A empolgação pós-descoberta

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Dois Meses de Gestação

Olho para a foto do ultrassom em minhas mãos. Eu estava grávida e ainda era difícil de acreditar. Uma ansiedade absurda tomava conta de mim sempre que eu pensava nisso. Ele era tão pequeno, meu bebê era tão pequeno. Coloco o papel em minhas mãos sobre a cama e passo a observar meu reflexo, usando somente sutiã e calcinha, no espelho de corpo todo que tínhamos no quarto. 

Deixei que Steve descesse para fazer o café da manhã enquanto eu me vestia para irmos trabalhar, mas eu não resisti a perder um pouco de tempo ali. Eu sei que era impossível ter alguma protuberância na minha barriga, mas não importava, o simples prazer de saber que ele estava ali já era mais do que o suficiente. Sorrio, ainda olhando para o espelho, enquanto minhas mãos deslizavam pela superfície ainda lisa do meu abdômen. 

- Uau, isso sim é uma bela visão - giro meu olhar na direção de Steve, que escorado na porta aberta, sem camisa e aquele cabelo bagunçado de quem havia acordado a pouco tempo, também era com certeza uma bela visão.

- Acho que eu concordo com você - o sorriso dele aumenta e o mesmo vem em minha direção logo me abraçando por trás. Seus braços envolvem minha cintura e seu queixo repousa suavemente em meu ombro, a mão dele lentamente desliza junto com a minha onde daqui a alguns meses seria visível o pequeno ser que estava crescendo ali - Eu tive medo de ser só um sonho - confessei e vi que ele assentiu, também se sentia do mesmo jeito - Não quero contar para ninguém até passar o primeiro trimestre, quero que seja algo só nosso e se algo der errado...

- Não vai - ele me olhava de forma tão séria que era praticamente impossível não acreditar nele - Mas eu entendo querer deixar para contar só depois, e está tudo bem. Você vai me deixar te mimar o tempo todo certo? 

Gargalhei ao ouvir aquela pergunta, eu desconhecia uma forma de não amá-lo. Viro-me para beijá-lo e fazer aquilo era sempre tão bom, não conseguia enjoar dos beijos dele, do abraço, do cheiro, do jeito, de tudo o que era relacionado a ele. Todo o meu amor por aquele homem sempre crescia cada vez mais.

- E eu tenho escolha? - levanto a sobrancelha de forma provocativa e ele faz um pequeno bico fingindo estar magoado - Você sabe que se me mimar mais do que já faz no dia a dia eu vou enlouquecer certo?

- Não se preocupe, eu conheço os limites de paciência da minha esposa - ele brinca me beijando novamente - Acho melhor a gente começar a se arrumar ou vamos chegar atrasados e como você não deve fazer esforço, ficar tão perto de você nesses trajes mínimos e não poder fazer nada é muita tentação. 

- Mais algumas semanas e você vai ser todo meu - o sorriso dele estremesse um pouco para dar lugar a outra coisa, nós trocamos mais alguns beijos, beijos que em outros tempos de jeito nenhum acabariam simplesmente com ele indo tomar um banho sozinho enquanto eu finalmente trocava de roupa. 

Sentados a mesa enquanto tomávamos café da manhã, nós não conseguíamos parar de sorrir. Parecíamos dois idiotas sorrindo para o vento, mas sempre que o olhar dele encontrava o meu era impossível não deixar que o sorriso crescesse em meu rosto. Tínhamos um segredo, e o melhor que já haviam me contado. 

- Pode imaginar a reação dos nossos pais quando souberem? - ele me pergunta depois que começamos a andar em direção ao trabalho, de mãos dadas. 

- Vai ser a criança mais mimada do mundo se depender deles - observo o mesmo concordar enquanto ria daquele jeito exagerado.

Tanto eu quanto Steve éramos jornalistas, nós dois trabalhávamos no mesmo jornal o "New York Daily News". Nos conhecemos em uma festa na época da faculdade, graças ao meu ex namorado do ensino médio que coincidentemente era o melhor amigo dele. Steve, como um aluno, e jogador de futebol americano, excelente, conseguiu uma bolsa de estudos como atleta na Universidade de Columbia e eu acabei indo para a universidade pública mesmo, a  City University of New York. Fomos os primeiros das nossas famílias a realmente ir para uma universidade, éramos os dois filhos únicos e sim, não nadávamos em dinheiro, mas tínhamos o suficiente para pagar um apartamento, cuidarmos um do outro e agora desse futuro bebê.

Quando eu e Steve nos conhecemos foi atração a primeira vista. Eu flertei com ele a noite toda, mas lerdo como ele é, o mesmo só veio perceber isso quando já sem paciência acabei perguntando se ele pretendia me beijar ainda naquele século ou não. Deveria ser coisa de uma noite só, mas acabamos trocando telefones e indo em um encontro, e em mais um, e em outro logo em seguida, até que quando percebi já estávamos namorando. Como se isso não bastasse, anos depois trabalhávamos juntos e bum! Chamamos nossos pais em um cartório, junto com minha melhor amiga e o melhor amigo dele e simplesmente casamos. 

Dois anos depois desse casamento rápido, prático e onde fiz ele chorar com meus votos, nós começamos a tentar ter filhos, e sim, foi um período difícil para ambos, mas só serviu para aumentar nossa felicidade nesse momento, quando finalmente tínhamos nosso bebezinho crescendo ali.

Não éramos o casal perfeito, tínhamos nossos defeitos, nossas brigas, mas uma coisa que nós dois concordávamos é que uma conversa era capaz de resolver muita coisa, então em geral, presávamos por uma boa comunicação acima de tudo, em vez de joguinhos que poderiam complicar as coisas mais ainda. Sim, não cumpríamos isso sempre, mas pelo menos a gente tenta fazer que esses deslizes fossem a exceção e não a regra.

Entramos de mãos dadas no prédio do jornal, como sempre fazíamos, tentando disfarçar a estúpida felicidade que parecia não deixar que eu me portasse da maneira mal humorada de costume. Depois de trocarmos um selinho rápido, ele segue para o andar dele enquanto vou para o meu. 

Acomodo-me em minha mesa, e Hill, cuja mesa ficava bem de frente para a minha, passou a me analisar cuidadosamente assim que falei um "bom dia" animado. Eu não era a pessoa mais matinal do mundo, então o fato de estar agindo feliz as 8 horas da manhã, foi o suficiente para que Maria achasse que eu havia sido abduzida e substituída por um Alien.

- Você está bem? - ela questiona depois de terminar de me olhar como se eu fosse um animal exótico.

- Sim - respondo ainda sorrindo, o que ela estranha mais ainda - Eu tive uma boa noite e uma boa manhã...

- Poupe-me dos detalhes sórdidos - e eu engoli meu sorriso naquele momento, sabia que se ela pensasse que estava feliz assim por conta do sexo iria me deixar em paz. Depois eu mesma contaria a Maria Hill que em breve ela seria madrinha.

 Depois eu mesma contaria a Maria Hill que em breve ela seria madrinha

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I've Been Waiting For You - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora