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Sterling fica preocupada quando vê April indo para a sala da pedagoga. Hoje parece que não é o dia para conversar com ela, sempre acontece alguma coisa para atrapalhar. Mas, decidida a fazer alguma coisa de uma vez por todas (coisa que ela nem sabe ainda, não tinha nenhum plano do que dizer para April, apenas deixou para improvisar na hora), ela resolve esperar no corredor.

Após alguns minutos, April sai da sala secando o rosto, com sua mãe saindo atrás de si. Elas trocam um breve olhar mas a expressão devastada no rosto de April paralisa Sterling. Algo muito sério deve ter acontecido.

April não aparece nas aulas da tarde. Boatos circulam a respeito do acidente com o pai dela. Uma agonia e tristeza tomam conta gradativamente do estômago de Sterling, imaginando pelo o que ela estaria passando.

***

[DIA SEGUINTE]

O céu está fechado hoje. Se é apenas coincidência ou um ato de respeito á dor de quem perdeu alguém importante por parte do universo, de Deus ou do que for, April não sabe dizer, mas tudo parece compor a cena do enterro de seu pai.

Ela caminha ao lado da mãe enquanto uma garoa fina atinge seu rosto. Ao redor, um silêncio ensurdecedor feito de pessoas com roupas escuras a acompanha até o local.

O pai de April era alguém, que apesar de tudo, ela amava.

[Flashback]

April brincava com seus cadernos em seu quarto quando houve algumas conversas, e uma voz mais grossa anunciava a chegada de seu pai. A garota sai correndo, saltitante.

— Papai, papai! Você voltou!

— Onde está minha menininha? — ele ri, a segurando em seus braços e dando um abraço apertado.

— Venha, papai. — April se solta do abraço e puxa seu pai pela mão — Quero mostrar as minhas tarefas da escola. Eu sou a melhor da turma e termino todas as tarefas primeiro. — tagarela ela, orgulhosa de seus feitos.

— Essa é minha menininha!

Chegando em seu quarto, a garota pega seus cadernos e mostra a ele.

— Olha só! — ela aponta para uma atividade que tinha um desenho de um elefante.

— Você está indo muito bem, querida. Mas e essas correções aqui? 

— É que eu confundi o "s" com o "z". — ela explica, desanimada e envergonhada.

— Estou vendo... Sabe, April, nessa vida não basta sermos bons, nós temos que ser os melhores. E eu não espero menos de você. Afinal, você é uma Stevens, não é? — April tristemente, acena em confirmação — Olhe para mim, querida. — seu pai toca levemente em seu queixo. — Como é que nós dizemos? — ele aguarda um instante e então continua — "Família Stevens... Campeã!". — eles dizem a última palavra em uníssono e então ele bagunça o cabelo da garota, que ri mais uma vez.

[ATUALMENTE]

— April... April? — a voz de sua mãe surge aumentando gradualmente em seus ouvidos e ela sai de seus pensamentos, secando uma lágrima que descia.

— Oi...

— É sua vez, querida. — sua mãe lhe estende uma rosa branca. O padre já havia terminado a cerimônia.

Maybe SomedayOnde histórias criam vida. Descubra agora