III

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Safira

Chego em casa e me arrumo, minha mãe fez questão de me levar. Quando chegamos na clínica ela para o carro e fala:

- Chegamos, querida. Já sabe, pode falar tudo, ela está lá para te escutar e ajudar.

- Eu sei, mãe.

- Ótimo, vamos? - ela pergunta com um sorriso.

- Mãe, a senhora acha que está melhorando algo? – Digo me virando para ela. Às vezes, pessoas como eu não veem diferença alguma conforme o tratamento vai decorrendo. Mas pessoas de fora, sim

- Você não acha meu amor? Você quer mudar de psicóloga ou lugar?

- Acho que mudando de lugar não vai mudar em nada, estamos em uma das melhores clínicas do país.

- Você não acha que tem melhorado? – Ela me pergunta preocupada.

- Vejamos, antes eu pensava em cometer suicídio uma vez a cada minuto, agora uma vez ao dia.,

Ela me olha como se tentasse descobrir se fui sarcástica ou não.

- Um grande avanço não acha?

- Pode ser. - falo enquanto saio do carro.

Nós entramos no consultório e esperamos, assim que meu nome é chamado entro na sala.

- Bom dia. - A psicóloga diz, pelo seu tom ela deve ter brigado com o seu namorado, um psiquiatra que trabalha aqui. Sempre soube que os profissionais independentes de sua profissão quando estavam trabalhando deveriam deixar seus problemas pessoais de lado para não transferir suas emoções para terceiros. Pelo visto, minha psicóloga faltou a essa aula.

- Bom dia.

- O que está pensando, Isabella?

- Na morte. - Digo em um tom entediante

- E o que ela te diz? – ela fala anotando em bloco de notas.

- Que é a minha única saída.

- E o que você faz quando ela te diz isso?

- Eu me corto.

- Mas se você se cortar, não vai deixa sua família triste? – Chantagem emocional, sério? Isso me faz lembrar quando ela me fez assinar aquele termo ridículo de anti-suícidio.

- Sim, mas sei que se eu me matar, os machucaria mais.

- Sua mãe disse que você estava pensando em suicídio. É verdade?

- Em me matar não, mas tenho medo.

- Medo do quê? – Ela fala me olhando profundamente.

- De que caso um automóvel venha em minha direção e eu não querer sair da frente.

- Você tem tomado seus remédios Safira? – Ela fala séria. Como se somente tomando os remédios iria fazer minha vida melhorar em um passe de mágica.

- Por quê?

- Quem faz as perguntas aqui sou eu, querida.

Ela usou a palavra. Como eu odeio que se dirigem a mim com "querida" sem ser íntimo, soa tão falso. E o pior é que eu havia deixado claro que não queria que ela se dirigisse a mim com essa palavra. Me levanto da cadeira extremamente irritada e sentindo o choro de raiva vir

- Eu não sou sua querida! Eu pergunto o que eu quiser. O problema é seu se o seu namorado te trai e vocês brigam! - Digo elevando a voz e saindo da sala, minha mãe não estava e eu corri até entrar em uma sala vazia, me sento no chão e começo a chorar. Até que escuto uma voz:

O Psicopata e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora