Primeiro Ultrassom

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Pouco mais de um mês de gestação

O carro era preenchido por um silêncio estranho, ao mesmo tempo que tinha aquela atmosfera de excitação pela notícia que havíamos recebido ontem, também havia o medo preenchendo o pequeno espaço onde nos encontrávamos agora. 

Já havíamos passado por isso, foi uma única vez, mas ainda era o suficiente para fazer com que meu coração se apertasse e o ar fugisse dos meus pulmões com o simples fato de lembrar. Steve provavelmente estava se contorcendo de nervosismo por dentro, mas mesmo assim tentava se manter impassível para que eu não percebesse, ou talvez ele só estivesse mesmo empolgado, afinal sempre fora o mais otimista de nós dois.

-Moça, por favor pare com isso, está me deixando louco - o taxista pede exasperado, me olhando rapidamente pelo espelho, só então percebo que vinha batendo meu pé no assento dele desde que saímos de casa.

-Sinto muito - peço de forma sincera e suspiro cansada.

Não consegui dormir ontem a noite, estava agitada demais e mesmo depois de Steve me abraçar ainda não havia conseguido relaxar totalmente. Sinto uma mão entrelaçando-se na minha, obviamente pertencia ao meu marido, logo em seguida, um beijo carinhoso é depositado no alto de minha cabeça, e isso me faz inclinar para apoiar a cabeça em seu ombro.

-Vai ficar tudo bem, Nat - ele diz com aquela voz que era capaz de me acalmar independente da crise em que eu me encontrasse.

-Você não sabe disso, não dá para ter certeza - não era isso que eu queria dizer, não queria soar tão amarga ou descontar aquela frustração nele, mas simplesmente não consegui evitar que as palavras saíssem de meus lábios. Antes que eu pudesse dizer algo para consertar o que tinha dito, o táxi para em frente ao Hospital. 

Desço do carro e fico observando a fachada do local, enquanto Steve pagava o motorista irritadinho. As pessoas entravam e saíam dali, me peguei imaginando como seriam suas vidas, que segredos escondiam, que problemas elas possuíam e que poderiam dar uma boa história. Acho que isso era mania de jornalista, procurar um furo, uma matéria, em todo local. 

Assusto-me levemente ao sentir uma mão sobre meu ombro, mas obrigo meu coração a voltar a bater de forma normal quando encaro o rosto de Steve. Eu podia ver a preocupação e a ansiedade escondidas no fundo de sua alma, mas que ele jamais mostraria. Meu marido sempre colocava a família e os amigos acima de si próprio, e apesar de admirar aquilo nele, também já havia avisado que não era saudável. 

-Está nervoso também? - pergunto ao apoiar minha mão em sua bochecha, ele me dá um sorriso lindo, mas confirma com um aceno de cabeça - Vai ficar tudo bem, nós vamos ficar bem.

-Quando você ficou tão otimista? - ele brinca e seu sorriso aumenta ao me ver revirando os olhos. O mesmo deixa um beijo suave em meus lábios, antes de finalmente entrarmos no hospital.

Havia algumas pessoas ali, esperando também para serem atendidas. Um outro casal se encontrava em sua própria bolha do outro lado da sala de espera, uma das mulheres beijava a bochecha da outra enquanto alisava a barriga gigantesca de sua companheira. Inevitavelmente minha mão foi direcionada para minha própria barriga, e um pequeno sorriso apontou em meus lábios. 

Queria acreditar em Steve, queria acreditar que ia dar tudo certo, mas ao mesmo tempo uma angústia tomava conta de meu coração e isso estava me dando nos nervos.

-Senhora Rogers - Steve segura o riso ao me ouvir resmungar que tinha um Romanoff ali no meio, mas as pessoas insistiam em ignorar. 

Somos guiados para uma sala, onde logo uma jovem médica entra e nos cumprimenta com um sorriso. Ela se apresenta, afirma se chamar Hope Van-Dyne, e em minha cabeça me pergunto se o nome dela seria algum tipo de aviso para que eu me acalmasse e mantivesse as esperanças de que ia dar tudo certo. 

I've Been Waiting For You - RomanogersOnde histórias criam vida. Descubra agora