Blitz

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O clima dentro do carro ficou carregado. Um pouco de vento entrava pela pequena abertura na janela do motorista, porém, não era o suficiente para diminuir o nível de intensidade que havia se instalado. Baekhyun apertava o volante entre os dedos e respirava pesadamente enquanto absorvia a ideia de estar, pela primeira vez, sozinho com o assassino sabendo que ele é um assassino. Manteve-se em estado de alerta e teve receio do que poderia acontecer dali por diante, afinal, não tinha nada planejado e não poderia recorrer a mais ninguém além de Park. Provavelmente, Holden colocou uma busca atrás de si, ou pretendia, quando descobrisse que tinha coincidentemente desaparecido junto com o falso cadáver de um dos prisioneiros. Isso deixaria o copiador irritado? Ficou preocupado com a segurança de Lana e Sehun; era frustrante não saber se eles estavam bem e mais frustrante ainda era não poder se comunicar. Teria que ficar longe de celulares até chegar no que Park chamava de "abrigo" e, mesmo quando estivesse lá, seria extremamente arriscado ligar para o parceiro.

Suspirou.

Enquanto mantinha os olhos na rua, podia ouvir o som da respiração suave de Chanyeol ao seu lado. Ele transpirava serenidade e isso era extremamente bizarro para o detetive. No fundo, pensou que ele fosse tentar alguma coisa, ou talvez matá-lo, porém, nada aconteceu. Em seu peito, a expectativa transbordava de maneira incômoda, deixando-o ansioso. Já fazia um tempo considerável desde que Park tinha se pronunciado e aguardava por uma resposta. Baekhyun podia sentir o olhar dele queimando sobre sua pele e tornando o interior do veículo mais quente do que o necessário. O ex-soldado precisaria aprender a lidar com a incerteza durante sua viagem com o assassino. Ao mesmo tempo que poderia não acontecer nada, também poderia acontecer tudo, não sabia o que esperar. Só torcia para que conseguisse pegar o copiador e dar um fim naquele maníaco.

— O que faremos agora? — quebrou o silêncio.

— Daqui por diante não planejei nada. — O detetive, enfim, o encarou — Será tudo espontâneo. Não é divertido? — esticou os lábios em um sorrisinho cínico.

— Achei que você fosse do tipo controlador. — voltou a fitar a rua parcialmente vazia e escura. Passavam despercebidos com a sirene desligada e a imagem de segurança que uma viatura transmitia.

— Eu diria que sou um planejador preparado. Enfim, agora estamos trabalhando com possibilidades e não certezas. Por hora, só precisamos chegar a um lugar seguro onde seus amigos do FBI não nos encontrem.

— E onde exatamente fica o seu lugar seguro? — fitou o moreno brevemente antes de retornar o olhar para a rua.

— Roanoke.

O detetive franziu o cenho.

— Eu pensei que fossemos sair de Virginia. — Achava que permanecer no mesmo estado era arriscado.

— Não teríamos chance. — se entreolharam — Todas as estradas estão sendo vigiadas e não podemos nos afastar tanto do copiador.

— Certo. — umedeceu os lábios — Temos que trocar de carro assim que sairmos de Quântico.

Por mais que a camuflagem fosse boa naquele momento, a placa do veículo pertencia àquele distrito e poderia levantar suspeitas caso fossem vistos perambulando em outra cidade ou condado. Pelos cálculos do detetive, eles tinham cerca de trinta minutos até a fronteira de Quântico; como precisavam ir por uma rota menos movimentada, talvez demoraria um pouco mais. Não havia muito o que fazer quanto a isso, apenas dirigir cautelosamente e torcer para que outra viatura não se aproximasse.

Cansado, Baekhyun recostou-se ao banco do motorista e acalmou sua respiração conforme vagava os olhos pela rua. Reparou que tinha poucos prédios com as luzes acesas, apenas estabelecimentos comerciais se mantinham ativos, embora a freguesia fosse quase nula naquela hora. Vez ou outra um carro passava acelerado ou alguma pessoa caminhava sozinha de volta para casa. Isso acabou ajudando o detetive a aliviar a ansiedade de antes e manter-se focado. Contudo, não podia ignorar aquele par de olhos faiscantes em sua direção; sentir o olhar de Chanyeol preso em si fazia seus pelos da nuca se arrepiarem e espalhar uma sensação estranha pelo corpo, porém, gostava daquele tipo de atenção. Desde que entraram naquele carro, Park não desviou o olhar de si nem uma vez. Curioso, virou o rosto na direção do maior e encontrou aquele brilho perverso nas íris castanhas.

Xeque Mate [chanbaek]Onde histórias criam vida. Descubra agora