-Mas que porra aconteceu aqui?!
Não é possível que alguém queira brincar com isso! A sala de estar da minha casa está lotada de flores vermelhas de alto a baixo.
-Desculpe patroa, mas mandaram entregar aqui e eu preferi receber e ter que tirar uma por uma, do que arcar com esse prejuízo caso você realmente fosse querer essas coisas.
Olhei espantada para Bertha, minha diarista. Da onde ela tirou que eu fosse gostar de todas essas coisas?
-Quem as mandou?
-Não sei. -Ela dá de ombros e sai andando com uma vassoura em mãos para o rumo da área de serviço. -Mas se quiser eu arranco tudo agora mesmo...e é de graça!
Ouço sua observação bem longe conforme ela se afasta cada vez mais. Com um suspiro de resignação, observo os infinitos buques e checo se há algum cartão. Não vejo nenhum até onde é possível minha vista alcançar. Uma lufada de ar me escapa dos lábios mais uma vez. Pulo um arranjo e, outro e mais outro e estou a ponto de chutar o próximo quando aquela voz grossa e totalmente despretensiosa reverbera até os meus ossos. Meus pelos ficam eriçados de imediato e meu corpo ascende em um chamado silencioso como se ganhasse vida. Totalmente irracional!
-Sentiu minha falta tanto assim?
Reviro os olhos e giro o encarando com desinteresse.
-Logo agora que eu já estava começando uma oferenda em agradecimento pelo seu sumiço?
O canto de seu lábio sobe de forma quase imperceptível em um sorriso maroto.
-Sei...
-Você é o responsável por tudo isso?
Pergunto apontando o dedo indicador e o girando sobre as flores.
-Eu? -Ergo apenas uma sobrancelha ao deboche. -Eu não faria isso com uma mulher bem no dia dos fidanzati.
-O que? Namorados?! Hoje é dia dos namorados?!
-Não hoje. Amanhã para ser mais claro.
Mordo o canto do meu lábio inferior buscando em minha cabeça quem me mandaria flores. Marcus percebe meu conflito interno de adivinhação e sorri olhando ao redor.
-Nenhum cartão? Nome? Nada?
Balanço a cabeça em negativa.
-Não que eu tenha visto.
-Então não procurou!
Bufo e ele salta alguns buquês e vasos até chegar ao um vaso com petúnias e gérberas e retirar um cartão vermelho.
-Ah tá brincando! Cartão vermelho dentro de um mar de flores vermelhas e você foi o único capaz de enxergar? -Ele olha sorrindo e abre o cartão. -Foi você!
Afirmo. Marcus emite vários sonoros "shiu" e balança o dedo indicador de um lado para o outro antes de coçar a garganta.
-Adorável Carolina... Ah fala sério! Que pateta manda um cartão com um "adorável"?
-Bom. Pelo menos agora tenho certeza que não foi você.
-Quieta!
Grave e grosso! Meu estômago formiga com sua ordem apesar de querer mandá-lo tomar no rabo! Uma doce hipocrisia.
-"Adorável Carolina, talvez não fosse o momento apropriado para lhe encher de flores, mas eu espero que entenda que elas são apenas...."
Uma pausa. Uma enorme pausa e Marcus trava o maxilar continuando a leitura de forma silenciosa.
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Carolina Reaper "Pequena, meiga e fatal" •Vol 3 (EM ANDAMENTO)
RomanceReaper é uma mulher dedicada as suas duas paixões: detetive de dia, dançarina à noite. Quando sobe ao palco, ela pode esquecer os seus problemas, esquecer a dor profunda que oculta no fundo da alma. Mas o passado sempre dá as caras no futuro! Sua fa...