Capítulo VI

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— Não. — Louis se sentou na poltrona mais próxima, com o coração batendo forte. — É impossível — murmurou com voz rouca. — Sou a prova viva de que isso é impossível. Por que pensa tal coisa?

— Há oito anos tive um acidente.

Aquele que matara sua irmã e Kendall, pensou Louis, dizendo:

— Já sabia disso.

— Sabe apenas o que decidi revelar. — Harry caminhou pelo quarto e fitou o oceano. — Todos sabiam que Eroda perdera a herdeira do trono e que minha noiva falecera. Porém, ninguém sabia que o acidente esmagou minha pélvis de modo que minhas chances de procriar se tornaram nulas.

A mente de Louis parecia um turbilhão, enquanto Harry enfiava as mãos nos bolsos e prosseguia:

— Tínhamos uma crise para resolver. Minha irmã morrera, de repente eu era o príncipe regente na UTI de um hospital. Quando me recuperei, todos comemoraram; era a hora errada de revelar ao povo que seu príncipe não poderia lhe dar o tão almejado herdeiro.

Louis passou as mãos pelos cabelos, tentando apreender ainda o que ele dizia.

— Quem lhe contou que ficara estéril?

— O médico que me tratou.

— Bem, ele estava errado. — Louis se ergueu e foi até o marido. — Olhe para mim, Harry. Ouça-me. Seja lá o que lhe disseram e o que pense, não é infértil. Vou ter seu filho.

O príncipe se afastou dele.

— Não faça isso, Louis. Aceitei sua criança como minha e é isso que importa. Você vai me dar um herdeiro, e o público pensa que é maravilhoso. — Fitou o uísque sem beber. — Chegará o momento em que terei que contar a verdade aos meus súditos. E deixar que eles decidam sobre a sucessão.

Louis balançou a cabeça, horrorizado com o que isso significaria.

— Não deve fazer isso.

— Porque sua popularidade desmoronaria? — Harry sorriu com cinismo. — Acha que os habitantes de Eroda poderão julgar que seu novo príncipe tem mais experiência sexual do que gostariam?

— Harry, toda a experiência sexual que tenho foi você quem me deu.

Frustrado por não conseguir convencê-lo, dirigiu-se à janela. Amanhecia e o sol enviava raios cor-de-rosa sobre o mar. Mas tudo que via era o futuro de seu filho ser destruído.

— Deveria consultar um outro médico e fazer mais exames. Estão enganados, Harry.

— Esse assunto está encerrado.

— Muito bem. Então não faça os exames. — De sua tristeza, nasciam raiva e desespero. — Porém não ouse anunciar ao mundo que este não é seu filho! — Segurou o ventre com força. — Não quero que nossa criança carregue essa cicatriz. Porque no momento em que você disser isso, não poderá voltar atrás.

— As pessoas têm o direito de saber sobre a paternidade do bebê — insistiu ele.

Louis ergueu os ombros.

— Quando nascer provarei que é seu. Até esse instante chegar, você não deverá dizer nada.

— Se está tão confiante, por que esperar? Podemos fazer testes agora. Ou quer ganhar mais tempo?

Louis apertou as faces em fogo; mal conseguia respirar.

— Testes agora poriam em risco a saúde da criança. Mas por enquanto não diga a ninguém que não é sua. Prometa-me, Harry.

A Primeira Noite || l.s mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora