Capítulo VIII

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Quando a porta se fechou entre os dois, Louis se refugiou nos travesseiros, muito abalado.

Como uma noite tão perfeita acabara tão mal? Por que sua sincera declaração de amor tivera um efeito tão dramático sobre Harry?

Louis relembrou sua conversa sobre contos de fadas, amor e finais felizes.

Sim, Harry perdera sua noiva, mas mesmo uma profunda tristeza não podia conduzir a tal grau de cinismo, podia?

E o que ele quisera dizer ao revelar que não conseguia amar? Estaria insinuando que uma pessoa podia amar apenas uma vez na vida?

Ou estaria dizendo que não podia amar a ele, Louis?

Frustrado e muito confuso, Louis deixou a cama, colocou um roupão de seda, e caminhou pelo quarto. Parou um momento com a mão na maçaneta da porta, desejando seguir o marido, mas temeroso de mais rejeição por parte dele.

Deixou cair a mão ao longo do corpo e olhou para a porta, confuso.

Desejava muito que Harry se abrisse, mas também tinha medo de ouvir o que ele teria a dizer.

Não queria ouvi-lo dizer que o medo de amar e perder mais alguém o impedira de amar de novo. Porque isso significaria que não havia esperanças para os dois.

Entretanto, evitar o assunto não mudaria as coisas.

Esperando estar tomando a atitude certa, Louis abriu a porta devagar, percebendo que não fazia ideia de para onde Harry fora.

E se tivesse deixado o palazzo?

Viu um facho de luz por baixo da porta da biblioteca que conhecera ao chegar.

Respirando fundo, bateu de leve e abriu.

Harry estava de pé, de costas para ele, olhando pela janela.

Louis fechou a porta com cuidado.

- Por favor, não fuja de mim - disse com doçura. - Se precisamos ter uma conversa difícil, vamos tê-la. Mas não me evite. Não teremos a menor chance caso se recuse a conversar comigo.

Soube, pela súbita tensão de seus ombros, que ele o ouvira, mas demorou um longo tempo até responder:

- Não posso lhe dar o que deseja, Louis. O amor não faz parte de nosso acordo.

- Pare de falar em nosso casamento como sendo um acordo! - Louis fitou as costas do marido, sentindo-se derrotado. - Poderia, por favor, pelo menos me encarar?

Ele se virou e Louis ficou paralisado com o choque, pois seu belo rosto parecia estar esculpido em mármore. Os olhos não tinham expressão, mas ainda assim a profundidade de sua dor era evidente na imobilidade do corpo.

- Fale comigo, Haz. - Esquecendo sua própria infelicidade, ele caminhou até o príncipe. - Por que não pode me amar? É porque perdeu Kendall? É isso? Tudo se resume na sua infelicidade?

E então ele viu algo no rosto do marido: dureza. E tudo se encaixou. Seus comentários. Suas crenças. Seu cinismo. Louis murmurou:

- Ah, Deus! Ela fez algo terrível para você, não é?

- Louis...

Ignorando o tom de alerta, Louis segurou a mão forte de Harry.

- Sempre presumi que era loucamente apaixonado por ela. - Fitou o perfil rígido. - Mas ela o decepcionou, não foi? Por isso é tão cético a respeito de meus motivos. Por isso diz que não pode me amar. Não quer se permitir amar. Porque amou uma vez e se decepcionou muito. Kendall fez alguma coisa, sei que fez. Conte-me.

A Primeira Noite || l.s mpregOnde histórias criam vida. Descubra agora