Capítulo 2.

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Tessa.

— O que o senhor veio fazer aqui? O papai nem me avisou que você vinha. –pergunto pro meu tio enquanto limpo a bancada.

— Vim fazer uma visita, tava com saudade da minha sobrinha. –eu sorrio mas posso sentir que tem algo a mais no seu tom.

— E como tá no seu trabalho?

— Bem, Hardin ganhou na temporada passada e a próxima começa daqui uma semana. –entrego o café pra ele.– Obrigado. –bebe um pouco do líquido.

— Mas o senhor não devia tá treinando ele agora? –ele suspira.

— Tirei umas férias. –toma mais do café e fica me olhando. Levanto as sobrancelhas esperando que ele fale.– Eu não posso falar ainda, seu pai disse que vem almoçar aqui pra falar o que é.

— Tá bom. –franzo o cenho mas não pergunto mais nada.

— Eu vou dar uma volta, mas volto na hora do almoço pra tá aqui quando você e seu pai forem conversar.

— Tá bom, tchau tio. –sorrio sem os dentes e ele se levanta dando um beijo na minha testa.

— Tchau, Gabi. –ela levanta o rosto e suas bochechas ficam vermelhas.

— Tchau. –sorri e ele sai. Eu me viro pra ela.

— O que foi isso?

— Ele é tão gostoso. –suspira apaixonada e eu não consigo não rir.

A manhã passa rápido e logo tá na nossa hora de almoço. Assim que eu saio com a bolsa no ombro e Gabi do meu lado, vejo meu pai e meu tio saindo do carro. Sorrio e vou até eles.

— Oi, papai. –o abraço.

— Oi, bonequinha. –beija minha bochecha e me solta.– Oi, Gabi.

— Bom dia, tio. –ela é minha única amiga que meu pai deixa chamá-lo de tio, ele é um ótimo pai mas é meio carrancudo.

— Vai almoçar com a gente? –ele abre a porta de trás pra mim e eu entro.

— Pode ser. –entra também e meu pai fecha entrando de volta no carro assim como meu tio.

— Como foi o trabalho?

— Normal, uma criança apareceu com um golden. –Gabi diz.

— Ele era a coisa mais linda, mas eu não sei como aquela menininha conseguiu levar aquele cachorro quase o dobro do tamanho dela. –Gabi concorda comigo.

Logo estamos parando na frente do restaurante do pai de Gabi e amigo do meu pai. É um lugar pequeno e humilde mas é onde a maioria das pessoas aqui na cidade almoçam já que é um dos três únicos aqui.

Meu pai só começa a falar quando a comida chega.

— Então, filha. –diz me fazendo colocar o garfo no prato e olhar pra ele.– Eu tenho que te dizer uma coisa.

— Pode falar.

— Você sabe que seu tio tá bem na vida, ganhando bastante, morando num lugar bom. –franzo o cenho mas faço que sim com a cabeça.– E você também sabe que tá difícil pra mim conseguir te dar a vida que você merece.

— Papai, o senhor me dá tudo. –falo com medo do que ele vai falar a seguir.

— Não dou, boneca. Mas você é a melhor filha do mundo e nunca vai admitir isso, então eu e seu tio conversamos e ele aceitou te receber na casa dele. –arregalo os olhos.

— Como assim? –pergunto, a garganta fechada.

— Você vai se mudar, vai ter a vida que merece em um lugar melhor. –meus olhos se enchem de lágrimas.

— Papai, por favor. Eu não quero ir. –choro.– Eu não posso te deixar aqui, nem quero. Por favor, a gente dá um jeito. –ele segura minhas mãos.

— Não se preocupa, filha, eu tô fazendo isso pra te ver bem e nada nem ninguém me faria mais feliz que te ver feliz.

— Mas eu tô feliz aqui! O senhor tá aqui, meus amigos tão aqui. –me viro pra ela que tá olhando pro colo pensativa.– Gabi, me ajuda, por favor. –seguro sua mão chorando como nunca.

— Tess, eu acho que é melhor você ir. –sussurra me fazendo chorar ainda mais e soltar sua mão.

— Por que eu não posso ficar? Eu trabalho mais horas, eu faço qualquer coisa.

— Filha, tenta me entender. –diz e eu me levanto pegando minha bolsa e saindo do restaurante.

Eu não quero que eles venham atrás de mim então assim que saio entro na rua do lado e vou andando até a pracinha enquanto choro.

Meu pai é tudo que eu tenho, eu não consigo acreditar que ele quer mesmo que eu me mude porque acha que vai tá me fazendo bem. O que me faz bem é viver com ele, meu melhor amigo.

Eu queria tanto que ele pudesse ver que dinheiro não vai me fazer feliz, e sim estar perto de quem eu amo.

Me sento em um dos bancos da praça e olho pras crianças brincando, eu queria poder voltar pra essa época, antes da minha mãe começar a beber e me bater todo dia. Ela sempre me trazia pra cá e quando chegávamos em casa me dava um banho e íamos assistir filme com meu pai. Mas aí a minha avó morreu e ela caiu num poço sem fundo.

Solto um soluço e limpo de novo as lágrimas.

Eu posso até ir pra casa do meu tio, mas tenho certeza que nada vai me fazer feliz lá.

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tô com pena da Tessa mas pelo menos ela vai conhecer o gostoso!!

comentem muitooo e votem por favorzinhoo

Fight For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora