*A gata e o Rato*

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Não havia porque mentir sobre o assunto. Então decentemente Marcus me convidou para tomarmos um café em uma cafeteria próxima a onde estávamos. Assim que sentamos em uma das mesas de ferro que ficavam do lado de fora, um rapaz veio nos atender e pedimos apenas dois cafés puros e fortes. Comecei contando os eventos com a Chilli e, então com a Angel, e por fim sobre o Phillipe do qual teve alguma conexão com a Angel em Paris.

-Porque o capitão?

Pergunta ele mexendo na alça da xícara de porcelana branca.

-É Phillipe, não tem nada a ver com o capitão.

Ele ignora minha observação e continua.

-Mas e a garota louca, você conhecia também?

-Não.

-Então o capitão sim?

-Arg! Às vezes você é meio irritante sabia? -Um sorrisinho repuxa o canto de seus lábios quando ergue a xícara e da uma bebericada. -Enfim...ele foi quase um namoradinho na faculdade, mas era mais novo do que eu. Só... só tratei melhor do que os outros.

Marcus tamborila os dedos sobre a mesa avaliando os fatos.

-A única conexão sou eu. Mas não há um padrão.

Finalizo com um suspiro.

-É aí que você se engana, Pequena. O padrão é você sofrer por eles. O que a garota disse mesmo?

-"Quantos vão morrer até te pegar"?

-Exato. É uma brincadeira de gato e rato. Alguém está te caçando.

-Mas eu não estou fugindo!

-Nem todos os gatos pegam os ratos garota! Às vezes eles brincam até ver o rato agonizar e então dão o bote ou se cansam e deixam o rato morrer sozinho.

Tremo dos pés a cabeça. Eu não gosto da ideia de brincarem comigo, não deste jeito. Cada olhada ao meu redor estava começando a me deixar mais paranóica a cada segundo. Eu não sei o que esperar ou que fazer! E isso me faz se sentir cega em meio a uma multidão de inimigos. A cada segundo a mais que eu levo para abrir meus olhos em meio á uma piscada, eu vejo o rosto daquela criança no chão. A garota do hospício era uma criança de dezesseis anos! Assassinada por um manipulador de mentes.

Já em minha sala, assino um papel sobre a minha mesa e tamborilo a caneta sobre a pasta após fechá-la. A tarde havia corrido e não paramos nem para almoçar. Naquela manhã após terminarmos o café, voltamos às caixas de pistas dos casos e as pilhas de documentos que eu tinha que enviar o DP. Eu e Marcus não trocamos quase nenhuma palavra, ora nos ocupávamos juntos, ora eu me ocupava do meu trabalho e ele do dele. A maior parte do tempo, ele andava pela agencia entregando o que eu pedia e pegava algo necessário. Claro que o telefone de algumas secretarias de outros andares nunca foi necessário. As únicas vezes em que dissemos algo, acabava com ele me provocando e me fazendo rir. Parecia que ele sentia a minha tensão e nossas diferenças no momento não importavam.

Olho à hora no meu computador. Eu tenho que ir, meu ensaio no clube começa as quatro e já são três e meia. Levanto o olhar e lá está ele, esticado sobre o sofá olhando atentamente para uma caneta prata, mas seu olhar esta bem longe dali.

-O que foi?

Pergunto e olho para a tela do meu celular ao ver uma notificação. O couro do sofá soa ruidosamente com ele girando ao pôr as pernas para frente.

Chilli: Oi. Vamos jantar hoje Pepper?

Pandinha: Eu topo!

Carolina Reaper "Pequena, meiga e fatal" •Vol 3 (EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora