Capítulo 19 Inseguranças, Segredos

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- Então foi para isso que veio aqui para agarrar minha esposa?
- Não misture às coisas eu não vou negar que a Genu me atrai muito, mas se eu vim até aqui a uma hora dessa é para fazer uma gentileza só isso.
- Pois se já fez essa gentileza vou pedir encarecidamente que não chegue mais perto da minha mulher.
- Quem decide isso é ela e não você.
- Vicente já estou cansado das suas provocações. Vou dizer pela última vez deixa ela em paz.
- Ah é! E vai fazer o quê? Me bater? A Genu merece um homem melhor que você.
Virgulino não aguentou mais escutar as provocações do ex namorado da esposa partindo para cima do rival lhe desferindo um soco Genu se meteu na frente e diz:
- Virgulino por favor pare!
- Vicente por favor vai embora! - Vicente respondeu:
- Eu vou, mas não porque tenho medo de você e sim por ter uma dama presente que não merece ver uma cena como essa.
-  Se não está com medo então vamos resolver nossas diferenças de homem para homem.
Um funcionário do hotel chegou perto deles tentando resolver aquele incidente:
- Algum problema? Os senhores precisam de alguma coisa?
Genuína respondeu ao funcionário muito calma para evitar que ele fosse levar aquele incidente à gerência:
- Não foi nada, eles tiveram um pequeno desentendimento mas já está tudo esclarecido. Pode voltar aos seus afazeres rapaz.
- Tudo bem senhora.
O funcionário se afastou do trio a esposa de Virgulino falou ao marido:
- Mas o que está acontecendo com você Virgulino? Você nunca foi um homem violento.
- Cansei desse imbecil insistir em dizer que vai se aproximar de você, mesmo sabendo que é minha esposa.
- Eu sei que o Vicente errou em me beijar, mas isso não é motivo para bancar o adolescente e partir logo para cima dele com um soco.
- Me perdoe! Eu bati nele porque tenho ciúme de você, eu te amo Genu não pude aguentar esse babaca te beijando. Além do mais estou me sentindo inseguro como nunca estive antes, acho que deve ser por conta dos tempos que ficamos distantes um do outro e estou tentando recuperar o tempo perdido não saindo de perto de você.
Vicente saiu dali com dor no seu maxilar que havia sido atingido pelo soco de Virgulino que não saia da sua cabeça: "isso não vai ficar assim". Conforme vendo que o rival ia se afastando deles Virgulino se virou para a mulher disse:
- Acho que devemos terminar a nossa conversa lá em cima não acha?
- Tem razão meu bem!
O casal subiu para o quarto deles, o homem entrou primeiro no mesmo que não perdeu tempo assim que Genu entrou também foi logo em direção à ela fechando a porta com um sorriso malicioso a encarou:
- Eu ouvi direito ali no hall que você sente ciúme de mim Virgulino?
- Claro que tenho! Eu digo e repito estou me sentindo inseguro com que está acontecendo aqui, a chegada do seu ex namorado, o quanto nós ficamos distantes um do outro por conta do meu trabalho e principalmente pela política que é uma questão que sempre me preocupou. E você, a minha esposa, a mãe dos filhos foi deixada de lado, para preencher esse vazio que você tinha em relação a mim você também se dedicou mais às vidas das outras pessoas se preocupando com as vidas alheias. Aí me dei conta o quanto eu senti a solidão.
- Mas nós reconhecemos que erramos e estamos corrigindo isso, você não precisa se desculpar mais. Vamos esquecer isso? Viemos para cá para recuperar o nosso tempo perdido.
- Você tem razão Genu. Eu não quero perdê-la por favor não me abandone! Eu te amo!
- Eu nunca vou te abandonar Virgulino eu não amo o Vicente quem é o homem da minha vida é você.
- Tô aqui me lembrando da nossa primeira vez naquele quarto que eu tive que reservar lá em Poços de Caldas de última hora, não era tão sofisticado como esse você ainda estava insegura desde a nossa noite de núpcias que não aconteceu e o medo de você ficar sozinha ali comigo era evidente.
- Humm como eu poderia me esquecer, mas foi lá que você me fez a mulher mais feliz do mundo.
Genuína segurou o rosto de Virgulino com as duas mãos, encarando-o no fundo dos seus lindos olhos azuis, aproximando seus pequenos lábios cujo o arco do cupido é arredondado encostando nos dele e os dois selam com um beijo intenso aquela conversa.
Quando Virgulino estava prestes a avançar o sinal Genu cortou-o fez um pedido:
- Eu te peço que confie em mim aquele beijo que você viu entre eu e o Vicente não significou nada para mim fui pega de surpresa tanto como você. Eu não correspondi, seria incapaz de te trair nunca duvide do meu amor.
