Sexto

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Naruto pôs a chave na fechadura e abriu a porta, entrando no apartamento com um profundo sentimento de alívio e antecipação. Aquela viagem parecia ter durado uma eternidade e já estava farto dos quartos e comida de hotel. Ao entrar na sala, a atmosfera de conforto e serenidade que Sakura conseguira criar no apartamento, chamou sua atenção. A sensação era de estar em casa, algo que não sentia há muito tempo. Não sabia dizer o que ela havia feito, mas de alguma maneira tudo parecia confortável.

Embora estivessem casados há apenas duas semanas, esperara aquela viagem com uma necessidade inquietante de se distanciar dos laços suaves, não visíveis, que o prendiam ali.

Não que Sakura lhe exigisse alguma coisa. Pelo contrário, não exigia nada. Mas mesmo assim, se achava pensando nela durante horas estranhas do dia, querendo conversar com ela sobre assuntos de trabalho ou querendo fazer amor. Um desejo que poderia ter resultados embaraçosos em um ambiente de trabalho. Não precisava muito para fazê-lo lembrar de fazer amor com ela. Bastava ouvir alguém mencionar o nome de Sakura. Ou quando ia ao escritório de Sasuke. Qualquer pequeno detalhe o fazia lembrar o gosto dela, o seu toque, a sua reação a ele. Sakura era incrivelmente sensual. Ainda esta surpreso pelo contraste da imagem distante e reservada que ela sempre passara com a da mulher gemendo e se contorcendo em seus braços.

Desejara ficar um tempo afastado, mas a viagem acabara demorando mais do que o previsto. O que originalmente seria uma viagem de três dias acabara se transformando em uma viagem de oito dias e Sakura não parecia chateada quando ele ligou dizendo que ia demorar. Simplesmente dissera que estava tudo bem, que a avisasse sobre o dia da sua chegada e então abordou outros assuntos. Ficara um pouco frustrado pela falta de interesse da parte dela e, de repente, a viagem e os incontáveis detalhes com os quais precisava lidar se tornaram cansativos. Queria voltar para casa.

A necessidade de relaxar e de estar com Sakura se tornara tão imperiosa que acabara se exaurindo e levando todos ao ponto de exaustão, mas conseguira resolver tudo um dia antes do previsto. Agora contemplava o apartamento silencioso, a luz do sol se infiltrando pelas janelas. No ar, um lânguido e tentador cheiro de torta de maçã caseira. Naruto respirou fundo e sorriu. Torta de maçã era a sua favorita.

- Sakura? - Chamou ele, derrubando a pasta e o sobretudo, repentinamente ansioso para tê-la nos braços outra vez. O que ela pensaria quando ele a carregasse apressado para a cama? Mas afinal, ficara longe oito longos e frustrantes dias e não estava acostumado ao celibato. Porém, era como se descrevera para Sakura, um marido fiel. Preferia a vida doméstica e uma única mulher, a vários encontros casuais. Além do mais, não queria outra mulher. Desejava Sakura, com toda sua perfeição, o silêncio confortável e seus cabelos rosados emaranhados ao redor dos braços dele como fios de seda.

Mas ela não veio ao seu encontro e uma carranca tiniu suas sobrancelhas loiras. Impaciente, procurou pelo apartamento, já sabendo que ela não estava em casa. Aonde teria ido?

Fazer compras? Podia estar procurando emprego. Ela mencionara que recebera algumas propostas interessantes. Conferiu o relógio. Eram quase 4h, logo a qualquer minuto Sakura poderia estar de volta.

Trocou de roupa e se sentou para ler um livro. Então, assistiu o noticiário da tarde. Quando o sol se pôs, a temperatura caiu vertiginosamente, o que o obrigou a acender a lareira. Sentado, observou por um longo tempo a luz azul bruxuleante do fogo. Em outubro o crepúsculo era breve e longo e não havia mais resquícios da luz do dia.

Mantendo a irritação sob controle, preparou o próprio jantar e comeu sozinho. Em seguida, se serviu de um grande pedaço de torta de maçã. Enquanto limpava a cozinha, uma súbita onda de raiva o invadiu. Em parte, constituída, pelo medo não mencionável, que não nomearia, nem para si mesmo. Hinata havia saído e não voltara. Não se permitira considerar a possibilidade de ter acontecido algo com Sakura.

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