O Aprendiz do Corvo - Volume 1 (versão web)

7. Estrela Negra

— Você sabe para onde estamos indo, Estrela? – perguntou Godofredo que seguia a garota misteriosa.

— Claro que sei. Eu consigo sentir o caminho se desenhando na minha frente, talvez por obra de meu... – começou a responder a garota, porém sem terminar o que dizia.

— É que eu tenho quase certeza de que já passamos por aqui... – murmurou o garoto.

Sem respondê-lo a garota continuou andando. Instantes depois ela parou e olhou ao redor.

— Que estranho, o caminho sumiu. Será que algum inimigo o ocultou? – se perguntou. Em seguida ela tirou de um bolso de seu vestido um celular antigo de flip. – Mister Green? Sim, os bruxos levantaram um domínio quando eu estava me aproximando do alvo... Não se preocupe, Mister Godfrey está comigo e vamos logo achar a saída, sabes como meu Schwarzer Stern é absoluto! – falava a garota enquanto conversava no celular que estava com o visor apagado o tempo todo, apesar de Godofredo não ter reparado.

Aproveitando que pararam de andar, Godofredo voltou a tentar pensar por conta própria uma forma de encontrar o caminho. Se eles estavam realmente dentro de um domínio dimensional o mago que o fez deveria ser muito poderoso, já que escolheu excluir alvos abaixo de certo nível, tirando as pessoas que não fazem magia, e ao mesmo tempo definiu um nível máximo excluindo Elsa também. Era como se o alvo fosse ele, mas não dava para ter certeza porque não sabia o rank da garota que estava com ele. Pela sua postura destemida não seria estranho se ela tivesse um rank mágico equivalente a Elsa, mas nesse caso ela teria sido excluída também. Então o mais provável era ele ser o alvo e a garota um efeito colateral, já que ela teve inúmeras chances de atacá-lo e não o fez, além de não ter dito nada que sugerisse seu envolvimento com quem teria feito o domínio.

Ele sentia seu coração batendo forte no peito e uma ansiedade crescendo dentro de si. Estaria Elsa bem? Não se preocupava muito em ser o alvo, mas não queria que sua veterana se machucasse. E havia agora a garota de vestido gótico que ele não queria ver machucada por sua causa, sendo pega em um problema dele.

Além de não saber as intenções de quem estava fazendo isso havia a questão de que ele não sabia por quanto tempo ia conseguir lutar se precisasse. Elsa o havia alertado sobre o risco de a exaustão mágica deixá-lo indefeso e até mesmo danificar os seus olhos.

Foi aí que Godofredo se deu conta de algo: seus olhos. Se eles calculam as coisas que acontecem ao redor dele, poderiam ser capazes de encontrar o caminho entre as árvores do parque que parecia um labirinto mágico por causa de algum efeito do domínio.

Godofredo começou a tirar o selo lentamente, quando saltou aos seus olhos que o inimigo estava muito mais perto do que ele imaginava. Um dos espectros estava empoleirado em uma árvore pronto para pular na garota. Rapidamente, Godofredo colocou os óculos no bolso de sua calça e pulou para interceptar a criatura que já havia dado o bote.

Com um chute no que devia ser a barriga daquela criatura ele a arremessou para trás. A garota se espantou com o movimento rápido de Godofredo, mas logo recuperou a pose.

— Ah, então agora nosso inimigo deu as caras. Eu fico até triste ao ver que és um ser tão insignificante. Prepara-te, Mister Godfrey. Se o mantiver ocupado eu consigo exorcizá-lo com um único golpe! – disse apontando a arma para o espectro por cima do ombro de Godofredo.

— Falaram que ele é um irregular, na verdade deveriam ser dois irregu... – começou a explicar Godofredo quando foi interrompido por um outro espectro que apareceu detrás do que ele havia chutado.

Era um pouco maior do que o espectro que havia levado o golpe. Assim que se aproximou de seu semelhante começou a deslocar seu maxilar, expandindo a abertura de sua boca como uma cobra faria, e atacou seu próprio aliado.