17 - Entrega

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 - A cirurgia ocorreu bem. Ele já está na UTI aguardando a visita de vocês - a cirurgiã com cara de acabada afirmou ao chegar à sala de espera.

Era tudo que elas estavam esperando ouvir nas últimas sabe-se lá quantas horas.

- Claro que ele ainda tem uma longa jornada pela frente. A recuperação vai ser longa, mas a cirurgia ele aguentou muito bem. Ainda não está completamente acordado da anestesia, mas em breve ele estará.

E uma série de explicações e alertas se seguiram, mas tudo que a médica disse foi completamente ignorado pelas duas. Não tinha como se concentrar em mais nada com a euforia que preenchia aquele ambiente no momento.

Apesar de ainda carregar um certo pavor no peito pelo que poderia acontecer durante a recuperação de seu irmão, hoje era o dia mais feliz de sua vida. Junseo estava bem, a cirurgia tinha sido um sucesso e finalmente poderia sonhar com uma longa vida ao lado dele. Dahyun tinha medo do tanto que já amava aquela criança. Ela não saberia mais viver se algo de ruim acontecesse com ele, apesar do pouco tempo de convívio. Isso a apavorava, mas não tinha como evitar.

Não sei amar tão entregue assim. E se eu fizer tudo errado com ele no futuro?

- Posso te dar um abraço? - foi a pergunta que sua mãe, em meio às suas lágrimas.

- Claro...

Dahyun também estava chorando. Não se lembrava a última vez que tinha abraçado sua mãe, mas algo em ter acabado de viver um pequeno milagre as deixou mais sensível e com vontade de um contato físico como aquele. Era muito estranho abraçá-la, não era como se estivesse abraçando uma pessoa querida, era um ato de educação misturado com uma sensação de vitória por conseguir fazer isso apesar de tudo que ela já a tinha feito sofrer, mas ainda assim parecia a coisa certa no momento.

E o importante era o que aconteceria depois.

Dahyun pôde dar uma olhadinha em seu irmão dentro da pequena incubadora cheia de fios e agulhas que o rodeavam, e tudo que ela conseguia pensar era que a fraldinha de recém nascido ainda era gigantesca para ele. Não conseguia parar de sorrir e chorar ao mesmo tempo. Era simplesmente a coisa mais delicada e perfeitinha do mundo. Ela usou as portas laterais da máquina para acariciar seus pequenos braços e começou a chorar outra vez quando ele usou uma mão inteira para segurar seu dedo mindinho. Por tudo que ele já tinha passado, realmente era menor que os outros bebês com seu tempo de vida, mas não importava, ele era perfeito.

A coreana teve que sair para sua mãe entrar e passar a noite ao lado dele, e ela foi para casa já se perguntando quando poderia voltar para vê-lo. Todo o estresse que passou durante o dia aguentando toda a ironia e má fé de sua mãe enquanto aguardavam notícias parecia nem existir mais agora. Só de vê-lo vivo e se mexendo, já sentiu que tudo tinha valido a pena.



"E aí? Como você está?" a japonesa perguntou por mensagem ao ouvir sua mãe e seu padrasto comentando que tinha ficado tudo bem com a cirurgia do bebê.

Se algo tivesse dado errado, Sana não teria coragem de falar sobre esse assunto pelo celular, mas nesse caso tudo bem. Provavelmente ela quer conversar sobre isso. Todo mundo gosta de falar sobre coisas que deram certo.

Dahyun, que estava eufórica, prontamente a respondeu"Nunca estive melhor. Acabei de sair da UTI, ele está até mais coradinho já. Preciso comemorar"

"Quer comemorar como?" A japonesa perguntou com segundas intenções, mas querendo fazer Dahyun rir ao mesmo tempo. Esse era basicamente o jeito com que ela lidava com situações pesadas ou de muita emoção em sua vida: fazendo piadinhas e rezando para não ser mal vista por isso. Falar sério nunca foi seu forte.

Life's a bitch - SaidaOnde histórias criam vida. Descubra agora