VIII

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Narradora 

O dia que NÃO aconteceu

Enquanto Safira sonhava com o seu passado...
Seu pai estava em seu escritório no centro da cidade analisando um novo caso. Sua mãe havia acabado de terminar uma reunião on-line e estava pensando em como convencer a família de irem a uma viagem à Paris. Seu irmão tinha voltado para escola, o treinador havia solicitado uma reunião de última hora, enquanto corria, Liu pensava se deveria investigar sobre o novo amigo de sua irmã. Já Maria estava preparado o almoço e cantarolava a música de ninar que Safira pedia para ela cantar todas as noites quando era criança. Jason estava terminando de arrumar sua mala, seu novo trabalho exigiria que ele ficasse fora por três dias, isso fez com que ele se irritasse, detestava ficar tanto tempo longe de uma vítima, principalmente de um vítima que o deixava confuso, e também - por mais que ele quisesse negar -, simplesmente não lhe agradava ficar longe de Safira.
Já a nossa Safira... bem, ela de fato havia dormido na banheira e o pior, havia deslizado, seu rosto estava submerso e ninguém poderia salvá-la. Que trágico, não? A menina que tinha tudo pela frente morrer devido o seu cansaço mental.

Safira Isabella Adams Collins, uma garota que tinha sérios problemas mas que era uma boa pessoa, o seu sorriso e bondade encantava todos, mas há anos raramente suas covinhas nas bochechas eram vistas... morreu afogada enquanto tomava banho, acabou adormecendo e Thanatos a levou.

Quem encontrou o seu corpo não foi sua mãe que foi vê-la, ou seu pai que foi conversar com ela como haviam prometido, ou Maria que iria cobri-la já que sua menina sempre esquecia quando estava muito cansada, muito menos Liu que iria importuná-la e iriam dormir abraçados como sempre faziam. Quem encontrou o seu corpo sem vida foi ele, Jason.

Jason, que havia dirigido como um louco, que havia pulado o muro e se escondido das câmeras de segurança, que havia escalado a parede para poder encontrá-la e dizer alguma desculpa que justificaria seu sumiço futuro e guardaria o seu rosto em sua memória.

Quando ele a pegou em seus braços a chamou, mas não obteve resposta, ele tentou fazer com ela voltasse, mas foi em vão, sua alma já havia sido levada.

- Não me deixe. - ele sussurrou enquanto a apertava em seus braços - Você não... você não pode me deixar, por favor. - ele então percebeu que estava chorando, ele não chorava há anos, mas naquele momento ele soube de duas coisas, a primeira era que ainda podia chorar, e a segunda, foi como se um véu que tampava os seus olhos houvesse caído no chão, ele percebeu - embora que tarde demais - a verdade escondida.

- Eu te amo - foi a última coisa que disse antes de depositar um beijo em seus lábios gelados e colocasse o seu corpo aonde havia encontrado

Jason apareceu na porta da frente e Maria o atendeu, ele inventou que estava atrás de Safira para pegar as matérias que havia perdido, ela com um singelo sorriso o deixou entrar e falou onde ficava o quarto da garota.

Bem, ele novamente encontrou o cadáver, gritou por socorro, a mãe de Safira veio correndo e quando viu a cena gritou de pavor mas teve força suficiente para ligar para a emergência .

Jason não aguentou a dor e decidiu o que iria fazer, escreveu uma carta e ligou para Luke pedindo que fosse até a sua casa. Quando Luke chegou encontrou Jason deitado em sua cama e com a carta em suas mãos, após ler a mesma, ligou para a família de Safira e explicou a situação.

Jason havia cometido suicídio, em sua carta ele explicava o quanto amava Safira, que gostaria de ter mais tempo com ela, ele implorava para ficar junto dela mais uma vez. A família da garota comovida pela situação e com a autorização de Luke -que era o único familiar conhecido do garoto- decidiu enterrar os dois juntos, e em sua lápide um escrito:

"Irei amar-te por toda eternidade"

[...]

Jason conseguiu encontrar sua amada novamente, ela o esperava embaixo de uma árvore.

- Jason - ela gritou, o garoto correu em sua direção e quando ficaram na frente um do outro ele a abraçou fortemente com medo de aquilo fosse um sonho e quando abrisse os olhos estaria queimando no inferno. - Jason, precisamos ir. - disse se afastando.

- Para onde? Não creio que eu vá para o céu com você

- E quem disse que vamos para o céu?

- Acho difícil você ir para o inferno comigo.

- Não vamos para o céu ou para o inferno, vamos viver mais uma vez.

- Reencarnar?

- Pode se dizer que sim, eu estava pensando em algum lugar da Europa, o você acha?

- Aonde você quiser ir eu vou.

- Fico feliz em escutar isso. - ela pegou em sua mão e começou a guiá-lo a algum lugar.

- Espere. - Jason disse parando de caminhar, Safira olhou para ele com a sobrancelha erguida. - Antes de irmos tenho algo a lhe dizer - ele ergueu a sua mão até o rosto de Safira e fechou os olhos - Eu... - ele respirou fundo, nunca havia imaginado que algo assim aconteceria, então ele soltou as três palavras que provavelmente todos desejam ouvir - eu te amo.

Safira sorriu e beijou seus lábios.

- Eu já sabia, ouvi quando você disse, eu também te amo.

Eles se beijaram novamente, um beijo demorado e repleto de paixão, eles sorriram mais uma vez e voltaram para o seu caminho

[...]

Em suas novas vidas, Jason havia nascido um ano antes de Safira, seu nome era Jeff e enquanto Safira, Sofia. Seus pais eram próximos e por isso cresceram juntos - tenho que ressaltar que foram os seus únicos amores -. Jason não era um psicopata, Safira não tinha transtornos psicológicos. Ele era um cirurgião, e ela, uma psiquiatra, ambos era conhecidos e renomados no mundo da medicina.

E em uma viagem que fizeram, por coincidência ou por simples capricho do destino, foram parar em frente a lápide de suas antigas vidas.

- Não é lindo Jeff? Se amarem ao ponto de jurar amar a mesma pessoa por toda a eternidade?

- Sim. - disse enquanto a abraçava para protegê-la do frio do inverno.

- Já imaginou se somos reencarnações destes dois? - ela disse sorrindo.

- Bem se somos, sabemos que nos encontraremos de novo e de novo, para sempre. - ele se afastou o suficiente para ver o seu rosto - Mas, se não somos, eu juro em frente a este casal que cumprirei a mesma promessa deles. Irei te amar por toda a eternidade.

A garota sorriu e o beijou.

- Eu também juro que irei te amar por toda eternidade. - eles se abraçaram e ficaram ali por um tempo - Vamos, eu quero tomar um cappuccino.

- Quantos você quiser, meu amor. - o garoto disse entrelaçando suas mãos e a guiando para fora daquele lugar.

E algo no fundo de suas almas sorriu e se alegrou sabendo que aquela promessa se cumpriria para sempre.

O Psicopata e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora