Há um ano...
Faltava menos de uma hora para eles saírem de casa para levar Dahyun ao aeroporto. A filha do atual marido de sua mãe estava indo fazer intercâmbio para "descansar a cabeça" após o fim do ensino médio.
Típica coisa que as pessoas da minha idade falam para poder fazer merda por um ano longe dos pais.
Ofereceram a Sana a possibilidade de ir junto ou ir para outro país, mas tudo que ela não queria era ter que se acostumar a um ambiente novo mais uma vez. A mudança do Japão para a Coréia logo após a perda de seu pai tinha sido traumática demais para ela, que nunca foi boa nisso de fazer amizades.
Tinha se passado apenas uma semana desde que sua mãe e o marido voltaram da lua de mel, então ela morou poucos dias com aquela garota, mas já foi o suficiente para reparar em algumas coisas. A primeira, que notou logo de cara, é que ela era muito bonita e tinha um sorriso insuportavelmente debochado.
Não tem como aguentar essa criatura por muito tempo, ainda bem que só precisei conhecê-la agora.
A segunda coisa que Sana notou foi que Dahyun gostava muito de brincar com a cara dela.
Várias pequenas atitudes da coreana a faziam pensar que ela estava flertando, mas não tinha nada concreto e Sana nunca tomaria uma atitude para confirmar suas suspeitas, então se contentava em apenas pensar nela enquanto estava enfurnada sozinha no quarto. Ela fantasiou mais coisas com essa garota essa última semana do que se orgulharia de confessar.
E ela nunca vai saber, até porque vai sumir da minha vida e eu vou fingir que isso nunca aconteceu.
Não passava de olhares, toques inesperados e algumas palavras ditas perto demais, mas era o suficiente para mexer com a cabeça de Sana a semana inteira. Ela tinha até sonhado com aquela desgraça de mulher.
Isso que dá ser virgem ainda. Eu preciso desesperadamente viver mais.
No aeroporto, eles sentaram para tomar um café e estavam esperando o embarque. Ainda faltava quase uma hora para o embarque começar e Sana já estava impaciente encarando a tela do celular esperando alguma notificação aparecer, o que não aconteceria dado que era de manhã cedo e Momo, sua amiga, não acordaria antes do meio dia nesse fim de férias.
A Momo ia rir da minha cara se visse a minha situação. Espero um dia ter a facilidade que ela tem pra pegar pessoas.
A japonesa não entendeu quando Dahyun levantou do banco ao seu lado e estendeu a mão em sua direção.
- Sana...você viria comigo até o banheiro? - ela disse com um sorriso supostamente inocente em seu rosto, mas a outra garota sabia que tinha algo diferente ali.
Pra que? Eu não confio em você.
- Ah...a gente não está fazendo nada mesmo, pode ser - ela sentia que se arrependeria de dizer não.
Provavelmente vou me arrepender de dizer sim também, mas vida que segue.
- Isso mesmo filha, acompanhe a Dahyun. Façam as fofoquinhas de meninas no banheiro, eu sei bem como é - a senhora Minatozaki falou simpática.
Sana revirou os olhos e seguiu os passos de Dahyun. Sua mãe amava aquela garota desde que começou a namorar o pai dela e forçou bastante a barra nos últimos dias para aproximar as duas. Aquele relacionamento fazia muito bem para ela e não queria que nada desse errado em seu novo casamento.
Elas se levantaram e foram em silêncio em direção ao banheiro do aeroporto. Minatozaki não pôde deixar de notar que os olhos de Dahyun a todo momento desviavam do caminho e pousavam sobre seu rosto, mas ela fez o que pôde para não cruzar olhares com ela. O que ela quer de mim?
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Life's a bitch - Saida
Hayran KurguSana foi pega desprevenida pela vida algumas vezes. Quase se afogou numa lagoa quando era criança, perdeu seu pai e se mudou para a Coreia adolescente e, agora, aos dezenove anos, foi - a contragosto - morar na mansão de seu novo padastro, Sr. Kim. ...