Dúvidas e Mais Dúvidas

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Elise estava farta de acordar com aquele aperto esquisito no peito. Era algo irritante que a fazia ficar azeda o dia inteiro, como um nó de corda, a lembrando que algo estava fora dos eixos. E ela sabia exatamente o que era.

Espreguiçou-se e olhou com o cenho franzido para a escrivaninha, que estava anormalmente cheia de jornais velhos. Ah é, passara a madrugada estudando o caso Potter, conseguira um carregamento recheado de informações de notícias entre 1979 e 1990. Nem uma menção, sequer o fato de que Harry Potter tinha uma irmã, mas claro que foi documentado o nascimento de mais 3 filhos do casal.

Uma careta ácida surgiu no rosto bonito de Elise, não, ela não se aprofundou em cada detalhe da vida perfeita deles, mas sabia que era perfeita. Lílian era o próprio sinônimo de uma bruxa brilhante e talentosa, como se não bastasse ter formação para ser auror também tinha um cargo alto no Hospital St. Mungus para Doenças e Acidentes Mágicos. James, marido devoto e exemplo para os colegas aurores, uma ameaça para o cargo de Rufus Scrimgeour alguns diziam.

E Harry Potter, famoso por derrotar um bruxo das trevas ou algo do tipo, ela leu a notícia por cima e achou a maior furada do mundo. Ah, claro, com quantos anos ele teria derrotado um bruxo do mal? 11 anos? 12? Provavelmente nem com sua idade atual saberia a quantidade de feitiços defensivos necessários para tal feito.

Abriu o guarda-roupas e tirou uma caixa de madeira que estava cheia de penas velhas, jornais e fotos amareladas, jogou toda sua "pesquisa" lá dentro e a guardou novamente no fundo do armário. Aquilo não era nem de longe sua maior preocupação do dia.

Ela teria que sobreviver até a hora do almoço na companhia de sua avó, antes que Alecsander fosse buscá-la para um último dia de verão na praia. Suspirou pesadamente, Madame Josy era um verdadeiro inferno, não gostava de Elise e Elise não gostava dela. Mas a aturava por sua mãe, só por isso.

Depois deum banho propositalmente longo e quando desceu, já ouvindo uma voz irritante falando alto, Aketus veio lamber-lhe o rosto. Ela se abaixou para coçar suas orelhas e a viu sentada no sofá da sala, Thomas estava do lado oposto lendo jornal enquanto a mãe dispunha os ingredientes do almoço na bancada da cozinha.

Ela tinha cara de jacaré, tão magra que parecia que ia quebrar caso caísse, a pele enrugada parecia dependurar-se pelos braços. Tinha olhos aguados e um cabelo tingido horroroso, a voz arrastada soltou um muxoxo assim que a viu no portal.

- Bom dia. - desejou, a voz derramando doçura.

- Pelo visto ainda está por aqui. - falou com uma voz arrastada.

- Eu moro aqui. 

Ela apertou os olhinhos de jacaré e crispou os lábios, Thomas a olhou por cima do jornal, avisando-a sobre o jogo em que se metia. 

- Pelo visto Olímpia afrouxou as rédeas daquele lugar. - grunhiu - Se eu falasse desse jeito minhas mãos sangrariam com a punição adequada.

- Mas foi a senhora que se dirigiu à mim com grosseria primeiro. - protestou, sem alterar o tom de voz.

- Delfi! - ela praticamente gritou - Não vai falar nada?

- Mãe, ela está certa. - ela foi até a filha e acarinhou seus cabelos, transmitindo um pedido de desculpas silencioso - Não prefere esperar o almoço lá em cima?

Concordou sem pestanejar, ganhado uma bufada por parte da avó e um olhar divertido de Thomas, correu para as escadas antes de ouvir o que Madame Josy diria sobre ela. Elise geralmente era muito curiosa, mas quando se tratava dela evitava matar a vontade de ouvir conversas através da porta, sabia que não sairia nada de bom.

Ela nunca fora a favor da adoção dela, tinha conhecimento disso desde seu primeiro encontro com ela, ela se parecia com as meninas más do Instituto, só que muito mais velha. Mas ela adorava Alecsander, já até ouviu cochichos que ele devia ter pena dela para permanecerem juntos todo esse tempo.

Elise Winsk e o Torneio TribruxoOnde histórias criam vida. Descubra agora