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║Perspectiva║

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║Perspectiva║

"Mark?"

A voz de seu irmão parecia distante, como se Minhyung estivesse dentro d'água e Johnny na superfície. Conseguia entendê-lo com certa dificuldade, mas não tinha como responder, pulmões ardendo e olhos embaçados.

"Mark, respira. Não perde o foco. Você consegue andar comigo?"

Pela primeira vez na vida, o canadense sentia o cheiro do alfa à sua frente. Nunca acreditou quando Ten dizia que seu irmão tinha cheiro de bombom de coco (jurava que era um apelido daqueles que o faziam se sentir um castiçal perto do casal). Mas ali estava, o cheiro de Johnny lhe transmitindo acolhimento enquanto as mãos lhe levantavam do chão.

Nem tinha percebido que tinha caído até então.

Olhou para os lados, vendo sua mãe e seu pai pedindo para que o resto da família se afastasse.

"Desculpa" - tentou dizer, mas sua língua estava dormente, o gosto metálico de sangue na boca de tão forte que tinha mordido os lábios instantes antes, quando tentou reprimir o choro da dor  lancinante que sentiu. Sabia que estava estragando o almoço de domingo - tradição que estavam tentando manter agora que todos estavam novamente reunidos no Canadá.

"Relaxa" - a voz de Johnny voltou a ser seu foco - "Quando foi a minha vez foi muito pior" - o maior riu, começando a levar o mais novo em direção ao carro. - "Você vai ver que no próximo almoço todo mundo vai estar te paparicando agora que é um alfa também"

A cabeça de Mark finalmente pareceu clarear. Os dois únicos neurônios ativos de seu cérebro conseguiram conectar os pontos.

"Ah" - soltou o som que não foi nem de surpresa, nem uma pergunta, nem uma afirmação (os  dois neurônios não estavam tão bem assim, no fim das contas).

Fechou os olhos quando foi colocado no banco do carona do carro. Inspirou fundo, sentindo o ar entrar, passar pela traqueia e encher os pulmões. Percebeu que, se concentrado, podia ouvir não apenas o som de sua própria respiração, mas também o leve farfalhar das folhas secas que o vento arrastava pelo chão ao lado do carro. Forçando mais, escutava as conversas no interior da casa e, mesmo que abafadas, conseguiu distinguir as felicitações dirigidas aos seus pais. 'Um alfa! Que orgulho!'

Precisou sorrir - mesmo que provavelmente estivesse parecendo uma careta -, porque desde o dia que Johnny, ainda pré-adolescente, tinha virado um alfa, Mark passara a aceitar que acabaria como beta. Porque seria sorte demais ele, sempre o irmãozinho menorzinho, ser do mesmo gênero. Parecia que a Lua estava generosa com a casa dos Lee.

"Se sentindo bem?" - seu irmão perguntou. 

A primeira providência de Johnny ao ligar a ignição foi logo abrir as janelas. Mark agradeceu internamente, porque mesmo que fossem da mesma alcateia, seu lobo começou a se remexer quando sentiu o cheiro do outro dominante. 

Meu AlfaOnde histórias criam vida. Descubra agora