O ovo

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Há muitos anos atrás....


Naquele dia, como todos os anteriores, ela sorrira de forma abobalhada para o rapaz de dezesseis anos que passava com mais três meninas ao encalço. Gostava dele desde... sabe-se lá desde quando. Ela simplesmente gostava e sorria toda vez que o via ou falava sobre ele.

-Você tá com aquele olhar.

-O que?

Arregalou os olhos piscando várias vezes saindo do transe que aquele garoto lhe provocava.

-Te conheço Carolzinha! Eu sei quando está viajando.

Sentiu as bochechas queimarem quando sua amiga, Victorya Chilli, sorriu maliciosamente.

-Para com isso Chilli! Eu estava apenas pensando um pouco.

A sobrancelha arqueada da amiga era um constante lembrete que os cinco anos de amizade das duas serviam para muitas coisas, inclusive conhecê-la profundamente. Suspirou e com um sorriso torto resolveu abrir o jogo.

-Porque ele não me nota? Só queria uma chance.

A amiga não tinha respostas além de um olhar em cumplicidade. Dois dias depois, ela não sabia que feitiço havia caído sobre elas, mas ele a procurara no final da aula sem ninguém por perto e simplesmente chamou-a para tomar um inocente sorvete. A conversa entre eles fluía como um rio de corrente cristalina. Ele parecia saber tudo sobre ela, parecia se encaixar em cada pedacinho do seu, sem nem ao menos tocá-la além de um raspar de dedos ou um gesto para por os fios negros dela atrás das orelhas. Entre os encontros que ninguém sabia, apenas sua amiga Chilli, ela contava como se sentia extasiada. Parecia flutuar em nuvens rosas. Ele sorria e ela se derretia. Ele piscava e as borboletas no estômago dela pareciam estar eletrizadas. E o primeiro beijo, ah...fora um sonho! Apesar dos lábios quentes se encostarem levemente aos dela, Carolina pôde sentir labaredas percorrerem das pontas dos dedinhos dos pés aos fios de cabelos. Um mês até ele levá-la para a casa da árvore e se declarar.

-Você é como um sonho, linda.

Disse ele ao raspar os dedos pelas bochechas avermelhadas dela. O coração da menina galopava como um cavalo em liberdade correndo pelas colinas verdes da Escócia. Ele colocou uma rosa vermelha entre os lábios dela e, não economizou palavras ao citar poesias apaixonantes e dizer o quanto ela o enlouquecia. Carolina deixou que ele forrasse a cobertinha cor de rosa pelo assoalho de madeira e a deitasse sobre a mesma. Deixou que ele tocasse seus seios até fartos para sua idade e, que ele erguesse o vestidinho amarelo florido e lhe tirasse a calcinha. Deixou que ele depositasse os beijos em seu corpo, mesmo que as pontas dos dedos dele pressionassem sua pele de forma nada gentil. Deixou que ele a levasse para aquele mar escuro e profundo do qual ela não conhecia. Estava inundada com o sentimento que achava nutrir por ele. Estava entorpecida pelo desejo de sua primeira vez ser com quem ela achava amar. O garoto que seu coração escolhera para entregar sua preciosidade.

-Isso pode doer um pouco, mas você não se importa não é, linda?

Carolina engoliu em seco mas fez que não. O medo tomando conta de seus nervos. Ela fechou os olhos quando ele pressionou sua entrada. Já havia lido coisas sobre e também já tinha ouvido sua amiga contar qual era a sensação. Ele a rompeu bruscamente sem seguir nenhum dos protocolos que ela havia ouvido antes. Não esperou sua abertura se acostumar com aquela invasão, não esperou que ela se acostumasse. Carolina irrompeu em um grito abafado pela mão dele. Ela tentou empurrar seu corpo pela dor que sentia, mas ele segurou seu pulso firmemente e ela se sentiu impotente.

-Ta tudo bem. É assim mesmo.

Disse ele encarando os olhos dela. Duas poças esverdeadas cristalinas sem nenhum pingo de maldade. Esses eram os olhos da menina que ele estava invadindo.

Carolina Reaper "Pequena, meiga e fatal" •Vol 3 (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora