03 || Seguir as Regras

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— Como vou ter certeza absoluta que você realmente é meu furão? — Olhei para o menino desconfiada.

— Eu sei todos os seus segredos. — Ele sorriu.

Ah não. Eu contava tudo para o Payton.

— Quais segredos?

— Você é apaixonada no Vinnie Hacker.

E quem não é?

— E você não pode contar pra ninguém. — Alertei.

Eu estava começando a concordar com a ideia desse menino ser o meu furão.

— Por quê? Quando você ama alguém tem que falar. — Payton disse na maior inocência, mau sabe ele.

— Não é tão simples como você pensa... — Respondi desanimada.

— Você deveria falar o que sente, aí ele vai dizer o mesmo e vocês vão acasalar.

Arregalei os olhos. Eu não sou um animal igual a ele!

— Payton, não é assim a vida dos humanos. — Gargalhei.

— Complicada essa vida, a minha é bem melhor. Saudades da minha gaiolinha. — Ele olhou triste para a mesma.

Como é que eu vou falar pros meus pais que o meu furão virou um humano? Eles não vão acreditar.

— Filha. — Minha mãe tentou abrir a porta e graças a Deus ela estava trancada. — Abre isso aqui.

Olhei para Payton ele estava se enrolando nas cobertas.

— Já vai. Payton, se esconde. — Sussurrei a última frase.

— Por quê? — Ele estranhou e começou a cheirar o ar. — É a mamãe?

— Não! Eu sou sua mãe, e não ela. — Corrigi.

— Eu quero ver ela. — Ele começou a correr pelo quarto.

— Payton, para. Está fazendo muito barulho. — Fui atrás dele. — Fica quieto!

— Diana? — Minha mãe ainda estava do lado de fora.

— Mamãe! — Payton disse alto o suficiente pra ela ouvir. Merda.

— Shiii. — Empurrei meu furão humano para dentro do guarda roupa. — Fica aí, se você sair eu não vou te dar biscoito.

— Tá bom. — Ele sorriu, e antes de fechar a porta ele me cheirou e acabei rindo.

Destranquei a porta e minha mãe entrou dentro do quarto desconfiada.

— Cadê aquele seu bichinho?

— Se escondeu pelo quarto. — Ri nervosa. — Sabe como ele é...

— E deu banho nele? — Perguntou. Payton não pode ouvir essa palavra que começa a correr de medo. Ele acabou fazendo barulho dentro do guarda roupa e minha mãe olhou para o mesmo.

— Acho que meu furão tá ali. — Dei uma desculpa. — Se eu abrir a porta ele vai fugir pra sala.

— Tem razão. — Ela deu os ombros e logo saiu do quarto. Tranquei a porta e abri meu guarda roupa.

— Eu não quero tomar banho. — Ele começou a chorar e tentou se esconder nas cobertas.

— Você não vai. — Gargalhei. — Não precisa ficar com medo. E fala mais baixinho, por favor.

— Por que? Eu sempre falei assim.

— Meus pais não podem te ver assim. E outra, temos que estabelecer regras.

— Não gosto de regras.

— Mas vai aprender a gostar, agora você é um humano e tem que agir como um.

— Humanos são chatos.

— Primeira regra: você não pode sair desse quarto, em hipótese alguma.

— Mas eu vou me comportar. — Payton fez biquinho.

— Segunda regra: não pode bagunçar meu quarto. E nem comer minhas coisas. — Tirei meu ursinho de sua boca.

— Só isso?

— Sim.

— Quero biscoito.

— Aqui. — Entreguei um para ele. — Se você se comportar vai ganhar mais.

— Obrigado. — Ele pulou em cima de mim e acabei rindo. — Você é a melhor dona do mundo.

— Agora vamos dormir. — Falei me ajeitando na cama e ele se afastou. — Payton, você não cabe mais aí dentro. — Observei ele tentando entrar na gaiola.

— Eu queria a minha caminha. — Ele disse cabisbaixo.

— Dorme aqui. — Dei espaço para ele se deitar ao meu lado na cama de casal.

Payton pulou em cima de mim e me abraçou.

— Boa noite.

— Você é muito pesado. — Eu disse rindo.

— Mas eu sempre dormir em cima de você.

— Agora você é grande, não dá mais.

— Ah. — Ele se jogou para o lado e formou uma bolinha para dormir, igual um furão.

— Boa noite. — Desliguei a luz do abajur.

Meu Furão - Payton Moormeier Onde histórias criam vida. Descubra agora