Era uma manhã ensolarada na Avenida Angélica trazendo consigo mais um dia de trabalho na vida de Lola, ela estava de pé desde às sete horas da manhã, já tinha posto o café da manhã para seus filhos e eles seguiram rumo aos seus trabalhos: Julinho virou vendedor da loja do seu Assad, antigo patrão do seu pai; Carlos estava dando seus plantões como médico, Alfredo trabalhava como mecânico na oficina de Osório e Isabel dava suas aulas como professora. Eleonora estava na cozinha, preparando mais uma encomenda de doces, mexia o tacho que continha o doce de abóbora que era o mais requisitado por sua clientela. Essa encomenda que ela estava fazendo iria para o armazém de Afonso, estava calma preparando o doce quando alguém bate na sua porta ela pára de mexer o doce, desligando o fogo e vai atender a porta.
Ao abrir a porta se depara com a presença de Afonso:
- Seu Afonso! Bom dia, o que faz aqui tão cedo? Algum problema com a encomenda?
- Dona Lola me desculpe por chegar assim sem avisar, mas eu precisava muito vê-la.
- O senhor me parece um pouco nervoso por favor entre!
Afonso adentrou na casa de Eleonora, as mãos dele estavam enrijecidas segurando a sua boina, as pernas estavam bambas e os pés fincados no chão e o seu rosto pálido a mulher vendo o estado dele pergunta:
- O senhor está passando mal? Precisa de alguma coisa?
A mão de Lola sem querer tocou o rosto do português, os olhos dela e de Afonso se olham fixamente, ele pegou a mão dela afagando os seus dedos.Quando Afonso estava se aproximando para beijar Lola Isabel chegou chamando pela mãe:
- Mãe a senhora está aí?
- Tô sim minha filha aqui na cozinha!
- Oi mãe é que eu preciso falar com a senhora. Olá seu Afonso vocês estavam conversando atrapalhei alguma coisa?
- Não imagina não atrapalhou nada eu só vim fazer uma visita a dona Lola.
- Bem eu já estou de saída até mais ver dona Lola e Isabel.
Afonso se retirou da casa de Lola pensativo que nem percebeu a presença de Virgulino a sua frente que logo percebeu a aflição do amigo:
- Afonso! Está tudo bem? - Pergunta Virgulino.
- Oh seu Virgulino eu não vi o senhor me perdoe. É que...
- Vamos até o armazém Afonso o amigo está precisando desabafar não é mesmo?
Afonso e Virgulino seguiram em direção ao armazém, os dois adentraram no local Afonso logo pegou dois copos e colocou um pouco da cachaça que estava ali sob o balcão. Meio sem jeito começou a contar a Virgulino o que tinha sucedido:
- Eu por pouco não cometi uma loucura seu Virgulino, ainda bem que Isabel chegou a tempo.
- Afonso o que você ia fazer? Ahhh o amigo tomou coragem e foi falar com dona Lola, não é motivo para ficar assim. Você precisa falar dos seus sentimentos para ela Afonso e resolver a situação de vocês.
- Não sei se faço isso meu amigo e se ela não gostar do que eu falar dona Lola é uma mulher de respeito.
- Meu amigo vocês dois tem sentimentos um pelo outro só não admitem quer dizer você já admitiu que gosta de dona Lola só falta admitir pra ela.
- Eu iria conversar com dona Lola agora mais Isabel chegou e eu não tive coragem!Enquanto Virgulino aconselhava Afonso, Isabel conversava com a mãe:
- Mãe eu estou apaixonada pelo Felicio, ele vem aqui conversar com a senhora porque quer pedir permissão para me fazer a corte.
Isabel falava com a mãe, ela não tinha percebido que os pensamentos de Eleonora estava longe pensando no que havia acontecido naquela cozinha alguns minutos atrás.
O que teria acontecido se Isabel não tivesse entrado na cozinha? Nunca vi seu Afonso daquele jeito, nos conhecemos há anos e pela primeira vez ele ficou tão nervoso na minha presença, por que veio aqui tão cedo? Pensava Eleonora. Isabel notou o olhar diferente da mãe e a chama:
- Mãe? Mãe a senhora está bem? A voz insistente de Isabel faz sua mãe voltar a realidade e disse:
- Isabel! O que foi que disse minha filha?
- Mãe a senhora está me escutando?
- Claro que sim minha filha.
- E que a senhora parecia tá tão longe não parecia nem tá me escutando.
- Claro que eu estava lhe escutando Isabel você falava do Felício. Mais agora eu quero saber você realmente ama ele?
