Camila
Ter saído com Laís no sábado não foi algo que tenha efetivamente me ajudado. Minha amiga ficou perplexa com toda aquela história, tanto que, talvez pela primeira vez desde que nos conhecemos, ela não tinha um conselho a me dar. E nos conhecíamos desde os nossos oito anos, quando meus pais morreram e fui morar com a minha avó, assim passando a ser vizinha de porta dela. A mãe dela ainda morava no mesmo apartamento, de frente para o meu, mas ela tinha se mudado ao se casar, há dois anos.
Laís tinha sido uma criança altamente comunicativa, que não por acaso se tornou uma mulher igualmente comunicativa. Ela sempre teve muitas opiniões e conselhos a dar com relação a absolutamente tudo.
Agora, eu sabia que não exatamente a tudo. A única coisa que ela podia dizer a uma amiga que tinha enchido a cara na festa da empresa e acordado desvirginada na cama ao lado do chefe era: "Que merda, Mila".
Era realmente uma grande merda.
Esperava, pelo menos, não ser demitida, ou não ser obrigada a me demitir.
Não consegui contar o ocorrido para a minha avó. Eu sempre contava absolutamente tudo da minha vida para ela, mas aquilo, definitivamente, era diferente de qualquer coisa ocorrida até ali. Eu já poderia imaginar a decepção nos olhos dela quando eu relatasse aquelas minhas aventuras bêbadas, e eu não podia lidar com isso. Eu poderia lidar com qualquer coisa na vida, menos com a possibilidade de decepcionar a minha avó, que era a pessoa mais importante do mundo para mim.
E foi exatamente por isso que eu, também, não tinha contado a ela que eu não fui promovida. Apenas sorri todas as vezes que, no final de semana, ela comentou qualquer coisa a respeito de estar orgulhosa de mim, ou se referiu a mim como 'a nova arquiteta-chefe da Marino Arquitetura'. Eu era incapaz de mentir para a minha avó, mas nem foi esse o caso. Eu apenas não contei a verdade.
Era diferente, não era?
Mas se tinha algo do qual eu não podia fugir era de retornar ao trabalho na segunda-feira. Já seria difícil de qualquer maneira, porque encarar o bosta do Antônio usufruindo de seu novo cargo conseguido com o meu trabalho seria um verdadeiro martírio. Agora, tudo seria muito pior devido à minha recente aventura com o chefão Miguel Marino.
Bem, pelo menos ele nunca aparecia no meu setor.
— Menina do céu, você não sabe quem esteve aqui! — foi desse jeito que Giovana, a estagiária, me cumprimentou logo que cheguei. — O gostosão do Miguel Marino.
Vi-me subitamente sem ar diante da notícia. O que aquele sujeito tinha ido fazer no meu setor? Ele nunca se misturava aos mortais.
— Só pode ser piada... — resmunguei, sentando-me na minha cadeira.
Ela permaneceu de pé ao meu lado, com seus olhos castanho-escuros brilhando de empolgação, como os de uma adolescente.
Bem, era praticamente o que ela era, com seus dezenove anos de vida.
— Ficou todo mundo aqui sem acreditar também! — ela concluiu.
— Mas o que, exatamente, ele veio fazer aqui?
— Acho que veio fiscalizar o trabalho, sei lá. Foi estranho porque ainda faltavam cinco minutos para o início do expediente, nem tinha muita gente aqui ainda. Ele só chegou, cumprimentou todo mundo, passou de mesa em mesa olhando tudo... Aliás, a sua foi onde ele parou por mais tempo. Ficou olhando a sua foto ali, acho que te achou bonita. Como não achar, né? Gata desse jeito.
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Acordei Noiva do meu Chefe [DEGUSTAÇÃO]
Roman d'amourEra para ser só uma noite de bebedeira, mas eu acabei na cama com meu chefe - e noiva dele. Miguel Marino era o típico homem que poderia ter a mulher que quisesse: lindo, poderoso, herdeiro milionário de uma empresa de arquitetura renomada, sexy com...