Tudo Que Nunca Teremos

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Observei as feições de Sina. Eu nunca tinha a visto assim, tão sincera. Sorri.

Levantei-me da cadeira, pegando minhas coisas, decidida a propor para que ela fique comigo lá em casa. Nós precisávamos ficar a sós urgentemente e o meu escritório não é o local mais apropriado.

Eu já não entendo mais a nossa situação. Não é como se fôssemos namoradas, até porque não somos... Mas eu a amo e isso já é um bom caminho. Até porque o meu sentimento é recíproco. Bom, ela disse que me ama e isso é muito bom. Faz-me sentir bem, mas uma parte de mim ainda está receosa. Ela pode querer voltar atrás e inventar alguma coisa para não querer me ver. Já passamos por tanta coisa e Sina pode estar cansada disso.

Esse pensamento me fez engolir em seco, enquanto fechava o fecho de minha bolsa, só percebendo agora que eu estava parada no mesmo lugar há um tempo. Suspirei. Odeio minha insegurança.

- Heyoon? - Fui desperta de meus devaneios por aquela voz rouca da loira parada atrás de mim.

Pigarreei me virando e sorri.

- Desculpa, eu estou muito cansada. Trabalhei demais hoje e preciso urgentemente ir para casa.. Você quer vir junto comigo? - Acabei tendo coragem o suficiente para perguntar.

Sina me olhou, talvez me analisando para ver o que tinha de errado. Mas então de repente suspirou aproximando-se e beijando minha testa, o que era muito fácil para ela, pois eu tecnicamente batia em sua boca.

Nós ficamos assim, por um momento, até que nos separamos e encaramos nos olhos uma da outra. Eu sei que já nos aconteceu muita coisa e depois de tudo, Sina ainda continua do meu lado, dando-me carinho, quando não estamos brigando, mas eu mesmo assim queria muito perguntar o que ela pensa quando olha para mim. É algo inevitável. Eu não consigo controlar. Senti algo tocando minha mão direita e quando olhei, era ela entrelaçando minha mão à sua.

- Vamos para sua casa.

Segurei firme minha bolsa com a outra mão, quando percebi o que ela pretendia. Corei na mesma hora, só de pensar que as pessoas nos olhariam.

Atravessamos a porta do meu consultório e a loira fez questão de fazer barulho para chamar a atenção das pessoas à nossa frente.

- Sina... Todos estão nos encarando. - sussurrei encolhida de vergonha ao lado dela.

Aqui em Fresh Start, assim como em todos os locais de trabalho, há regras que devemos seguir, não que estar de mãos dadas com alguém seja errado, mas as pessoas comentam e acabam dizendo que restringimos uma das regras. Mas o ponto é que eu não estou incomodada. Eu estou somente envergonhada por toda aquela atenção.

- Deixe-os pensarem o que quiser. - Olhou-me por fração de segundos antes de voltar seu olhar para frente. - Não me importo com a opinião deles. - Concordei e continuei a andar, dessa vez mais confortável, mas só porque ela está comigo. Sinto-me protegida com Sina por perto.

Ao chegarmos em frente ao meu carro, perguntei-me como ela tinha vindo até aqui, porque a casa dela é muito longe daqui e seria um absurdo vir a pé.

- Sina você veio de carro?

- Não. - Disse, simplesmente, fazendo-me arregalar os olhos.

- Você veio até aqui a pé? - Exclamei, vendo que ela riu de minha expressão.

- Eu precisava falar com você. Já que não atendia minhas ligações, decidi vir. - Disse com um sorrisinho no rosto eu revirei os olhos.

- Não vou nem discutir. - Sussurrei olhando para o lado oposto ao dela.

Psiquiatra de uma AssasSina Onde histórias criam vida. Descubra agora