11 || Reino Animal

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Ela não estava sozinha... Ela estava com Nessa.

As duas sorriram animadas para mim e eu abri um sorriso entregando as flores para Diana.

— Desculpa a demora. — A menina disse sem jeito. — Não estava encontrando a roupa ideal e...

— Tudo bem, não precisa se explicar. — Interrompi.

Ela usava um vestido preto que deixava um pouco do seu colo a mostra e marcava sua cintura. A peça continha alguns detalhes também, mas nada extravagante, era bem elegante.

— Você está linda. — Eu não conseguia controlar meu sorriso bobo. Vai ser o meu primeiro encontro.

— Você também está.

— Ok, eu já vou indo. — Nessa deu um beijo na bochecha dela e logo em seguida saiu pela porta.

— Gostou? — Perguntei me referindo as flores que estavam em suas mãos.

— Claro, eu amei. Só estou um pouco nervosa.

— Vocês ainda não foram? — Dei um pulo ao sentir as mãos do pai da Diana em meus ombros.

— Pai...

— Esse é o meu terno? — Olhou para minha roupa.

— N-não. — Me escondi atrás da menina.

— Nós vamos ir agora. — Diana falou pegando em minha mão e paralisei por alguns segundos.

Fomos até a garagem e ela ligou o carro. Me sentei no banco do passageiro e em minutos já tínhamos chegado no local que eu havia feito reservas.

— Isso vai ser um encontro de amigos ou... — Ela perguntou sentando-se a mesa.

— O que você quiser.

— Você não tem ideia do que eu quero. — Me olhou profundamente e engoli seco.

— O quê? Tipo...? — Estranhei começando a ficar nervoso.

Minhas mãos estavam suando e minha respiração estava começando a ficar ofegante. Eu não sei exatamente como lidar com essas situações.

— É. Quem sabe um dia. — Ela desviou o olhar para as pessoas e percebi que corou.

— Sério?! — Perguntei animado mas logo me recompus. — Ah sim, quem sabe um dia...

— É.

— É. — Repeti. — Você assim... Não quer ser a primeira... Comigo...

Parei de falar quando Diana me olhou confusa.

— Primeira? — Concordei. — Eu não sou mais virgem.

— Não é isso. Eu sei que você não é. — Deixei escapar.

— Como? — Arregalou os olhos.

— Eu estava na gaiola tentando dormir. — Lembrei-a que eu era um furão. Eu vi a cena. Foi tão... estranho e nojento.

— Que vergonha! — Ela tapou o rosto e comecei a rir.

— Tá tudo bem, sabe?! Eu já acasalei no meio da minha família e de um petshop.

— Payton, meu Deus, é diferente. — Ela estava vermelha de tanta vergonha.

— Você tá bem? — Perguntei.

— Estou. — Diana bebeu um pouco de água. — Assuntos constrangedores.

— Eu só estava falando que eu ainda não acasa... Digo, transei — Falei baixinho a última palavra. — Com esse corpo. — Apontei para mim mesmo. — Só queria saber se algum dia desses você não me quer, desse jeito.

Ela começou a rir e agora eu estava com vergonha.

Eu falei algo errado?

Sempre funciona comigo no reino animal.

— Payton, você está me convidando para fazer sexo contigo?

— Sim. Isso não é incrível? Vamos ter uma família!

— Família? O que? — Ela parou de rir.

— Se fôssemos animais... — Corrigi minha fala, sempre esqueço que humanos não tem sentimentos. — Mas não somos.

— Você é muito engraçado. — Ela riu envergonhada.

Acho que eu deveria ter ficado quieto.

Eu nunca fiquei com alguém, quero saber como é. Eu apenas convidei-a.

— Já decidiu o que vai querer? — Perguntei mudando de assunto, assim que um moço apareceu.

— Sim. Carbonnade Flamande.

Franzi o cenho confuso, que porra é essa? Por mim eu comeria ração.

— Ah, ok... Eu quero um — Tentei ler o nome correto mas falhei. — Eu quero isso. — Mostrei o cardápio para o garçom.

Pedi um prato sem carne, não tenho coragem de comer um animal morto.

Nosso jantar seguiu com muitas risadas e piadas sem sentido. Essa garota é perfeita. Será que é muito cedo pra mim pedir ela em casamento?

Quando terminamos de comer e pagar a conta, peguei na mão de Diana e saímos do restaurante rindo.

— Vem.

— Está chovendo. — Ela disse olhando para o céu.

— Eu sempre quis dançar na chuva. — Fiz biquinho. — Vamos...

— Espera. — Ela pegou seu celular e colocou uma música qualquer de the neighbourhood.

Tirei meu terno joguei no meio da rua mesmo, estava vazia. Abri os três primeiros botões da camisa branca e puxei Diana para mais perto de mim.

Ela estava paralisada com os meus movimentos, colocou suas mãos em meu pescoço e começamos a dançar lentamente. A chuva caía silenciosamente sobre nós, me aproximei dela e a beijei devagar saboreando seu lábios.

A noite estava calma e a lua brilhava mais do que nunca. A música acabou, e paramos a dança. Me afastei dela sorrindo abobado, sempre quis ter esse contato com ela a muito tempo, essa garota é tudo pra mim.

Mas não sei se ela sente o mesmo por mim.

— Você gosta de mim? — Perguntei envergonhado.

— Gosto. — Eu abri um enorme sorriso e ela corou. — Tá ficando frio. — Diana disse tremendo e concordei ainda animado com a revelação.

— Vou pegar meu terno. — Avisei. Ela entrou dentro do carro e andei um pouco mais para frente, peguei a peça de roupa da rua e olhei para a menina. Dei um aceno.

Minha noite estava perfeita, o que poderia dar errado?

Ouvi Diana gritando meu nome desesperada, pedindo para mim sair do meio da rua. Olhei para trás e senti meu corpo se chocar com um carro rapidamente. Senti uma dor insuportável na minha barriga, olhei para baixo e vi um enorme pedaço de vidro enfiado ali mesmo.

A única coisa que me lembro antes de fechar os olhos e me entregar a escuridão, era o barulho da ambulância e os gritos de Diana chamando pelo meu nome.

Meu Furão - Payton Moormeier Onde histórias criam vida. Descubra agora