- Amo mãe eu queria tanto que a senhora permitisse que ele me fizesse a corte!- Calma Isabel vamos com calma, peça que ele venha falar comigo mais agora eu preciso resolver umas coisas se você me der licença filha.
- A senhora vai aonde mãe?
- Até o armazém do seu Afonso.
Lola saiu de casa e foi direto para o armazém de Afonso ao chegar lá disse:
- Seu Afonso poderia falar com o senhor?
- Claro dona Lola o que houve?
- E que o senhor saiu lá de casa sem me dizer o que queria!Eleonora não percebeu que Virgulino estava sentado numa mesa que aproveitou a entrada da vizinha no armazém saiu de fininho sem ser visto deixando Afonso sozinho com ela. O português não conseguia dizer com clareza e começa a gaguejar de nervoso:
- E u q ueria t e di zer uma coisa.
- Seu Afonso o senhor está gaguejando, o que está havendo? nunca o vi assim, se acalme.
Eleonora caminhou lentamente em direção ao quitandeiro, conforme foi chegando mais perto dele suas mãos suavam frio, as pernas começam a bambear novamente com sua presença tão próxima.
Afonso vai se aproximando de Lola já estavam tão perto que um já podia sentir a respiração do outro até que Afonso toma coragem e a beija num beijo calmo e romântico.Alguns minutos quando eles param o beijo por falta de ar Lola diz:
- Me desculpe seu Afonso isso não devia ter acontecido.
- A senhora não tem porque me pedir desculpas fui eu que a beijei dona Lola. Se alguém tiver que pedir desculpa esse alguém sou eu.
- É melhor eu ir. Com licença.
Lola sai do armazém de Afonso se sentindo estranha porque mesmo se sentindo envergonhada pelo beijo tinha se desepcionado um pouco quando Afonso lhe pediu desculpas. Porque ela não queria admitir mais aquele beijo tinha mexido com ela.Eleonora já havia se retirado do estabelecimento e Afonso se culpava pelo beijo que tinha dado na amada. Não conseguiria deixar de sentir aquela boca que tocaram seus lábios, mesmo a culpa tomando conta do português seu coração batia forte por Lola.
Não era diferente para a viúva de Júlio ela estava retornando para casa com uma cara triste quando Genu viu a amiga se aproximou dela que ficou preocupada com o seu estado e disse:
- Lola? Você está com uma cara péssima minha amiga, fazia tempo que não a via desse jeito a última vez foi no dia da morte do Júlio aconteceu alguma coisa?
Quando Lola ia começar a falar aparece Clotilde e diz:
- Lola minha irmã estava te procurando!
- Vamos entrar Clotilde. Genu mais tarde nos falamos.
Assim que entraram em casa Clotilde disse:
- Agora me conte minha irmã o que aconteceu pra você está com essa cara.
- O seu Afonso ele me beijou e depois me pediu desculpas.
- E você ficou magoada porque gostou do beijo não foi isso?
- Também Clotilde mais eu estou confusa sou viúva tenho que ter respeito não posso ficar por aí beijando o seu Afonso.
- Minha irmã você disse bem você é viúva você tem que ter a sua felicidade de volta.
- Mais eu sou feliz com os meus filhos!
- Você sabe muito bem que não é dessa felicidade que eu estou falando Lola. Eu estou falando do amor entre um homem e uma mulher que pelo visto você está sentindo este amor.
- Clotilde eu sei que você quer a minha felicidade minha irmã, primeiro preciso saber realmente o que eu estou sentindo vai que é apenas uma carência por ver meus filhos cuidando das suas vidas e daqui a pouco formarão suas famílias.
- Lola por favor! eu sei o que passou no seu casamento com meu cunhado não acha que pela primeira vez você deveria ouvir seu coração e não ir de acordo com as convenções da sociedade?
- Bem vamos voltar às encomendas de doce que elas não podem ser entregues com atraso.A doceira percebendo onde Clotilde queria chegar com aquela conversa logo tratou de mudar de assunto rapidamente e a leva até a cozinha continuando de onde parou seu trabalho.
Lola não queria admitir mais Clotilde estava certa ela tinha que continuar sua vida mais não sabia o que fazer porque sempre só tinha agido para pensar o melhor para os filhos nunca tinha ouvido o seu coração.
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O Sincronismo do Nosso Olhar
FanficEleonora Amaral, conhecida por sua família e seus amigos por seu lindo apelido Lola. Afonso Oliveira dono de um armazém na avenida Angélica, gentil e carinhoso com todos os seus amigos principalmente com Lola. Desde a morte de Júlio e a partida de S...