Meu Alfa

║7║

║Mudanças║

☾

"Donghyuck!"

Sua mãe bateu na porta do banheiro, mas o garoto apenas continuou ali, o rosto pertinho do espelho e as mãos apoiadas na pia, enquanto encarava o reflexo com atenção.

Vinha percebendo algumas mudanças em si - por mais sutis que fossem - graças ao seu hábito de se admirar em qualquer espelho que fosse. Hábito esse que estava começando a lhe irritar no momento.

Naquele dia, notara que os lábios pareciam maiores que o normal, mais cheinhos, e que já estavam ficando assim a uns dias. Primeiro achando que estava um pouco inchado por algum motivo, agora o garoto pensava que era o seu corpo de ômega ficando mais... "convidativo".

Ew.

Para seu azar, sua boca parecia mesmo mais bonita que o normal. E seus cabelos também estavam mais brilhantes e crescendo rápido.

Talvez ele tentasse deixá-los maiores, dessa vez.

Estava num conflito interno grande entre querer gritar aos quatro ventos que todo o sistema era injusto e que a natureza era horrível, enquanto o outro lado de si que queria mais que tudo ser um ômega perfeito. Ser uma pessoa diferente.

Talvez se não fosse como era, não estaria sendo tão difícil se acostumar agora.

Foi desanimado até a rua, e quando os amigos chegaram apenas sentou-se na garupa da bicicleta sem se preocupar em dar um bom dia decente. Os outros meninos não o cobraram, contudo, ao verem como que o menor apoiou a cabeça no ombro de Jaemin, fechando os olhos ali.

Estava cansado de novo. Não apenas fisicamente, mesmo que o corpo lhe cobrasse as horas de sono perdidas olhando para o teto, pensando nas milhões de pequenas coisas que haviam mudado em sua vida e que ainda iriam mudar daí para frente.

Encontraram Renjun na rua da escola, este que aceitou subir na garupa de Jeno, segurando-se no banco ao invés de abraçá-lo. Claramente mantinha ali um limite, uma figura de um ômega que não dava tanta intimidade para alfas, (principalmente em público, para que as pessoas não começassem com suposições).

Um farsa, por mais que a palavra lhe parecesse muito forte. E um exemplo, por mais que elogiar Renjun lhe desse vontade de bater naquele rostinho bonito.

O lado bom era que tinham um ao outro e, perto de Donghyuck, o Huang não tentava controlar o temperamento igualmente explosivo e por vezes até mais impaciente que o próprio coreano. O problema era justamente que isso só acontecia quando estavam a sós.

Donghyuck não queria ter que fingir ser quem não era em momento nenhum. Ele sempre foi uma pessoa que faz os outros se expandirem, ao invés de se reduzir para caber onde quer que fosse.

Apertou mais Jaemin, pensando que o beta nunca iria lhe abandonar, mesmo se a burrice aguda de alfa corroesse os miolos de Jeno algum dia. Seu Jaemini seria sempre seu porto seguro, mesmo em meio àquela bagunça toda.