IX

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Safira

Acordo procurando ar, respiro descontroladamente, olho ao redor desesperada para entender o que aconteceu. Droga, dormi enquanto estava tomando banho. Rio da situação em que me encontro, que engraçado, morrer porque dormiu na banheira.

Abraço minhas pernas, fazia tempo que não sonhava com aquilo. Lágrimas caem ao recordar daquela parte do meu passado. Me acalmo e saio do banho, coloco meu pijama, e vou para cama. Quando estou prestes a deitar...

- Você fica linda quando dorme, mas no momento prefiro conversar.

Olho para a direção da voz, pronta para gritar, vejo Jason sentado na cadeira da penteadeira, olho para a porta, não lembro de tê-la trancada, se alguém entra sem aviso prévio como poderei explicar esta situação?

- Não se preocupe, eu tranquei.

- O que você está fazendo aqui?

- Vim ver você.

- Me ver? – Digo incrédula.

- Sim.

- E o que você quer? – Pelo meu tom, acho que ele percebeu minha irritação

- Quero pedir desculpas.

- Você acha que as coisas funcionam assim? Você pensa que pode falar e fazer o que bem entender e depois é só pedir desculpas? Não Jason, não é assim que funciona. O mundo não gira ao seu redor. – Digo transbordando minha irritação incredulidade.

- Eu sei, é só que é complicado - ele diz entrelaçando os dedos.

- E você acha que eu não sei? Olha para o que aconteceu nestes poucos dias, não acha que para mim é complicado?

Ficamos calados, esperando o outro falar algo.

- Olha, - ele começa a falar enquanto se levanta e vem na minha direção - é muito difícil para eu pedir desculpas. Eu sei que errei e gostaria de fazer o meu pedido de perdão adequadamente, mas eu não sei como fazê-lo. Eu quero que você saiba que eu sinto muito, porque eu sinto. Eu queria falar com você antes da minha viagem. - Ele diz esta última frase enquanto pega minhas mãos.

- Você vai viajar?

- Sim, tenho algo para resolver.

- Sei... e você vai ficar muito tempo fora?

- Meu plano é três dias, gostaria de algo? Como presente de desculpas.

- Uma rosa vermelha ou branca, elas representam desculpas.

- Anotado. Agora só mais uma coisinha.

Antes que eu possa falar ele me abraça apoiando sua cabeça no meu ombro.

- Precisava disso para me lembrar de você.

- Você pode mandar mensagem. – Digo entrelaçando meus braços em sua cintura.

- Não estraga o romantismo. - Ele diz fazendo uma careta que faz com que eu ria - Tá vendo? Mensagens não tem o seu riso e seu cheiro.

Olho para o chão enquanto minhas bochechas ficam vermelhas.

- Eu tenho que ir. Sonhe comigo que eu irei sonhar com você - ele fala beijando a minha testa.

Ele se vira e vai em direção a sacada.

- Ei! - falo olhando para ele que dá meia-volta - Você sabe o que significa beijar a testa de alguém?

- Não, o que significa?

- Volte são e salvo para casa e eu lhe direi.

Ele sorri, vira-se mais uma vez e vai embora.

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Jason

Estou indo para a cidade vizinha.

Adoro dirigir durante a noite, mas seria bom uma companhia, como a Safira.

- Mas no que eu estou pensando? - falo em voz alta, ligo som para me distrair desses pensamentos.

Algumas horas depois já estou em meu destino, um barzinho de classe alta, entro e já e vejo meu alvo, Clementaine, filha de um diretor executivo corrupto. Ela está sentada nas cadeiras do balcão pedindo mais um shot para o barman. Ótimo, menos trabalho.

Sento ao seu lado e peço um vinho.

- Você é novo aqui? - ela diz se virando para mim, percebo que ela já está "alta".

- Por quê?

Ela se aproxima e sussurra:

- Pessoas da nossa idade não perdem vinho, pedem tequila. - Ela volta-se para o barman e grita. - Cancela o vinho e traz duas tequilas. Melhor, traz a garrafa. Você não respondeu a minha pergunta. - Fala colocando o dedo no meu nariz enquanto sorri.

- Sim, eu sou novo aqui.

- Sabia! Eu me chamo Clementaine - diz estendendo a mão como forma de cumprimento.

"Ah, querida Clementaine, eu sei tudo sobre você"

- Eu me chamo Enzo.

- Então meu caro Enzo, vamos comemorar a sua chegada. - Ela fala enquanto distribui o álcool nos copos, bebo o líquido e sinto a garganta arder, olho para a garota e percebo um pouco da bebida descendo pelo canto de sua boca.

- Está escorrendo. - Digo apontando.

Ela sorri, envolvendo sua mão entorno da minha nuca e diz com um sorriso malicioso.

- Então porque você não limpa?

- Com prazer. - Me aproximo da gota de tequila que estava perto do seu queixo e lambo até o canto de sua boca. Sinto um certo nojo de fazer isso, mas para não recuar imagino que essa mulher seja a Safira. Quem sabe num futuro eu de fato não o faça.

- Sabe, tem muitos lugares que eu poderia te mostrar - ela diz sussurrando.

- Sério? Quais? - falo distribuindo beijos pelo seu pescoço.

- Sim, tipo meu apartamento.

- Seria uma maravilha. Façamos assim, você me espera lá fora enquanto eu pago a conta.

- Olha só, um cavaleiro. - Ela ri me dando um selinho e vai em direção a porta em meio aos tropeços.

Pago a conta e vou ao banheiro, depois saio espero um pouco e volto ao estabelecimento.

- Desculpa. - Digo ao barman - sabe me dizer se a garota que estava aqui voltou?

- Não. - O homem me diz com um sorriso de "sinto muito".

- Nossa, acho que levei um fora. – Digo de forma inocente.

- Aqui. - Ele diz entregando um copo de uísque - É por conta da casa, garotas como ela se acham superiores por virem de famílias chiques.

- Obrigado.

Saio do bar e vou até o beco ao lado.

- Tudo certo? - Luke sai em meio as trevas do beco.

- Sim. - Falo acendendo um cigarro. - O barman acha que eu levei um fora. E você?

- Tudo certo. Ela já está no porta-malas.

- Então, que os jogos comecem.

O Psicopata e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora