[Indicação de trilha sonora: "When I Was Your Man" de Bruno Mars.]
***
- Sterling! ... Por favor, eu quero ouvir o que você tem a dizer - April grita, sem fôlego, enquanto corre alguns passos para alcança-la.
Era noite, por volta das 21h. Sterling caminhava pelo parque rapidamente com os olhos cheios de lágrimas. Ela para, se lembrando de que havia prometido a si mesma (e a Blair) que resolveria isso hoje.
- Não me deixe assim... - April diz, em tom mais baixo, se aproximando atrás dela.
Ao perceber que Sterling parecia paralisada, April coloca a mão em seu ombro. Um toque suave, com a intenção de que Sterling se virasse para olhar para ela.
Um enorme nó prende a garganta de Sterling, segurando cada palavra que ela não quer dizer, enquanto ela luta contra o buraco que se abre lentamente em seu peito.
- Pode falar... - continua April - 'Gaste o meu tempo'. - ela brinca, com um sorriso de lado, mas ainda apreensiva com o comportamento estranho de Sterling.
O mundo rodopia em pelo menos cinquenta direções diferentes para Sterling. Ela se sentia magoada, ferida, abandonada... mas principalmente, traída.
April dá a volta pelo lado de Sterling, parando em sua frente para ver seu rosto, e um peso cai sobre seu estômago quando ela percebe a expressão da garota. Sterling estava olhando fixamente para o chão, lágrimas brilhavam em suas bochechas sob a iluminação do parque, suas sobrancelhas estavam tensionadas em uma expressão de tristeza desoladora enquanto seus lábios estavam pressionados em uma linha fina, devido ao seu conflito interno. Ela lutava naquele momento. Lutava contra ela mesma, lutava contra seu amor por April.
- Sterling - a voz de April sai fraca, preocupada, com medo - Por favor, me diz alguma coisa... Diz que: "as coisas não são só do seu jeito" - continuou, fingindo um tom de brincadeira mas falhando - Só... fala alguma coisa.
- Falar o que, April?! - Sterling explode, com um suspiro, quase soluço devido ao nó em sua garganta, olhando finalmente nos olhos de April, enquanto mais lágrimas correm pelo seu rosto - Ontem eu esperava que você estivesse lá comigo. Porra, April! Eu esperava que você segurasse a droga da minha mão e dançasse comigo! E você aparece com o Luke?! Não me importa se você tinha um "plano" ou que porra você estava fazendo... Você tirou meu chão, April. - Sterling faz uma pausa observando o rosto de April, que agora estava com um expressão fechada de arrependimento, e então, Sterling continua, sorrindo em tom de ironia - De novo.
- Me desculpa... eu amo você, eu nunca quis te - ela é interrompida por Sterling.
- Não. Eu te amo! - Sterling diz, elevando o tom de voz - Eu me entreguei completamente a isso... porque eu entendi que o que eu queria... - ela umidece os lábios pelo nervosismo - era passar todos os momentos importantes com quem eu amava, quem me entendia e sabia de todos os planos que eu tinha. Eu achei que, para você, a gente também significasse mais do que isso.
April queria dizer que sim, que significava, que ela precisava de Sterling, que um dia sem ela, parecia que não fazia o menor sentido. Dizer que não havia um futuro em que ela pensasse que Sterling não estivesse nele. Ela queria pedir perdão, por magoá-la, pelo medo que sentia. Sterling era... tanto, tão forte, impulsiva, alegre, corajosa... sem medo de ser e viver... Isso ás vezes era demais para April. Ás vezes ela se sentia amedrontada, insuficiente e queria só... fugir pelo caminho mais fácil, se esconder e fingir que ainda era a "April Stevens", criando seus planos mirabolantes para se convencer de que isso não era ser covarde, de que fazia sentido e que tudo estava bem. Ela queria que Sterling soubesse de todas essas coisas. Ela queria dizer... mas não disse.
April não conseguia ver mais nada além do looping em sua memória dos momentos em que sabia que havia magoado Sterling. De todas as vezes em que a deixou. De todas as vezes em que fugiu. Lágrimas molham seu rosto enquanto ela fita os pés de Sterling e ao levantar seu olhar para o dela, tudo o que sai de sua garganta, como um sussurro baixo e trêmulo, é uma palavra:
- Sterling... - e em seguida engole em seco.
Não dava. Sterling não conseguia mais ficar ali dizendo aquelas coisas, e se continuasse olhando para o rosto de April ela nunca conseguiria fazer o que foi até lá para fazer. O rosto dela era tão suave e meigo mesmo em meio a tanta dor e lágrimas. Se demorasse mais ela desistiria, abraçaria April para que ela parasse de chorar e diria coisas doces e coloridas até estarem sorrindo novamente. Ela podia ver nos olhos de April um pedido velado de perdão. Mas ela não podia fazer isso. Ela não podia mais se contentar com tão pouco. Ela precisava de mais e achava que April não sentia o mesmo por ela.
- Eu te amo... - April consegue dizer mais uma vez, com a voz fina, torcendo para que Sterling percebesse nessas três palavras todo o resto que ela não consegue dizer.
Sterling fecha os olhos. Era agora. Ela precisava sair dali e não queria ver como o que diria a seguir atingiria April. Então, mantendo seus olhos fechados, ela inspira tomando coragem, seu coração acelerando.
- O jeito que me amou foi o que me machucou, April. - cada palavra saindo de sua boca como uma faca afiada, rasgando sua própria garganta - Ás vezes o amor não é suficiente. - ela solta o ar e encara o chão, as lágrimas não cessam - Não dá mais. Eu não consigo.
Sem olhar para April, Sterling se vira e sai andando apressada, a caminhada se transformando em corrida. Ela mal enxerga seus pés, tudo ao seu redor é um borrão.
Em choque com as palavras que pareceram atingir April no peito como um taco de basebol, ela só observa a silhueta de Sterling diminuindo e desaparecendo com a distância cada vez maior entre elas. Tonta, ela sente como se o tempo tivesse parado apenas para ela e somente Sterling se movesse.
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Maybe Someday
Fanfiction"Maybe Someday" é uma história que começa pelo fim e, quem sabe um dia, tenhamos todas as respostas. Existe muita beleza no mundo e é encantadora a forma com que cada um de nós somos únicos, mas cada passo que damos carrega o peso da vida e das esco...