09 || Vida Passada?

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Foi difícil fazer Payton dormir. Ele não parava de falar sobre vidas passadas e que ele amou ser uma borboleta.

Quando eu acho que finalmente dormiu, ele começa a murmurar palavras sem sentido.

— Borboleta não. Barbie butterfly.

— O quê? — Liguei a luz do abajur e me sentei na cama. — Ei, você tá sonhando.

— Não to não.

— Ta sim. — Fiquei balançando ele. — Acorda.

— Eu to acordado. — Me olhou.

— Quantos anos eu tenho então?

— Não sei, você nunca me disse.

Parei para pensar e eu realmente nunca havia dito minha idade para Payton.

— Eu tenho 16. — Falei. — Acho que você também.

— Tenho 17.

— Como sabe? — Encarei ele.

— Sabendo. Na verdade eu não sei, eu sinto.

— Não to te entendo. — Olhei estranho. — Meu furão tinha 8 anos.

— Deixa eu te explicar então. — Payton se sentou na cama.

— Não vai falar merda, você deve tá chapado. Esquece isso e me fala amanhã.

— Não, eu não to chapado. — Revirou os olhos.

— Ei, quem te ensinou a fazer isso? — Repreendi. — É muito feio fazer isso, sabia?

— Eu to mudando, não posso continuar desse jeito por isso eu tenho que te falar. Mas você não vai entender.

— Claro que vou. Agora me fala. — Fiquei curiosa.

— Eu não sou o seu furão. Quer dizer, eu sou, e não sou. Entendeu?

— Eu não entendi. — Falei.

— Não chora, ok?

— Eu vou chorar. — Avisei.

— Ai meu Deus... — Ele suspirou tentando encontrar palavras. — Vou te contar uma história.

— Payton, eu não sou mais uma criança. Fala logo.

— Acredita em reencarnação e vidas passadas?

— Às vezes.

— Tá bom, eu vou falar. Eu estou na terra a 100 anos. Já fui um homem, um bebê, uma borboleta, um furão e agora um garoto adolescente.

— Como assim? Menino, você realmente está chapado. — Neguei com a cabeça rindo.

— Eu estou falando sério. Eu te juro.

Gente, será? Não é possível.

— Então quer dizer que meu furão morreu? — Escorreu uma lágrima pelo meu rosto e engoli seco.

— O animal sim... mas a alma não.

— Do que você está falando?

— Como é que eu vou te explicar... Se lembra o dia exato em que eu virei um humano?

— Sim.

— Nesse dia eu morri, o furão no caso. E na hora eu reencarnei nesse corpo. Amanhã eu posso morrer e virar um elefante, por exemplo.

— Tá... Então quer dizer que a alma do meu furão está aí dentro? — Apontei para seu corpo e ele concordou. — E onde tá o corpo?

— Eu enterrei na mesma noite, quer ir lá fora ver? — Perguntou chateado. — Eu sei que eu deveria ter te contado antes, desculpa.

Eu estava chorando. Nunca mais vou ver meu bebezinho, ele era a razão de eu levantar da cama. Sinto tanto a falta dele.

— Não chora. — Payton me abraçou. — Vai ficar tudo bem.

— Não vai. — Fechei meus olhos.

— Vai sim, eu sempre vou estar ao seu lado. Eu te conheço desde quando nasceu.

— Como?

— Eu fui o enfermeiro que tirou você da barriga da sua mãe. Eu fui o irmãozinho da Nessa, que morreu ainda bebê. Eu fui a borboleta que você vivia com medo. Fui até seu furão. Agora sou seu melhor amigo.

— Isso é louco. — Soltei uma risadinha. — Como se lembra de tudo? Eu também vou reencarnar um dia?

— Não... Pessoas como você vieram ao mundo apenas para ter uma vida. Quando você morrer eu vou ser o anjo da guarda de outra pessoa, posso ser até dos seus filhos.

— Você é um anjo? — Arregalei os olhos.

— Entenda como quiser. Vim para terra apenas para te cuidar.

— Nossa.

— Por isso eu te amo tanto. — Me abraçou mais forte e deixou um beijo na minha testa. — Agora chega de choro, vamos dormir.

— Você é tão fofo. — Sorri e desliguei o abajur. Me deitei em seu peito e fiquei abraçada nele a noite inteira.

 Me deitei em seu peito e fiquei abraçada nele a noite inteira

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Continua...

Meu Furão - Payton Moormeier Onde histórias criam vida. Descubra agora