15 | A NECESSIDADE DE MUDAR

424 61 9
                                    

• - - - - - - 15 - - - - - - •

Acabei por dormir no quarto de Doyoung enquanto que ele foi para o quarto do irmão dele que apenas vinha para casa às vezes já que morava em outra cidade. A mãe do Kim foi bastante compreensiva comigo, ela me emprestou uma muda de roupa para dormir e disse que no dia seguinte eu deveria ligar para minha tia se era exatamente isso o que eu queria fazer, ela também não fez muitas perguntas talvez Doyoung já tivesse lhe contado algo acerca do que havia acontecido.

Minha noite não foi nada tranquila, não consegui apenas dormir pois as lembranças do fatídico dia a anos atrás que mudou totalmente a minha vida ainda estava vívido em minhas memórias mesmo que não tenha percebido isso antes. Fiquei horas apenas deitada na cama encarando o teto do quarto do Kim, ele por algum acaso tinha o mapa mundi no teto em cor azul e não vou mentir, era bem legal mas estava me deixando ainda mais confusa ver todas aquelas linhas, talvez Doyoung tenha sido um péssimo aluno em geografia na época de escola — o que duvido bastante pois ele parece ser bom em tudo —, de qualquer forma o teto era mais interessante do que minha vida bagunçada.

Pensar em como seriam as coisas dali em diante me causava alguma ansiedade ao mesmo tempo que me fazia ficar enjoada, era como estar de cabeça para baixo enquanto caía infinitamente em um buraco negro e sem fim, era dessa forma que eu me sentia. Algumas coisas não são simplesmente fáceis de esquecer, embora eu tenha me esquecido delas por alguns bons anos e isso poderia ter vindo a tona antes e o que mais me magoa é o fato deles não terem se importado em estimular minhas lembranças para fazer com que eu voltasse a ser quem era.

Me levantei da cama em um solavanco sem pensar muito no que iria fazer pois não estava conseguindo dormir de qualquer forma. Precisava conversar com alguém mas temia que Doyoung estivesse dormindo pois se ele ainda era o mesmo de antes, dormia muito cedo e já deveria estar no décimo quinto sono.

Abri a porta do quarto do Kim percebendo que a casa estava no maior silêncio e o corredor dos quartos estava escuro sinalizando que todos estavam dormindo, menos eu. Respirei fundo caminhando em passos silenciosos até a sala que não estava assim tão escura quanto o resto da casa por um dos abajures estar ligado. Caminhei até a porta de entrada da casa e olhei em direção ao corredor para ter certeza de que ninguém estava vindo e ao abrir a porta o bip da fechadura soou mais alto do que o esperado mas aparentemente os Kim não tem o sono tão leve quanto a minha mãe.

Assim que saí da casa senti o vento frio da noite tocar minha pele, não havia ninguém andando na rua e a vizinhança estava silenciosa tirando os latidos de alguns cães. Atravessei a rua e caminhei até a praça a praça que ficava a alguns metros dali, a medida que me aproximava do playground pude ver a silhueta de algo sentado em um dos balanços e estando de costas para mim ele não percebeu minha presença, eu reconheceria ele até mesmo de costas mesmo que não estivesse usando aquele moletom colorido ao qual eu sempre tentei roubar pra mim, não me intimidei em me aproximar e me sentar no balanço vago ao lado. Ele apenas me olhou um pouco surpreso como se não esperasse me ver ali, mas tanto ele quanto eu sabíamos que a probabilidade de eu ir até ali era de noventa por cento, Taeyong me conhece muito bem e não sei porque ele age como se não conhecesse.

— O que veio fazer aqui? — Foi a primeira coisa que perguntei olhando para meus pés e achando incrível o fato de a mãe de Doyoung ter o mesmo manequim que uma garota de dezessete anos e até mesmo usávamos a mesma numeração de sapato.

— Tae-Ha…— Taeyong  começou e nem precisava olhar para perceber que ele não sabia o que deveria dizer. Era até compreensível, tudo era ainda muito confuso embora saiba que ele apenas foi condizente com o que nossos pais quiseram.

— Eu não quero conversar sobre isso com você. — Simplesmente o cortei e ouvi ele suspirar pesarosamente, sentia que estava sendo muito dura com ele mas não estava no meu melhor momento para tratar de um assunto familiar com um familiar. 

One Percent of Love - Jung JaehyunOnde histórias criam vida. Descubra agora