Dahyun acordou assustada no meio da madrugada com um temporal acontecendo lá fora. Ventania, trovões, os pingos grossos de água no chão...tudo fazia muito barulho, e ela detestava a sensação que esses sons lhe causavam.
Uma coisa que nunca vou entender é como alguém gosta de barulho de chuva para dormir.
Desde criança ela odiava esses sons. Não lhe traziam boas lembranças.
Não era como se ela tivesse medo também, era só um incômodo estranho, a deixava sem paciência. Sua mãe costumava dizer que essas eram as melhores noites pra dormir e que valorizava isso. Literalmente se trancava no quarto e não lhe dava mais atenção quando chovia.
Talvez daí que venha meu trauma em relação a temporais. E à minha mãe.
Ela abriu melhor os olhos e visualizou a silhueta da jovem mulher dormindo ao seu lado. Ela parecia em paz, devia estar tendo um bom sonho. Como ambas se reviravam muito enquanto dormiam, já estavam bem mais longe uma da outra do que quando deitaram, mas um dos braços da coreana continuava sobre o abdome de Sana. Foi quase reflexo o ato de deixar uma pequena carícia com o polegar ali, e o arrependimento logo bateu, porque isso acabou a acordando.
Definitivamente o sono dela é mais leve que o meu.
- Desculpa - ela disse sussurrando, como quem diz que Sana poderia voltar a dormir.
- Tudo bem.
O cérebro ainda não totalmente acordado de Sana apenas a fez tatear a lateral da cama em busca de água, porém Dahyun havia secado a garrafa de nervoso antes de dormir. Quando ela notou o que Sana queria, se voluntariou para ir até a cozinha pegar mais um pouco.
Talvez isso a distraísse de seus pensamentos.
Ela voltou com duas garrafinhas de água e se sentou na cama. Sana pegou uma delas e apoiou sua mão livre sobre uma das coxas da coreana de frente para ela. Por mais que não soubesse direito como agir perto dela, já que não sabia bem o que elas eram, o contato físico sempre foi liberado e ela fazia questão de aproveitar.
- Valeu - a japonesa disse ao matar sua sede.
Dahyun respondeu com um sorriso e um pequeno "não" com a cabeça, como quem diz que não precisa agradecer. Sana levantou da cama e foi até o banheiro, e na volta encontrou a coreana ainda sentada na mesma posição, com a garrafa como mesmo tanto de água dentro, encarando o mesmo canto de seu quarto.
Isso não pode ser normal.
- Tá vendo alguma assombração? - ela pergunta e Dahyun demora alguns segundos para entender que era uma piada e solta uma risadinha. Deve ter sido uma cena estranha pra ela, mas pelo menos ela voltou a fazer carinho na minha coxa.
Aquela mão quentinha sobre sua pele era muito agradável, a trazia de volta a onde realmente estava.
- Tô lembrando de uma, na verdade - ela diz esfregando o rosto com as mãos, como quem tenta deixar um pensamento pra trás.
O carinho de Sana nem parecia ter segundas intenções, mas o mínimo que fosse vindo dela acabava acendendo Dahyun por dentro quando ela estava em seu estado emocional "normal" - bem diferente do que estava mais cedo, por sinal.
- Eu diria para você ter cuidado com essa mão - a coreana fala, retomando seu leve ar de deboche basal.
Sana lançou um discreto sorriso de lado na hora. Sabia o que estava por vir.
Quase senti saudades dessa cara. Por mais que seja de deboche, é melhor que a de tristeza que ela estava ontem.
- Como assim? - perguntou a encarando, intensificando um pouco os carinhos que fazia em sua perna e subindo até por baixo da barra de seu shorts.
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Life's a bitch - Saida
FanfictionSana foi pega desprevenida pela vida algumas vezes. Quase se afogou numa lagoa quando era criança, perdeu seu pai e se mudou para a Coreia adolescente e, agora, aos dezenove anos, foi - a contragosto - morar na mansão de seu novo padastro, Sr. Kim. ...