Meu Alfa

║27║

║Liberdade║

☾

"Hyuckie!"

O som da risada de Mark ascendeu a chama que nunca tinha se apagado por inteiro no peito do coreano. 

Donghyuck tinha a mão do mais velho entrelaçada na sua enquanto puxava com pressa o alfa para o quintal atrás de sua casa e além. A casa de Mark sempre foi um refúgio dos dois, e podia ser mais uma vez. Localizada no final da rua, além dela só havia grama, árvores e, se estivessem com tempo, o rio e montes a algumas horas de distância, verde quente e água fresca.

Dizer que estava ansioso era pouco. O peito disparava como um tambor posto em palco circular, refletindo nas paredes e enviado limpo e alto à céu aberto, ressonando, ressonando.

Parou quando chegou à árvore. A árvore, aquela cuja copa já abrigara um Mark e um Donghyuck mais novos da chuva, mas principalmente do sol. Debaixo da qual dividiram sorvetes, frutas, chocolate e melancia que Haechan roubara de casa só para deixar o mais velho feliz. O tronco não tinha sido marcado, porque ambos ficavam tristes só de pensar em machucá-lo, mas era como se as iniciais estivessem ali, com coração e tudo.

A árvore era um marco no meio do terreno. A partir dela, a casa começava a ficar longe da vista. Haechan passou a língua pelos lábios inconscientemente. Soltou a mão de Minhyung. 

Era a hora de um convite. Ou de uma recusa, caso o alfa tivesse voltado ao bom senso e percebido que o que estavam prestes a fazer não era bem visto - pela sociedade e, principalmente, pelo pai de Mark. O senhor Lee sempre fazia uma carranca e mandava Donghyuck embora quando os garotos voltavam cheios de grama e terra nas roupas. Mas são só crianças era o suficiente para livrar Minhyung de uma briga.

Haechan não queria pensar em como o último verão de Mark tinha sido cheio de brigas com o pai. Não queria lembrar de como era difícil ver a expressão desolada do amigo que sentia impotência e desolamento por estar sendo arrastado para o outro lado do mundo.

Ao invés disso, olhou para Mark agora.

E Mark o olhava de volta.

Haechan mordeu os lábios, sentindo que nada era igual quando eram mais novos, e ao mesmo tempo tudo era exatamente a mesma coisa. Mesmos olhos ternos e mesmas mãos suadas quando o canadense voltou a tocá-lo, dessa vez só um raspar dos dedos em seu antebraço exposto pelo uniforme escolar. O contraste de suas roupas estava no mínimo cômico, mas já tinham feito pior (Mark voltando de eventos de família em terno e indo ver um Donghyuck com pijama de ursinhos provavelmente estava no topo da lista).

"Você quer ir primeiro?" - foi o alfa que tomou coragem de quebrar o silêncio. Mark sorria pequeno. - "Essa deve ser, é sua primeira vez, né?"

Donghyuck engoliu em seco e acenou positivamente com a cabeça. Suas bochechas estavam vermelhas, deixando-o com aspecto mais suave sob o sol da tarde.