- Você sabia muito bem que eu não queria ir nesse jantar, desde o início eu percebi que ele não tirava os olhos de cima de você Genu. Como eu poderia imaginar que...
Nem dando tempo para que Virgulino continuasse a falar daquele desastroso jantar Genu puxou-o para o sofá, sentou no seu colo ela foi se aproximando seu rosto para perto dele um clima entre eles ressurgiu. Ela disse ao pé do seu ouvido:
- Me beije! Não é o Vicente que me deixa como eu estou agora: o meu corpo está em chamas e só você pode apagar esse fogo Virgulino.
Os movimentos de Virgulino se aceleraram, sua respiração ficou ofegante não perdendo tempo beijando novamente sua esposa. A emoção tomou conta no ambiente.
Em São Paulo, as irmãs Clotilde e Lola estavam terminando de arrumar as malas para viajar no dia seguinte a Itapetininga.
Clotilde já tinha avisado a mãe e a Durvalina da viagem que se prontificou a avisar Afonso da viagem das irmãs enquanto dona Maria ficou radiante com a notícia de que receberia a visita das suas filhas ficando alguns dias na companhia de toda a família. Quem não parecia feliz com a viagem era Eleonora, ela e Clotilde conversavam:
- Aí Clotilde será que estamos certas em fazer essa viagem? E se o Afonso vir me procurar?
- Calma Lola eu já pedi para a Durva que assim que ele telefonar avisar que nós fomos passar alguns dias com a mamãe e Olga. Aí meu Deus não é que eu esqueci de avisar o Argemiro que vou a Itapetininga com você. Vou até o armazém telefonar para ele.
- Pode ir minha irmã eu termino de arrumar as coisas aqui.
- Eu volto logo!
Clotilde foi até o armazém que ainda estava aberto para ligar para Almeida Lola não conseguia parar de pensar em Afonso e se Shirley estava com ele.
Na manhã seguinte numa casinha bem simples bem distante do centro de Campinas Shirley estava tomando café da manhã com a amiga que a estava hospedando:
- Obrigada por tudo amiga por ter me deixado ficar aqui essa noite agora preciso ir atrás do Afonso e tentar se entender com ele se é que me entende?
- Ahh sim claro! Você sabe que pode contar comigo sempre, acho que deve ser mais uma despedida fique bem! Mas se quiser posso te deixar no centro fica mais fácil de você ir atrás do Afonso.
- Eu aceito Flávia, também quero que você vá me visitar em São Paulo.
- Pode deixar.
As duas amigas terminaram o café da manhã, entraram no carro e seguiram rumo ao centro de Campinas.
No centro de Campinas Afonso estava na companhia do seu primo Alberto na sua loja de móveis trocando uns dedos de prosa:
- Tu achas mesmo que alguém seria capaz de me tirar de São Paulo para eu ficar longe da minha namorada? Com essa confusão toda eu me lembrei que nem liguei lá no armazém para dar notícias e falar com ela. Como sou burro primo!
- Não perca tempo liga agora primo.
- Boa ideia!
Afonso pegou o telefone, ligou para o armazém chamava e nada, não havia ninguém por lá. Então ele se virou para Alberto disse:
- Não tem ninguém ainda no armazém que estranho. A uma hora dessa a Durvalina já estaria lá. Será que aconteceu alguma coisa?
- Não deve ter acontecido nada primo é muito cedo tente mais tarde.
- É isso mesmo que eu vou fazer. A Lola deve estar preocupada achando que aconteceu alguma coisa comigo.
Algum tempo depois. Clotilde e Lola desembarcaram na estação encontrando Zeca e Olga que já as esperavam ansiosamente as irmãs correram para abraçar Olga:
- Olga que saudades minha irmã! - Diziam Clotilde e Lola juntas.
- Agora as três filhas de dona Maria estão juntas novamente, vamos indo que tanto dona Maria e as crianças não viam a hora das tias chegarem de viagem. - Disse Zeca.
Clotilde, Lola, Olga e Zeca seguiram para a casa de dona Maria já Afonso que estava ainda em Campinas tentava ligar para o armazém e dessa vez Durvalina atendeu a ligação:
Ligação ON
- Durvalina graças a Deus! Sou eu, seu Afonso!
- Seu Afonso que bom que o senhor ligou estávamos tão preocupados com o senhor por conta de sua viagem tão repentina.
- Pois é Durvalina, daria para chamar a Lola, nem deu tempo de avisa-la que tive vir acudir alguns familiares no interior eu retorno daqui 5 minutos a ligação.
