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Safira

Sinto beijos em volta do meu rosto. Desejo e espero que sejam os anjos comemorando a minha chegada.

- Filha, acorda meu amor. – Infelizmente, não são os seres angelicais, e sim, minha mãe me acordando.

- Bom dia, mamãe.

- Como está se sentindo querida?

- Bem, eu acho. – Respondo com um sorriso amarelo me levantando da cama.

Ela se retira do meu quarto e eu vou tomar banho. Quando tiro a blusa, vejo os cortes em meu antebraço que fiz na noite anterior. Analiso o sangue seco. Sempre faço cortes rasos, o suficiente para sangrar, mas que impeça de gerar cicatrizes no futuro.

"Por que eu faço isso mesmo?" Ah, Sim! Porque eu tenho depressão, ansiedade, fobia social, anorexia e compulsão alimentar.

Após tomar meu banho e trocar de roupa, desço as escadas e vou até a sala de jantar onde encontro minha família.

- Bom dia. – Digo me sentando.

- Bom dia, maninha do meu coração. – Meu irmão Liu diz todo empolgado enquanto pega a manteiga para passar em sua torrada

- Bom dia, família. – Meu pai fala assim que entra no ambiente, me dando um beijo na cabeça.

Após o café da manhã fomos cada um para sua rotina. Mamãe em casa, fazendo projetos e reuniões online, papai no escritório, meu irmão e eu pra escola, mais um dia "normal" na família Adams Collins.

Meu irmão e eu fomos em direção a escola, e por mais que tanto meu irmão quanto eu tivéssemos nossas carteiras de habilitação e um motorista para nos levar, gostávamos de ir a pé.

- E então maninha... – Liu diz tentando começar uma conversa. – Como anda suas notas?

- As de sempre. – Digo. – E você, como está indo os jogos?

- Legais, o treinador disse que temos grandes chances de vencer o campeonato.

Liu é o capitão do time de basquete, ele é ótimo em tudo que faz. Seus cabelos são loiros e os seu olhos são castanhos que sempre me lembram chocolate, com 1,80 de altura o que faz com que todas as garotas caiam de paixão por ele.

- Com certeza vocês irão conseguir, desde que você entrou no time vocês só tem ganhado.

- Obrigado, eu sei, eu sou demais. – Ele fala jogando os ombros

- Você é um convencido, isso sim!

- Eu também te amo maninha. – Ele fala me abraçando.

Quando chegamos na escola, Liu vai em direção dos amigos e eu vou o mais rápido possível para biblioteca. Vou na sessão de terror, passando o dedo pelos livros até encontrar um que o título desperta minha atenção e curiosidade, quando tento puxar o exemplar algo prende nele, puxo com mais força até que  o mesmo se solta de repente fazendo com que eu acabasse caindo, olho para o outro lado da prateleira eu vejo um garoto me encarando.

- Me desculpe. – Ele disse.

Assenti silenciosamente e vou para uma mesa. Desvio o olhar por um instante, e percebo o mesmo garoto sentado na minha frente com um livro nas mãos me encarando.

- Pois não? – pergunto.

- Ele a mata no final.

Normalmente, as pessoas ficam bravas quando recebem algum tipo de spoiler, porém eu sou diferente, gosto de saber o que vai acontecer, receber este tipo de informação faz com que minha curiosidade aumente, me fazendo querer saber o que acontece para chegar a tal spoiler.

- Ele sabia dos sentimentos dela?

- Sim.

- Então mesmo ele sabendo que ela o amava, ele a matou?

- Era da natureza dele. – o garoto respondeu ainda me encarando.

- Você faria o mesmo?

- Como?

- Se você fosse um psicopata você mataria a pessoa da qual ama? – pergunto.

- Não sei, eu nunca amei ninguém. E você?

- Também não sei, eu não sei o que é amar alguém neste sentido.

Ficamos nos encarando em um profundo silêncio. Reparo em cada detalhe dele, sua pele era clara, melhor, ele era pálido. Seus olhos eram de um azul que me lembravam safiras, ele tinha uma espécie de beleza meio estranha e cativante, como se fosse um tipo de vampiro ou demônio criado pelos deuses. O sinal toca fazendo com que nos despertássemos de nossos transes. Vou pra sala, deixando aquele desconhecido para trás.

O Psicopata e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora