XIII

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Safira

Saio da sala e vou atrás do Scott.

O encontro encostado na parede procurando algo na mochila e tateando os bolsos da calça jeans.

- Procurando por isso? - Digo, estendendo o celular.

- Sua ladra! Você pegou meu celular?!

- E agora eu sei fazer mágica para pegar algo que deveria estar com você? Sabe - digo andando em sua direção bem devagar - Sabia que tirar fotos sem permissão é crime? É sério que você não superou, Scott? Já faz o quê, três anos desde que eu te dei um fora? Você já era assim antes ou só começou com essa obsessão depois que eu te rejeitei? - Ele arregala os olhos incrédulo.

- Eu não sei do que você está falando!

- Sério? Porque seu celular estava desbloqueado, sabia? E sabe o que eu vi assim que eu abrir? Isso mesmo, uma foto minha.

- Devolve o meu celular! - Ele parte pra cima de mim me fazendo perder um pouco do equilíbrio e pega o celular.

- Tudo bem, não tem problema. Eu já passei tudo para o meu número mesmo.

- O quê? - Ele tenta ir mais uma vez para cima de mim, mas desta vez eu sou mais rápida e dou alguns passos para trás, com isso, Scott perde o equilíbrio e cai de quatro no chão.

- Que cômico, estando de quatro como o cachorro que você é - rio da situação. - Você acha que eu sou tão burra assim? Não confunda depressão com burrice, eu não sou você Scott. - Ele levanta a cabeça claramente irritado. - Pode pegar meu celular se quiser, pode até quebrá-lo, mas pode ter certeza que eu tenho várias cópias das fotos. Não só das fotos, mas de tudo que contém no seu celular.

­- Você está blefando! - Ele diz se levantando.

- Estou? Quer que eu recite sua última conversa com a Tifany? Você sabe que eu tenho uma memória boa, começa com você pedindo uma foto bem sensual dela e ela negando e você insistindo eu posso dizer as palavras exatas se quiser.

- Sua vadia!

Scott corre em minha direção e me prende contra a parede e coloca mão na minha garganta, a apertando.

- Acha que pode alguma coisa contra mim, hein?! ACHA? - Ele grita na minha cara. - Eu deveria te matar, isso sim. Você se acha superior, não é? Por isso me rejeitou com aquele papinho de querer se concentrar nos estudos e que eu não fazia o seu tipo, sendo que eu sou o tipo de todas. Acho que eu tenho medo de você? Não, Safira, você é que tem que ter medo de mim.

Confesso que estou desesperada, não quero virar um fantasma dessa maldita escola e tampouco morrer nas mãos desse projeto malsucedido de homem. Não posso transparecer meu medo. Não posso.

- Que bonito, Scott. É assim que você resolve as coisas? - digo com dificuldade - Pois bem, me mate, então. Vai está me fazendo um favor em dobro. Eu morro e você vai para a cadeia. - Ele arregala os olhos - O quê? Achou que não ia, esqueceu quem é o meu pai? Ele vai fazer de tudo para te dar uma longa sentença, dois assassinatos na sua ficha, você nunca vai ter paz. Nunca.

- Dois? - Ele diz confuso.

- Você é burro mesmo, não é? - Digo entre risos - Assim que virem suas digitais no meu pescoço vão associar você a morte da Tifany, acha mesmo que ninguém vai dizer das "quedas" dela? Dos machucados? Qual será a história que vão contar? Que você a matou por causa de uma briga e depois me matou pelo mesmo motivo? Ou porque ela descobriu da sua paixão platônica por mim e você decidiu acabar com ela e quando eu te rejeitei novamente você decidiu acabar comigo também? Então, qual você acha que vai ser? - Digo olhando em seus olhos.

Ele afrouxa o aperto e eu consigo respirar com mais facilidade, já sei que marcas vermelhas estão em volta do meu pescoço pálido. Talvez se eu der um chute nas suas partes baixas eu consiga escapar, como era mesmo aqueles vídeos de alto-defesa?

- Safira? - Tanto eu quanto Scott nos viramos, encontro Jason nos encarando no meio do corredor. Merda, o que ele vai pensar? Como que eu vou resolver essa situação?

Scott se afasta rapidamente e fica olhando para mim e Jason. Ele não encontra palavras a não ser dizer para Jason que ele não havia visto nada, com se fosse uma ameaça e sai pisando forte, mas eu sabia que ele estava fugindo como o covarde que ele era.

Jason vem em minha direção, percebo seus olhos frios me encarando, deuses, eu estou tão ferrada.

- Ele machucou você?

- Não. Eu estou bem.

Ele me abraça, e sem que eu perceba começo a chorar no seu peito.

- Pronto, passou. Eu estou aqui agora. - Ele se afasta e limpa minhas lágrimas inutilmente que continuam a cair, até que ele para e arregla seus olhos. - Amor, seu pescoço! - Então eu estava certa, realmente ficou a marca da agressão - Eu vou matar aquele desgraçado, eu vou torturar tanto ele que ele vai implorar pela morte. - Ele diz apertando meus braços com certa força.

- Jason, você está me machucando.

Ele se afasta rapidamente.

- Me desculpa... eu perdi o controle e descontei em você. Me perdoa.

- Tudo bem, você poderia me abraçar por favor? - Ele sorri e estende os braços vou até ele - E você não pode ir atrás dele, já aconteceu o que aconteceu com a Tifany se mais uma morte surgir na escola vai ficar muito estranho, principalmente para você. Acha mesmo que nenhum boato vai surgir dizendo que só foi você aparecer que isso começou a ocorrer? - Fico agarrada nele até me acalmar. ­- Posso te pedir um favor?

- Diga, minha pedrinha preciosa.

- Será que posso passar a noite na sua casa? Não quero explicar a situação para a minha família. Acho mais fácil explicar do porquê vou passar a noite fora do que explicar como conseguir que meu pescoço ficasse nesse estado.

- Claro, meu amor. Pode sim. Acho melhor irmos agora. Já vi a grade horária de hoje um professor faltou e o resto é tão insignificante quanto aquele desgraçado.

Saímos escondidos, no caminho Jason conversou normalmente e estava preocupado com o meu pescoço.

Mas eu sei que ele vai fazer alguma coisa.

O Psicopata e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora