Sr. e Sra. Winsk

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O Sr. e a Sra. Winsk viviam perto de um enorme vinhedo na famigerada cidade de Reims; uma cidadezinha no interior da França, em um bairro cheio de famílias bruxas. O Sr. Winsk era um homem muito gentil e engraçado, nascido de uma família mestiça da Inglaterra; ele tinha cabelos lisos porém encaracolados nas pontas, olhos escuros e um porte forte. Já a Sra. Winsk era uma francesa por natureza e era a criatura mais compreensiva e cativante que qualquer um teria o prazer de conhecer.

Os Winsk tinham uma filha, Elise. Era uma garota esperta, que estava sempre disposta, assim como o pai, mas não herdara a delicadeza da mãe. Ela estudava em Beauxbatons, como a Sra. Winsk e ao contrário do Sr. Winsk, que estudou em Hogwarts. Elise amava escutar o pai repetindo como conhecera sua mãe.

Ela trabalhava no setor de Relações Internacionais do Ministério da Magia Francês e ele era um auror. A mãe teve que fazer um curso para aperfeiçoar o inglês, para conseguir traduzir as cartas que eram mandadas regularmente ao Ministro, e foi aí que ela conheceu Thomas Winsk. Então se apaixonaram e se mudaram para Rheims, construindo uma fazenda de criação de Hipogrifos, a paixão dos dois, uma bem esquisita na opinião dela.

As noites ali no bairro dos Winks geralmente eram bem tranquilas, apenas com ruídos da natureza. Porém naquela madrugada o vento chicoteava as janelas da casa com um assobio ameaçador.

Um corpo encharcado de suor se contorcia na cama. Se mexia tanto que parecia estar sendo torturada, murmurava palavras aflitas e enfim soltou uma exclamação sôfrega e acordou.

Elise apertou a testa e grunhiu de dor. O sonho que acabara de ter, com pessoas que ela jamais vira na vida estava lhe causando uma dor insuportável. Sua cicatriz em forma de raio doera algumas vezes nos últimos anos, mas dessa vez parecia que alguém cravara ferro quente nela. Correu para o espelho ao lado da cômoda para conferir se não estava sangrando ou algo parecido.

Uma adolescente de longos cabelos escuros a encarou, seus olhos verdes, em um tom que ela jamais vira em outro alguém, varrendo cada pedaço da cicatriz, que aparentava normalidade.

A cicatriz... que ela odiava, fez uma careta com o rosto com traços que ela não via todo dia no café da manhã não era de se queixar. A verdade era que Elise não era filha de Adelàine e Thomas.

Não, Elise fora abandonada pelos pais biológicos na porta do pior orfanato de Paris. Viveu seus primeiros e piores 7 anos no Instituto Para Moças de Lechanttè. Ainda tinha alguns sonhos ruins com as garotas desprezíveis que viviam lá, só gostava de uma, Maggie Martin. Era 2 anos mais velha que Elise e sua única amiga por lá. Foi adotada um ano antes de Ellie e nunca mais conseguiu notícias da garota. Tentou mandar várias cartas, porém jamais recebeu uma resposta.

Todo dia pensava como teve sorte de sair do Instituto, não havia lugar mais horrível que aquele. Dias que não haviam comida para todas, os quartos abafados com janelas pequenas, Kate e Roselia, as responsáveis por tornar aqueles anos ainda piores. Porém foram graças à elas que Elise saiu de lá.

Foi durante uma briga no segundo andar. Era o lugar mais iluminado do lote, tirando o jardim, havia uma vidraça enorme, que estava atrás das duas. Elas gritavam palavras de ódio, sem nenhum motivo aparente, para uma Ellie de sete anos que chorava copiosamente. Quando Katie tentou puxar seu cabelo para o chão ela a afastou com a mão, contudo o simples gesto criou uma rajada de ar tão forte que as atirou contra a janela, que se quebrou e as duas se estatelaram no chão.

Ela se sentiu culpada por anos, mas superou pois fora ela quem trouxe as duas melhores pessoas da sua vida. Thomas e Adelàine viram a notícia no jornal trouxa e imaginaram que se tratava de uma manifestação de magia. Na semana seguinte ela já estava indo para sua verdadeira casa.

Elise Winsk e o Torneio TribruxoOnde histórias criam vida. Descubra agora