The Walkers • AU SHIRBERT

ensinar eles à atirar

Gilbert

As pessoas daqui dizem que não importa mais fazer ou não fazer apresentações quando pessoas novas chegam, já que a única coisa que temos que fazer é sobreviver e nada mais. Mas eu discordo disso, importa sim. 

Tudo bem que eu esteja com essa idéia de voltar com as apresentações porque queria conhecer Anne - a ruiva desarmada - , ela parecia ser uma pessoa interessante, tinha uma boa dedução - ela acertou que meu pai era policial, já é um ponto - e também o fato de ter sobrevivido esse tempo todo sem perceber, seila... E não vou nem mencionar sua aparência, seus cabelos ruivos como fogo caiam pelos ombros, combinavam perfeitamente com o tom de seus olhos, era um azul bem clarinho - como uma piscina recém limpa, sabe? - nunca fiquei tão vidrado em um par de olhos como fiquei nos dela. Todos seus detalhes trabalham em harmonia, ela é linda

- Eu já comi, vocês podem ir agora - Prissy diz autoritária, não vou mentir, gosto de seu jeito, é ela - andem andem - Billy faz seu turno comigo, ele vai mas eu fico

- Eu tava pensando aqui, chegou bastante gente nova ultimamente né, podíamos ensinar eles a atirar ou a ficar de guarda quem sabe, estamos precis.... - sou cortado

- Vai direto ao ponto Blythe, espera, você quer ensinar quem a atirar, não me diz ruiva é? Gilbert Blythe você... - fala fingindo surpresa

- Sim e não - ela arqueia a sobrancelha - Tá, mas é por uma boa causa, a gente precisa de mais gente na defesa, você sabe disso. Estamos com turnos dobrados, e temos bastante gente aqui, podemos treinar eles... - dou uma pausa, Prissy agora me escuta com atenção - E ela não sabe atirar, só juntei o útil ao agradável

- Entendi, entendi... Eu posso pensar no seu caso, não sei ainda se tô afim de ser professora sabe? - continua com seu tom de ironia e assinto com a cabeça devolvendo o sorriso sarcástico dela, saio andando. Pego um pouco de comida e sento perto da fogueira que agora estava acesa.

- Prissy tá de vigia né, as vezes me dá ódio, ela cisma em querer pegar todos os turnos possíveis, ódio - Jane comenta ao senta do meu lado e apenas rio

- A gente pode sentar aqui? Esquece, claro que pode, senta aí Anne - Cole chega, e presto atenção quando percebo que no "a gente" incluía Anne, direciono meu olhar a ela e cumprimento com a cabeça, ela retribui - Ok, esse é o Gilbert, você já conheceu e Billy também. Jane - a morena da um sorriso simples - Diana - que observa a ruiva com um olhar pensativo

- Eu lembro de você - Diana menciona, admito que fico intrigado. - É! você tava lá no hospital, se eu não me engano foi atropelada, certo? Sinto muito por isso, quer dizer, agora você tá aqui né então...

- Am....? - Anne começa confusa, mas Diana a interrompe

- Ah, desculpa. É que eu era enfermeira, fui algumas vezes no seu quarto verificar o aparelho ou se reagia aos remédios - a morena completa

- Agora faz sentido, "tudo mesmo, a caminho do jantar eu..." - ela pensa alto e parece não perceber. Reparo que a minha volta, todos seriam os alunos adequados para as aulas, então faço o convite

- Ann.. Vocês gostariam de seila, aprender a atirar? - pergunto meio sem jeito, porque eu agi dessa forma? eu não sei. - Precisam aprender a matar zumbis

- Eu tô bem do jeito que estou - Cole fala dando os ombros

- Não seria uma má idéia - Diana completa

- É... Pode ser - Anne fala

- Am... Eu tô esperando a Prissy confirmar que vai ajudar, quando for a hora aviso vocês - adiciono

Depois disso continuamos a comer em silêncio. Quando termino me retiro dali e vou para o lugar que sempre vou quando quero pensar, há muitas árvores em volta do acampamento mas em um lugar específico daqui, tem uma abertura na qual consigo ter uma boa vista do céu - é muito bom, quando o dia é muito corrido ou acontece algo que deixa minha cabeça cheia venho aqui e olho pro ele, ajuda bastante - e hoje por sinal, ele está limpo, consigo ver com clareza algumas estrelas.  Estava parado com a cabeça um pouco inclinada para trás admirando o céu quando uma voz feminina chama meu nome, reconheci quem era na hora.

- Eu queria conversar com alguém, bem... Cole ainda está comendo e Ruby também e não conheço direito as outras meninas - ela faz uma pausa curta - quer dizer, também não conheço você mas...

- Achou mais interessante vir falar comigo - provoco mas me arrependo, não sei de onde tirei essa idéia, não sou assim

Ela junta as sobrancelhas

- Era brincadeira, pode falar, estou todo a ouvidos - completo e ela senta ao meu lado, eu ainda estava em pé e estranhei sua atitude, era algo bom porém em outra perspectiva, ruim. Acabo fazendo o mesmo, mas sem deixar de estar atento a nossa volta

- Você falou sobre matar zumbis aquela hora... - ela suspira, ouço o que ela tem a dizer - Quando fui a minha casa ao sair do hospital eu vi que meus pais.... - não consegue terminar, ela provavelmente queria chorar

- Acho que entendi... Mas o que tem haver com as aulas? - pergunto

- Eu não soube o que fazer, tranquei eles no quarto e saí de casa - fala de uma vez só e fico surpreso, imaginando pelo que ela tinha passado - Acha que eu tenho que acabar com isso?

- Eles ainda estão lá certo...? - falo tentando manter controle sobre a situação, era uma situação ruim, ela claramente não estava bem com isso e queria estar. Ela assente - Você não precisa mas... se isso for fazer você se sentir melhor

- Eu nunca vou me sentir melhor mas, acho que seria o certo, não posso deixar eles presos, principalmente daquele jeito... - ficamos em silêncio até que tenho uma idéia

- Meu pai tava me cobrando para passarmos na delegacia onde ele trabalhava para buscar as armas que achássemos lá, podemos ir essa semana talvez, passar na sua casa e... - ela entende o recado e pondera por um tempo a proposta

- Não vai incomodar?

- Sem problemas... - ela sorri de uma forma fechada, retribuo o sorriso e então direciono meu olhar de volta para o céu. Ela se levanta aos poucos dizendo que ia tentar dormir e eu lhe desejo uma boa noite. Esperava mesmo que ela tivesse uma boa noite, acho que estava precisando, passou por algo traumatizante e eu entendia isso... Sei como é perder pessoas importantes, principalmente do jeito que ela perdeu, lembro brevemente de quando tive que fazer aquilo com minha mãe antes que ela se transformasse. Ainda me sinto mal por isso mas foi... Necessário  Acompanhei sua ida com os olhos, talvez pensando em tudo que ela me disse, que ela passou, ela é uma mulher forte, isso é certo.