- Espere... Seu Afonso dona Lola não está ela e Clotilde foram visitar a mãe em Itapetininga.
- Aconteceu alguma coisa com dona Maria?
- Não seu Afonso, como dona Lola ficou muito preocupada com sua viagem Clotilde sugeriu que elas passassem alguns dias na casa da mãe delas, mas me pediram que assim que o senhor ligasse avisar onde estavam.
- Está bem Durvalina acho que eu tenho o telefone de dona Maria por aqui, caso eu não consiga falar com ela fale isso tudo que eu te disse e que a amo muito e estou com saudades.
- Está bem seu Afonso eu darei seu recado.
Durvalina desligou o telefone voltando aos seus afazeres domésticos no armazém Inês que estava passando ali para saber notícias do pai perguntou a empregada:
- Bom dia Durvalina! Tudo bem por aqui?
- Bom dia Inês! Aqui está tudo tranquilo seu pai não está, ele foi viajar!
- Era justamente o que me trouxe aqui por acaso ele telefonou para cá?
- Sim acabou de telefonar dizendo que estava ajudando uns parentes do interior, estava tudo bem pediu para falar com dona Lola mas ela e Clotilde foram para casa de dona Maria.
- Que bom! Só passei aqui para saber notícias dele e minha mãe também ligou?
- Não ela nem deu sinal de vida.
- Agora posso ir trabalhar mais tranquila, tchau!
Inês tomou o bonde, foi direto para o hospital ir trabalhar.
Santos
A noite anterior de Genu e Virgulino começou conturbada, mas tudo acabou bem entre eles. A mulher ainda dormia como um anjo que nem percebeu a ausência do marido que já estava de pé e tinha saído.
O marido de Genuína havia saído para espairecer um pouco pelo calçadão da praia. Era uma praia com poucas ondas, sua areia fina e branquinha, pessoas corriam, outras nadavam, algumas tomavam banho de sol e tinha alguns quiosques na orla.
Virgulino aproveitava a brisa do mar tocando seu rosto, o canto das gaivotas tudo estava tranquilo até que uma mão tocou o seu ombro:
- Era com você mesmo que eu queria falar. Agora vamos ter uma conversa de homem para homem.
Ao se virar pra trás deu de cara com Vicente.
- Nós não temos nada para conversar. Se veio até aqui para dizer que vai conseguir ter a minha mulher meu caro você já a perdeu ela está casada comigo e é comigo que vai ficar para sempre.
- É mesmo? Será? Por acaso ela te contou que eu fui o primeiro homem na vida dela e nós tivemos um filho.
- É mentira! Você está com despeito porque  ela te trocou, se casou comigo e não poderá ser sua. A minha Genu é uma mulher fiel e seria incapaz de fazer uma coisa dessa.
- Como você é idiota Virgulino, eu tenho certeza que na noite de núpcias ela o desprezou porque disse que ainda não estava pronta para se entregar a você. Mesmo não te conhecendo bem, você deve ter bancado o marido mais compreensivo e a acalmou dizendo que esperaria o tempo dela.
Aquelas palavras começaram a martelar na cabeça de Virgulino, ele ficou pensativo naquilo que acabara de ouvir da boca do rival que estava se divertindo vendo a angústia do homem:
- Pela sua cara deve ter acontecido exatamente isso não é mesmo? Nunca vou esquecer àquelas mãos tocando meu corpo, eu a entrelaçando sua cintura para ficar bem junto de mim.
O sangue de Virgulino ferveu nas veias ele se aproximou de Vicente apontando o dedo na sua cara:
- Cala boca! Quem você pensa que é para falar essa maledicência? Como você pode dizer que é apaixonado pela Genu, se realmente a amasse como está dizendo não estaria aqui tentando me por na cabeça que ela não era mais pura quando nos casamos.
- Antes fosse maledicência tanto eu e você sabemos que aquela mulher nos enlouquece com aquele seu jeitinho inocente, mas quando está entre quatro paredes se revela que tem um fogo e que fogo ui!
As lembranças de Virgulino vieram ao dia da noite de núpcias:
20 anos atrás...
São Joaquim da Barra
Eram dez horas da noite, todos já haviam se recolhido para dormir inclusive os recém-casados Genuína e Virgulino eles estavam na casa da família dele:
Genuína olhava cada canto daquele lugar ela estava sentada na cama naquele quarto silencioso com apenas os abajures acesos e Virgulino entrou ali com um sorriso nos lábios. Com um sorriso tímido ela retribuiu o gesto ficando de pé em frente à cama naquele momento Virgulino a enlaçava no seu corpo os olhos dela não conseguiam olhar fixamente para seu marido que sentia o desconforto daquela situação. Para tentar diminuir o nervosismo que era evidente em Genu Virgulino disse a esposa:
- Eu vou me arrumar ali para te deixar mais a vontade querida.
