Apenas Uma Vítima

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Nove dias se passaram desde minha última lembrança. E hoje darei começo ao que eu tenho planejado durante esse tempo. Fiquei praticamente cinco dias na casa de meus pais e por consequência, Joseph me ligou pedindo explicações porque tinha o dito que ficaria somente três. Nesses quatro dias restantes, minha relação com Deinert tem ficado estranha. Continuamos com a consulta, eu normalmente fazendo perguntas a ela, Sina responde de forma natural, sem esboçar sarcasmo ou até mesmo alegria por me ter por perto. Só me responde como que se eu fosse uma pessoa qualquer e isso acabou em uma discussão em que eu perguntava o que tinha acontecido e a mesma dizia que só não estava bem. Mas eu nunca acreditava, e como Deinert tem um temperamento ao extremo, ela quase me bateu, mas parou no meio do caminho, pois nunca conseguiria fazer e eu agradeci por isso, se não as coisas ficariam piores entre nós.

Neste momento estava terminando a consulta com Sina e a mesma me olhava enquanto escrevia no caderno. Ela sempre
fazia isso para tentar descobrir o que eu tanto escrevo.

- Já vou indo. - Suspirei e a encarei. - Da próxima vez, tenta ser menos grosseira. Se não, não vou poder te ajudar a melhorar, agora está regredindo. - Fui ríspida, desviando o olhar do dela e me levantei do chão. Sim, infelizmente o manicômio não providenciou as cadeiras e mesa para o quarto.

Virei às costas para ela, mas antes que eu pudesse alcançar a porta, Deinert arrancou a bolsa de mim e eu virei rapidamente em sua direção.

- O que é isso? - Perguntei nervosa. - Devolva agora a minha bolsa - Ordenei, mas parece que Sina não levou a sério.

- Ou se não o que? - Me desafiou.

- Eu passo por essa porta, ligo para Robert e peço para ele me encontrar aqui e agora. E então nós vamos ver o que ele quer tanto me contar. - Não estava para brincadeiras hoje. Era um dia muito decisivo na minha vida e ela, me olhando daquele jeito, como se eu fosse um brinquedo que pudesse comandar, me enfurecia.

Ao dizer aquilo, Sina jogou a bolsa com força em minha direção e apontou o dedo para mim.

- Porque você fica insistindo nesse assunto? - Seus olhos estavam escurecidos e agora, seu rosto expressava fúria. - Eu já não te contei o que queria saber?

- Mas não me contou tudo! - Exclamei dessa vez me aproximando. - Sina, eu preciso e quero saber de toda a verdade. Você me contou uma parcela dela, não toda. - Dessa vez foi ela quem recuou nervoso. - Por isso, se ninguém me contar, eu vou ter que tomar algumas providências. - Deinert avançou em mim, surpreendendo-me, segurando meu rosto com suas duas mãos. - Você não vai até ele, está me entendendo?

- Então me conta. - Disse simples.

- Eu não posso. - Sussurrou.

- Por quê? - Perguntei indignada. - Não tem nada que te impede.

- Tem sim.

-O que?

- Seu sofrimento.

Aquelas simples palavras, dilaceraram meu estômago e de repente me senti enjoada. Sina não quer me ver sofrer.

Ela ainda segurava meu rosto, então eu apenas coloquei minhas mãos em seu ombro, ficando na ponta dos pés, juntando nossos lábios. Deinert pôs suas mãos em minha cintura e aproveitei para enlaçar meus braços em sua nuca. beijo se intensificou, até eu começar a ficar excitada, mas tive que interrompê-lo. Vi que Deinert estava de olhos fechados e sussurrei:

- Eu vou ficar bem. Nós vamos ficar bem. - Disse antes de me desvencilhar de suas mãos e rapidamente sair do quarto escutando-a gritar para que eu voltasse. 251

Psiquiatra de uma AssasSina Onde histórias criam vida. Descubra agora