- A minha resposta é não! – Seher fixou o olhar em Selim, e percebeu sua face passar de esperança, para incredulidade e em seguida contestação.
- Seher, não tem motivos para você permanecer casada com ele. Eu posso te salvar daqui, e ainda levar Yussuf. Dar um lar estável e tranquilo para vocês. – Seher fechou os olhos e respirou fundo, prometeu para si mesma não perder o controle, nem gritar e nem chorar, porque quando saísse daquele quarto seu bebê estaria a esperando, ele precisava dela inteira e tranquila.
- Selim, eu não preciso de um herói, e nem quero um. Se hoje, você ainda está tentando me convencer, é porque você não me respeita! Eu não quero nada que você me ofereça, eu tenho tudo o que eu preciso, com dificuldades ou não eu tenho trilhado o meu caminho ao lado do homem que eu escolhi. Dos homens, no caso, Yussuf e Yaman.
- Quando eu não te respeitei? E por que eu te desrespeitaria, Seher? Eu te amo! – Selim, tentava convencer Seher.
Ela se esforçou ao máximo até aquele instante para não feri-lo, e fazê-lo compreender com calma que o que ele queria dela era impossível de se realizar. Todavia, ele a feriu num ponto imperdoável, ele colocou as convicções dela e escolhas como se fosse nada diante do desejo dele. E não foi um erro que ele pediu desculpas e se abriu a escutá-la, ele errou e permanecia a machucando dizendo que ela tinha que aceitar o amor dele. Então ela percebeu que teria que se impor. Afinal, um ponto final significa uma firme rescisão, e era o que ela tinha decidido por naquela amizade, um ponto final. E logo foi elencando:
- Você me desrespeitou quando eu disse que estava bem aqui, e ainda assim você denunciou meu marido à polícia, dizendo que ele mantinha a mim e a Yussuf presos; quando você o agrediu dentro da própria casa dele achando que ele iria revidar e eu ficaria com pena de você; quando você fez aquele jantar às vésperas do meu casamento, e eu pude conhecer o quão ruim você é; ou ainda hoje, quando eu disse que você me escutaria sem me interromper e iria embora, e você não me escutou e me interrompeu!
Você diz que me ama e me trata como uma posse, e só precisa que eu diga sim para ir embora com você para que não seja acusado de sequestro! Porque se você não tivesse medo de ir preso você teria me arrancado daqui, e pego Yussuf num tom de agrado, para que eu me sentisse mais confortável e não porque o ama! – Selim estava chocado, tanto pelo olhar detalhista de Seher, quanto ela pensar desta forma da moral dele.
Rapidamente a sua consciência pesou, sabendo que ela tinha razão, pois, ele mesmo tinha se associado a mafiosos e colocado um inocente na cadeia, então seria capaz de fazer pior sempre se confortando das suas culpas dizendo que era por amor a ela!
Intrepidamente, Seher continuou:
- Selim, eu te fiz meu amigo, e me senti segura ao ponto de te amar como um irmão, de me alegrar com as suas conquistas e te levantar nas suas dificuldades, e você simplesmente desprezou o quão valoroso você era para mim.
Como um irmão eu acreditei que iria ver você formar a sua família e ser uma tia amorosa para os seus filhos, porém, sozinho você decidiu que eu tinha que te amar como um homem, que é um algo que eu nunca senti. Eu me arrependo do quanto briguei com Yaman por sua causa, porque ele tinha visto o egoísta que você é, e eu me recusava a ver! Eu me apeguei ao Selim da minha infância. – Seher sentiu que estava perdendo o controle, parou, fechou os olhos e respirou profundamente mais uma vez, e com a voz controlada e firme, continuou:
- Hoje, eu te recebi em respeito a nossa história e ao meu Baba, que confiava tanto em você. Eu não sei em qual momento você se perdeu, porque você não era assim, mas não sou eu que vou te ajudar a se encontrar com aquele menino bom, porque todo e qualquer contato que eu tive com você se encerra aqui.
Selim estava paralisado, seus olhos se encheram de lágrimas, e percebeu que tinha perdido a mulher que amava não por que o Kirimli tinha a roubado, mas pelo seu próprio egoísmo e incapacidade de ama-la livremente, aceitando quem ela era, com todas as mudanças constantes que ela vivia. Ele amava a imagem idealizada que tinha formado dela, em seu conceito ilusório de família feliz.
Ele não comediu os seus atos e seu maior erro foi confundir a bondade dela com achar que ela sempre aceitaria tudo. Porque a cada erro dele, ela não tinha aceitado, mas, perdoado e dado uma nova chance, na esperança que ele mudaria de ideia. E mesmo tão magoada com ele ao ponto de manda-lo embora definitivamente da vida dela, ela ofereceu a ele mais um ato de bondade, que foi lembra-lo que ele poderia ser bom. Contudo, naquele instante ele se encontrava quebrado.
Selim olhou para ela mais uma vez, sabendo que seria a última vez que contemplaria a sua beleza e disse:
- Perdoe-me, eu sei que te perdi!
Sem pensar, Seher respondeu:
- Você não me perdeu porque nunca me teve! – Selim balançou a cabeça confirmando, virou as costas e foi embora de cabeça baixa, sem olhar para trás. Seher, o acompanhou com o olhar, e continuou apoiada na mesa. Ressoando em sua cabeça "não perdeu porque nunca me teve", a quem ela pertencia então?
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Dossiê
Storie d'amoreComo seria se Yaman escutasse uma conversa de Seher com Selim, mesmo com a verdade sobre o dossiê não tendo vindo a mostra? Os personagens pertencem a novela Emanet. Esta história é somente como eu gostaria que este plot começasse a se resolver. Boa...