- Está bem.
Virgulino se afastou dali indo para o banheiro levando sua roupa de dormir Genu estava nervosa, olhava sua aliança de casamento respirou fundo começou a tirar o seu vestido de noiva colocando no lugar a camisola de cor marfim com um decote em formato de coração sob ela pós por cima uma capa de cor branca cobrindo seu corpo. A mulher estava tão assustada mal conseguindo disfarçar o barulho da porta se abrindo Virgulino retornou ao quarto ao vê-la sob aqueles trajes ficou completamente fascinado.
Foi chegando perto dela, ele a olhou assim como ela o olhava era claro que o homem se sentia o mais feliz do mundo por ter aquela mulher ao seu lado e ela apesar de estar apaixonada por aquele homem que escolheu ser seu marido sentia que não era uma mulher completa. As mãos de Virgulino tocavam os ombros dela retirando lentamente aquela capa de seda que cobria o corpo da sua amada, as curvas daquele corpo são reveladas que estavam amoldadas naquela capa.
Ali na sua frente o que estava diante dele era um anjo sem asas apesar da pouca luminosidade a lua banhava o corpo daquele ser angelical ofuscando os olhos azuis do homem que se via perdido completamente e assim seria para sempre. O homem começou a beija-la, mas assim que tocou os seus lábios nos da esposa sentiu o leve hesitar dela que não correspondia ficou preocupado que podia ser a insegurança da primeira vez deles até ver as lágrimas escorrerem daquele rosto meigo.
Virgulino segurou o rosto de Genuína limpando aquelas lágrimas com suas mãos demonstrando a sua preocupação com ela:
- O que foi querida? Fiz algo que a desagradou?
- Você não fez nada, eu te peço desculpas estou muito confusa se realmente estou pronta para me entregar a você. Me perdoe eu não vou conseguir perdão. - Dizia Genu aos prantos.
- Não precisa ficar assim Genu. Eu não quero que sinta-se pressionada, vou respeitar seu tempo só não se esqueça que eu a amo muito e quero te fazer feliz.
Genuína não esperava aquela atitude do marido que mostrou-se compreensivo e respeitador, ela agradeceu-o com um selinho e deitou-se na cama. Mesmo decepcionado com aquilo que acabara de acontecer ali, Virgulino sorriu para a amiga de Lola deitou-se ao seu lado e ambos foram dormir.
20 anos depois...
De volta ao calçadão da praia a voz de Vicente fez Virgulino voltar a realidade que estava ali:
- Oh! Tem alguém aí? O gato comeu sua língua?
- Ahn? O que foi que você disse?
- Quer me enganar que não ouviu nada do que eu disse, você está atormentado porque tudo isso é verdade e não quer dar o braço a torcer.
- Escuta aqui eu não acreditei em nada ela me ama e eu confio nela e também sei que ela seria incapaz de fazer uma coisa dessa comigo.
- Eu não teria tanta certeza assim. Agora preciso ir tenho que trabalhar passar bem! Aproveitem bem a viagem.
Com um sorriso estampado no rosto Vicente saiu dali do calçadão certo que o seu plano havia dado certo que não via a hora de conseguir ter sua ex namorada de volta.
Virgulino estava sem saber o que fazer depois de ter ouvido aquela história entre Genu e Vicente até que ele decidiu ir atrás da pessoa que poderia lhe confirmar aquela história. Ele voltou direto para o hotel, quando entrou no quarto Genu estava de pé assim que o viu disse:
- Meu amor eu já estava preocupada com você eu acordei não vi você ao meu lado pensei que tinha ido ler o seu jornal na recepção depois de ter tomado o café. Mas quando eu fui descer para tomar o café perguntei de você aí me falaram que o viram saindo do hotel.
Genu tentou se aproximar de Virgulino, ele se afastou dela que estranhou sua atitude e perguntou toda preocupada:
- O que foi homem por que você não quer ficar perto de mim?
- Genu eu sai para dar uma volta pelo calçadão, acabei me encontrando com o Vicente e sabe o que ele me disse?
- O que foi que ele disse? - Falava Genu.
- Ele disse que você e ele não tiveram apenas um namoro de adolescente, afirmou com todas as letras que foi o primeiro homem na sua vida e tiveram um filho. Agora quero saber da sua boca isso é verdade?
Genu ficou espantada ao ouvir da boca do marido o suposto envolvimento entre ela e Vicente no passado, ela não sabia o que dizer começou a gaguejar:
- Virgulino eu...
- Eu só quero que você me responda É VERDADE GENU?

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