5 - Não se preocupe com ela

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Para seu sincero alívio, Sana, no fim das contas, não precisou conviver muito com Tzuyu naquela tarde. Pelo que ouviu da conversa dela com sua mãe, Chou tinha um compromisso de família para prestigiar e precisava ir embora cedo - e um peso saiu das costas de Minatozaki assim que ela o fez. Não tinha nada em particular contra aquela garota, tentava não ter, ao menos, mas só o fato de ter uma desconhecida em casa já era o suficiente para deixar Sana incomodada. Ao contrário de sua progenitora, ela detestava de conhecer pessoas novas. 

Pior que ela até parece gente boa.

O real problema real daquela tarde foi que, com o pouco que viu, não conseguiu concluir se as duas eram realmente só amigas ou não. A possibilidade de algo a mais rolar ali empesteou a mente de Sana com uma culpa estranha por horas, mas, por fim, decidiu que não iria se importar com aquilo. Se Dahyun estivesse traindo alguém ou não, não era problema seu. Nada do gênero tinha sido dito e ela não era obrigada a adivinhar.

Ela que cuide da própria vida, não tenho nada a ver com isso.

Nessas horas da vida que Sana gostaria de ser menos introvertida. Sentia que as pessoas mais extrovertidas eram melhores em só colocar para fora seus sentimentos de uma vez e não ficar pensando sobre o que poderia ter sido depois, mas ela não sabia nem como começar a fazer isso. Ela não chegaria simplesmente perguntando se Dahyun tinha algo com aquela garota, isso seria um sinal de interesse afetivo muito óbvio.

A estudante de psicologia passou as mãos pelos cabelos, os puxou para traz e os prendeu num coque alto, ainda imersa em pensamentos. Esse seria um dia daqueles. O pior é que nada me tira da cabeça que você fez isso de propósito, Dahyun.

Acho que eu preciso de um pouco de água.


Kim, por outro lado, tinha adorado aquela pouca interação. Não esperava por isso, mas notou, logo que a viu chegando perto da piscina, que Sana estava mais estranha que o normal naquela tarde. Toda aquela evitação poderia ser pura timidez ou, como acreditava mais fortemente, um sinal nítido de ciúmes. Ela parecia especialmente incomodada toda vez que a loira abraçava ou chegava mais perto da amiga, e isso não devia ser coincidência.

Você é tão fácil, garota...

Se, por um lado, Dahyun ficou um pouco triste por Tzuyu ter tido que ir embora cedo, por outro, animou-se ao pensar que aquela era uma ótima hora para dizer algumas coisas para Minatozaki. Além da garota já estar um pouco sensível pelo ciúmes que supostamente sentiu, também estavam vestindo pouca roupa, afinal ainda não tinham tirado os trajes de banho, e pele exposta é sempre um ótimo artificio no quesito flerte.

Pelo menos, para esse tipo de flerte.

A coreana aproveitou que seu pai e sua madrasta estavam no quarto para abordar Sana, que mexia distraída no celular encostada na bancada da bela cozinha de sua casa.

 - Oi, Satang - ela disse e Sana imediatamente virou em sua direção.

 - Você... - respondeu fingindo desinteresse.

 - Eu mesma. Queria conversar mais com você, ficou quieta a tarde inteira. Você está bem? - a coreana perguntou de forma meiga.

Até parece que é sincero.

 - Estou ótima.

Dahyun sentia que estava falhando em capturar de vez a atenção de Sana, que continuava digitando algo no celular. Ela notou que o olhar da japonesa se voltava para seu corpo vez ou outra, mas ela queria mais do que isso.

 - Gostou da Tzuyu? Ela é um amor, não? - a coreana perguntou, testando para ver a reação de Sana.

A japonesa logo notou o que ela estava fazendo ali e manteve uma expressão fria apesar de estar sentindo o corpo se aquecer por dentro com aquela visão de Dahyun de biquíni tão próxima a ela.

Life's a bitch - SaidaOnde histórias criam vida. Descubra agora