XI

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Safira

Acordo com o barulho do celular.

- Alô?

- Oi.

- Jason, por que você tá me ligando a essa hora? Aconteceu alguma coisa?

- Olha, não se assusta, mas eu estou na sua varanda.

- O Quê?! - pulo da cama e vou em direção a cortina da janela que liga a varanda do quarto, ao puxá-la vejo Jason me encarando, destranco a porta – Mas o que você está fazendo aqui? Alguém te viu? – Digo o puxando para dentro e trancando novamente a porta.

- Eu tomei cuidado, ninguém me viu. Eu vim te trazer isso – ele me estende uma rosa branca. – Eu lembrei disso quando estava voltando.

- Você poderia ter me dado na escola. – Falo sorrindo ao pegar a rosa, ao falar da escola me lembro sobre hoje – Jason! Me diga que você tem um álibi sobre a morte da Tifany.

- Por quê?

- Descobriram o corpo dela, atrás da escola. Foram até a sala e fizeram perguntas para cada um, até mesmo pra mim.

- E o que eles fizeram? Eles te pressionaram? - ele diz colocando suas mãos em meu rosto com um tom de preocupação.

- Não..., mas me perguntaram aonde eu estava na hora da morte e se eu tinha algum motivo para matá-la.

- Vai ficar tudo bem. Eu te prometo. – Ele me abraça e o aperto contra mim – será que eu posso dormir aqui?

Penso por um momento, eu dormir na casa dele, então estaríamos quites e sei que ele não vai tentar nada. Confirmo com a cabeça.

- Mas você vai ter que ir antes do Sol nascer. - Vou até o closet e pego uma calça do Liu – Toma.

- Por que você tem isso? – ele diz analisando a calça xadrez.

- É do meu irmão, as vezes dormimos um no quarto do outro e a roupa fica, tem uma gaveta só minha no quarto dele – digo dando de ombros.

Ele vai para o banheiro se trocar, quando sai percebo que ele está sem camisa, e a visão é bem interessante, Jason parece ser magricela, mas por baixo da camisa esconde um belo abdome.

- Tudo bem, minha pedrinha preciosa?

Saio do meu devaneio e olho para ele.

- "Pedrinha preciosa?"

- É claro ou como você quer que eu te chame? – antes que eu responda, Jason corre em minha direção, me pegando no colo e nos derrubando na cama.

- Você ficou louco? – digo rindo

Ele não diz nada, apenas sorri enquanto fica olhando nos meus olhos e fazendo carinho em meu rosto, meu corpo relaxa e quando percebo já estou beijando–o, ele aperta minha cintura e eu o envolvo com meus braços. Uma parte de mim me diz que isso é errado, que está sendo muito, muito errado, mas a outra parte me impede de impedir. Jason se afasta para recuperarmos o fôlego.

- Acho melhor dormimos, enquanto ainda há tempo para eu me controlar.

- Se controlar?

Ele senta na cama e passa a mão pelo cabelo e suspira.

- Ah, Safira. Se você soubesse o que eu quero fazer com você toda sua inocência iria embora.

Coro na hora, não sei como reagir, mas é claro que ele já ficou com alguém, mas de uma eu acredito, enquanto eu..., sou apenas eu.

- Tem razão, melhor irmos dormir.

Nós nos deitamos e Jason me envolve em seus braços, peço aos céus e a qualquer deus que atenda meu pedido, que aquelas poucas horas restantes durassem uma eternidade.

Jason sai antes mesmo do Sol nascer, durmo mais um pouco até o despertador tocar pela quarta vez, me levanto da cama e me arrumo para a escola. Desço as escadas e vou até a cozinha onde minha família está.

– Que carinha é essa, minha abelhinha? – meu pai pergunta ao me ver.

– Não sei, acho que estou cansada. – Meus pais trocam olhares ao eu falar essa última palavra – Não nesse sentido. – Digo rapidamente.

– Bom dia, família! – Meu irmão fala se sentando – O que tá rolando?

– Nada. – Digo pegando uma xícara e colocando café na mesma. – Liu, vamos de carro hoje? Estou com preguiça de andar.

– Você leu meus pensamentos, maninha – sorrio ao escutar aquilo, sempre tivemos essa conexão.

O motorista nos leva até a porta do colégio. Meu irmão vai direto para o treino de basquete e eu vou até a biblioteca e me decepciono ao ver que a mesma ficará fechada por três dias devido a bibliotecária estar com resfriado e a investigação esteja acontecendo. Dou meia-volta e vou em direção a sala de aula em busca de refúgio para o meu sono.

Ao chegar lá, me deparo com Scott, namorado da Tifanny. Tento sair sem fazer barulho, mas quando estou quase saindo ele percebe minha presença.

– Aonde você pensa que vai? – ele diz se levantando e vindo em minha direção.

– Desculpa, eu não sabia que já havia alguém aqui. Eu já estou saindo.

Ele aponta um dedo na minha cara.

– Escuta, sua estranha. Eu sei que você tem algum envolvimento com a morte dela, eu não sei como, mas sei que tem. Fica longe de mim, está entendendo? Eu posso ter sido o namorado dela, mas não sou burro como ela.

Ele sai da sala pisando forte. Respiro fundo diversas vezes, tentando me acalmar. Até que percebo que ele deixou o celular desbloqueado em cima da mesa em que estava.

A curiosidade em mim fala mais alto e eu começo a vasculhar seu celular, torcendo para que ele não venha atrás do aparelho tão rápido, mas jugando o seu jeito, é possível que ele só perceba quando estiver no fim das aulas.

O que eu encontro faz uma ideia surgir em minha mente.

"Ah, Scott. Você vai se arrepender"

O Psicopata e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora