Capítulo 1.

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Tessa.

10 anos.

— Presta atenção. –suspiro e levanto meu olhar pro rosto da minha mãe enquanto tento segurar as lágrimas.

— Desculpa. –sussurro e abaixo o olhar de novo.

— Para de falar assim com a minha filha. –meu pai briga entrando na cozinha e eu me encolho na cadeira.

— Essa puta não quer lavar a porra da louça, quer que eu crie uma vagabunda? –minha mãe berra de volta e me dá outro tapa forte no rosto quase me fazendo cair. Eu já tô roxa da surra que ela me deu anteontem, mas ela não parece se cansar.

— Sai da minha casa agora. –ele fala com raiva, tô com medo dele bater nela.

— Vai tomar no cu. –minha mãe diz e solta uma risada.

— Eu tô falando sério, Karen. –ele se vira e me pega no colo, provavelmente pra ter alguma coisa pra se segurar de bater nela. Eu abraço o pescoço do meu pai me permitindo chorar no seu ombro.

— Quer saber? Eu vou mesmo, quero que você e essa imprestável se fodam. –fico em silêncio mas escuto a porta da frente batendo com força e deixo as lágrimas saírem com força agora, junto com soluços.

— Shh. –meu pai sussurra e se senta no sofá da sala minúscula assim como o resto da casa fazendo um carinho no meu cabelo.– Acabou, filha, acabou. –ele tenta me assegurar mas não consigo parar de chorar.

— D-desculpa, papai. –falo entre os soluços e ele tira meu rosto do seu ombro pra eu olhar pro seu rosto.

— Não se desculpa, bonequinha, você não fez nada, entendeu? Não é sua culpa. –beija minha testa e me abraça de novo.

— Desculpa, d-desculpa, desc-culpa. –repito várias vezes enquanto choro. Meu pai solta um suspiro e me deixa chorar sem falar nada.

Hoje em dia.

Acordo com o barulho do trem e bocejo, tô com tanto sono.

Ontem fui dormir tarde porque tava esperando meu pai chegar do trabalho, ele tá chegando cada vez mais tarde e saindo cada vez mais cedo e eu não sei o que fazer. Eu já tô trabalhando, todo o meu dinheiro eu dou pro meu pai pagar as contas mas mesmo assim não dá pra tudo.

Levanto mesmo com vontade de passar o dia todo dormindo e sorrio quando vejo Lua, minha gatinha.

— Bom dia, filha. –a pego no colo e ela solta um miado como se me respondesse me fazendo sorrir ainda maior.

Lua é pretinha e tem os olhos grandes amarelos, ela foi muito mal tratada por causa de pessoas desocupadas que dizem que gatos pretos trazem azar, tanto que ela não tem uma patinha e uma das orelhas dela é quebrada. Mas assim que eu a vi pra adoção me apaixonei, passei três semanas implorando pro meu pai e finalmente ele deixou.

A coloco no chão porque por mais que ame minha filha, não posso demorar muito.

Tomo um banho rápido e coloco a calça jeans e a blusa vermelha com o logo do café que eu trabalho. Depois desço as escadas com a bolsa na mão já com o celular e a chave dentro e entro na cozinha vendo meu pai sentado comendo um pão.

— Bom dia, papai. –beijo sua bochecha sorrindo e ele sorri fraquinho pra mim. Meu pai tá ficando velho mas não consigo pensar em não o ter comigo.

— Dormiu bem? –me empurra um prato com um pão e um copo com suco já que odeio café.

— Dormi, e o senhor? –minto e sei que ele vai mentir também então enfio o pão na boca.

— Bem. –termino de comer meu pão e tomo o suco rápido porque tô quase atrasada.

— Preciso ir, tchau papai. –beijo sua bochecha de novo e deixo as louças na pia.

— Deixa que eu lavo.

— Ok. –mando um beijo pra ele enquanto saio de casa e suspiro quando o ar da cidade pequena onde moro atinge meu rosto me fazendo sorrir.

Ando até o café e assim que chego vejo que Gabi já tá lá dentro, ela é uma das minhas amigas mais próximas.

— Bom dia. –sorrio assim que entro e ela se vira.

— Bom dia, gostosa. –me manda um beijo me fazendo rir. Passo pra cozinha pra guardar minhas coisas e assim que volto Gabi já tá atendendo um cara.

— Um cappuccino grande. –ela me avisa e eu vou fazer enquanto o cliente paga.

— Obrigado. –ele sorri pra mim.

— Obrigada você, tenha um bom dia. –sorrio de volta e tento não deixar claro que broxei um pouco quando vi o papel na bancada que ele deixou antes de sair pela porta.

— Sinceramente você só pode ter uma xereca de mel. –Gabi diz e eu rio.

— Não fica com ciúmes, Gabizinha, você sabe que é minha transa preferida. –ela faz cara de safada e logo estamos as duas rindo.

— Bom dia. –escuto uma voz grossa que me faz dar um pulo e me viro. Levanto minhas sobrancelhas quase no couro cabeludo.

— Tio? –ele sorri e eu saio da bancada o abraçando.– Quanto tempo, meu Deus.

— Você tá enorme. –me solta e me observa um pouco.– Na verdade não, mas cresceu desde que tinha 8 anos. –eu reviro os olhos ainda com um sorriso no rosto.

— Essa aqui é a Gabi, tio. –me viro pra ela que tá praticamente babando nele. Não posso culpá-la, meu tio realmente é um gato. Mas acho que é porque ele treina um lutador muito famoso então tá sempre treinando. Eu não o conheço, só sei porque meu pai me disse porque não sou nada fã de lutas de MMA.

— Prazer. –aperta a mão dela com um sorrisinho cafajeste, ele tá flertando com ela?

— Prazer. –ela responde baixo.

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odeio a mãe da Tessa, é isso.

E FELIZ PÁSCOA GENTEEEE amo mtoooo vocês 💖💖💖

queria um ovo mas 100 reais não dou nem fudendo, vcs ganharam/vão ganhar algum?

e sim to postando logo agora pq to ansiosa p saber oq vcs sacham da ideia dessa história

Fight For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora