Oitavo

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A vida do casal entrou em uma rotina, definida pelos detalhes cotidianos que davam a tudo um senso de continuidade. Não importava o que acontecesse, sempre haveria roupas para lavar, refeições para cozinhar e a casa para limpar. Quando estava presente, Naruto dividia igualmente o trabalho doméstico com ela, mas geralmente se encontrava fora e quanto estava sozinha, Sakura mergulhava no trabalho para tentar preencher o vazio que a ausência do marido causava. Naruto não ligava todas as noites quando estava em alguma viagem de negócios. Sempre lhe passava os números de telefone, onde poderia ser encontrado caso seu celular não estivesse com ele. Sakura compreendia, embora desejasse ao menos ouvir sua voz. O que poderiam dizer um para o outro todas as noites? Não teria coragem de lhe dizer o quanto sentia sua falta, como o tempo parecia se arrastar quando ele não estava presente ou o quanto o amava porque Naruto não estava interessado. Era mais seguro não falar com ele a não ser que fosse necessário. Simplesmente esperaria sua chegada e a urgência sexual de Naruto lhe daria uma chance para lhe dar o amor que aumentava cada vez mais dentro dela. Sabia o que esperar de Naruto quando ele voltava de viagem. Costumava transpor a porta pronto para possuí-la como um homem faminto devoraria um banquete.

Quando se permitia pensar sobre aquilo, tinha de admitir para si mesma, que apesar de Naruto gostar dela e até certo ponto, se importar com ela, ainda não substituíra Hinata em seu coração. A vida amorosa deles era fantástica: Naruto era um amante viril e experiente e nunca poderia dizer que o sexo com ela era uma rotina. Sempre a possuía onde quer que estivessem, não se dando ao trabalho de levá-la para o quarto. E aquilo, mais do que qualquer coisa, dizia-lhe que ele ainda sofria por Hinata. Preferia que fizessem amor fora da cama. Quando as exigências do trabalho o forçavam a chegar tarde em casa, depois que ela estivesse deitada, Naruto vinha até o quarto dela, mas quando o ato acabava, saía. Porém, Sakura o percebia pouco à vontade e começara a fingir estar adormecida para não o obrigar a dormir em sua cama. Quando a porta se fechava, abria os olhos e permanecia acordada, sentindo-se desolada por não ser amada. Algumas vezes, não conseguia conter o pranto, mas na maior parte do tempo, suprimia as lágrimas. Elas não resolveriam nada e tinha pavor de que Naruto a ouvisse chorar.

Ainda assim, havia muitos momentos alegres na vida dos dois. O outono frio deu lugar ao inverno e seguiram-se noites aconchegantes em frente à lareira, vendo televisão. Outras vezes, Sakura lia, enquanto ele trabalhava. Demoravam-se tomando o café da manhã e mas manhã frias de domingo, assistiam aos Vikings de San Francisco jogarem futebol.

Se Naruto estivesse em casa, ia com ela para a loja todos os sábados. Ele e Akira haviam se tornado bons amigos.

Pouco antes do natal, Sakura puxou o assunto sobre o futuro de Akira. O rapaz era brilhante. Seria uma pena que seu potencial fosse podado pela falta de dinheiro. Conheciam-se o suficiente para Naruto captar sua insinuação de imediato.

- Gostaria que eu lhe pagasse uma faculdade?

- Seria ótimo - admitiu Sakura, voltando-lhe um sorriso luminoso. - Mas não sei se Akira aceitaria isso. É muito orgulhoso - disse, pensativa.- Porém, se pudesse lhe conseguir uma bolsa de estudos integral através de alguma fundação, isso não lhe limitaria a escolha de que faculdade seguir. Acho que Akira mergulharia de cabeça.

- Não se conforma com pouco, não acha? - indagou Naruto, fazendo uma careta. - Verei o que posso fazer. Acho que envolverei Sasuke nisso. Ele tem alguns contatos na família que poderiam ajudar.

Sasuke havia se transformado em um visitante habitual e, embora nunca deixasse de provocar Naruto, ameaçando-o de lhe tirar Sakura, o casamento mudara completamente a forma como Naruto reagia. Afinal, vencera e sabia disso. O coração de Sasuke não se despedaçara. Tampouco tentaria minar o casamento do amigo. Admirava Sakura e não via mal algum em deixar que o marido soubesse.

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