo com aquela mulher, eu recordava vagamente disso. Lembrava de ela ter me dado alguns conselhos...

Ou talvez ela tenha contado piadas, não me lembrava muito bem.

E aparentemente eu tinha feito sexo com ela. Não que eu recordasse, mas era só o que explicava termos acordado nus na mesma cama.

Bem, ela era bem bonita, então provavelmente tinha valido à pena.

— Ai, meu Deus... — foi tudo o que ela disse, antes de se apressar em vestir as roupas.

Ou talvez, pela reação dela, não tivesse sido tão bom assim.

— Onde nós estamos? — voltei a perguntar.

— Não importa — foi a resposta ríspida dela. — Nada disso importa, vamos fingir que não aconteceu. Apenas não me demita, por favor.

— Você trabalha para mim? — Inferno! Eu tinha então, realmente, me envolvido com uma funcionária? Que grande merda...

— Apenas finja que nada aconteceu, tudo bem? — ela terminou de enfiar o vestido no corpo e começou a olhar ao redor, à procura de algo. Até que correu até um canto do quarto, pegou uma bolsa e saiu.

Saiu como se estivesse fugindo de um demônio.

Sério, a noite tinha sido tão ruim assim?

Voltei a me estirar na cama fechando os olhos e tentando me recuperar daquele misto de sono com ressaca. Meu nível de confusão mental estava muito além de qualquer outra bebedeira da minha vida.

Acordei Noiva do meu Chefe [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora