VI

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Jason

Há muito tempo não durmo sem ter pesadelos, já estava acostumado a ter esses sonhos noite após noite, e então essa garota apareceu e como um passe de mágica, abraçar ela e dormir é como ter a paz de volta, é como se toda a guerra interior sumisse. E agora estou aqui, observando-a dormir em meus braços tentando entender o que eu sinto por ela.

Não posso me sentir assim, eu sou um psicopata e ela mais uma vítima, minha vítima, não posso me entregar a esses sentimentos desconhecidos, eu fui criado e ensinado a matar a sangue frio a não ter sentimentos por nada nem ninguém. "Amar vai te levar ao inferno, Jason". Fico repetindo esse mantra que parece não surtir efeito no meu cérebro.

Olho para ela mais uma vez, seu rosto é tão angelical, nem parece que coloca o meu mundo de cabeça pra baixo toda vez que me olha. O que eu sinto por ela eu só sentir uma vez. E essa pessoa morta. Mas ao mesmo tempo é tão diferente.

"Não Jason, não pense nisso, ela é a vítima e você o assassino. Isso, vítima e assassino, você só precisa ter a total confiança dela".

Imagino o seu corpo no chão sem vida, mas isso faz com que meu peito doa e minha garganta fechar.

Droga.

Pego meu celular e ligo para a única pessoa que pode me ajudar.

- Alô? - a pessoa diz sonolenta.

- Amanhã, no lugar de sempre. É algo importante. - Encerro a chamada e volto a envolver meus baços em seu corpo, fecho meus olhos. Qual é o mau de aproveitar mais um pouco?

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Safira

Acordo com os primeiros raios de Sol através da janela, me levanto e coloco a minha roupa.

- Jason acorda, temos que ir. - Falo mexendo em seu braço.

- Só mais cinco minutos. - Ele fala se virando.

- Vamos, eu tenho que ir para casa. - Falo pegando na sua mão.

ele me puxa para a cama e me abraça.

- Volta a dormir, daqui a pouco a gente vai.

Permito fechar os meus olhos mais um pouco e dormir, alguns momentos se passam e o despertador toca. Agora sou eu que não quero ir, não quero mais levantar da cama.

- Ok, a gente tem que ir agora. - Ele diz se levantando.

Depois de um tempo ele já havia se trocado e fomos para o seu carro, no meio do caminho começou a chover e não pude conter o sorriso.

- Pensei que não gostasse da chuva.

- Eu não gosto do barulho dos raios e trovões, quando eu era criança e começava a chover eu pegava uma coberta e um protetor de ouvidos e ficava vendo as tempestades da janela do meu quarto, eu me sentia em paz, na realidade, eu amo a chuva.

Ficamos em silêncio o caminho todo, disse para ele ir pelo outro lado de casa, assim ninguém iria ver ele ou a mim. Pulei o muro e escalei até a janela do meu quarto, me arrumei rapidamente e sai pela porta da frente pra não causar suspeitas, esbarrei em Ana umas das funcionárias da casa e disse para ela que se alguém perguntasse de mim eu tinha saído mais cedo para pegar um livro na biblioteca da escola.

Dei a volta no terreno e entrei de novo no carro de Jason ele estava com os olhos fechados, parecia pensativo, mas nada falei, não estava gostando do clima que estava surgindo, o silêncio antes agradável agora era extremamente desconfortável, ele foi muito rápido de vez em quando avançava o sinal vermelho. Ele estacionou na esquina da escola, não sabia o que dizer sem parecer indelicada.

O Psicopata e a SuicidaOnde histórias criam vida. Descubra agora