Xeque Mate

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O rio corria ruidosamente próximo aos pés do detetive. Seus passos eram tão silenciosos quanto os de um felino, deixava apenas um rastro de pegadas na lama molhada, que denunciava por onde tinha passado, porém, aquilo não era um problema no momento. O copiador sabia que eles estavam chegando, só não tinha certeza por onde, e era com essa vantagem que estavam contando.

O coração de Baekhyun estava acelerado devido à adrenalina comum numa situação onde o perigo poderia surgir de qualquer canto. Seus olhos perspicazes acompanhavam cada movimento ao redor, às vezes era enganado por uma sombra projetada pela luz da lanterna, mas nada que o tirasse o foco. Por precaução, mantinha uma mão sobre o coldre da arma em sua cintura. O caminho lamacento parecia interminável, embora eles só tivessem andado por cerca de cinco minutos.

Park se mantinha em absoluto silêncio, o detetive apenas ouvia a respiração suave do maior e sentia seus braços se encostarem constantemente por conta da aproximação que, naquela situação, era necessária para não se perderem um do outro ou serem capturados. Em meio a vasta escuridão selvagem noturna, o ex-soldado sentiu-se pequeno; era como se caminhasse em meio ao vazio, engolido por uma imensidão sombria e distante. Quando estava em batalha, sempre tinha bastante barulho por todos os lados (alguns extremamente altos). Agora, estar na quietude e em meio a nada era sufocante. Toda expectativa do que poderia vir a atacá-los deixava seu peito agitado e fazia as árvores ao redor parecerem mais ameaçadoras do que eram. No entanto, permaneceu concentrado e desejou que Chanyeol soltasse alguma piada para quebrar aquela tensão, mas seria imprudente. Qualquer ruído poderia chamar atenção indesejada, portanto, contentou-se em sentir a companhia do maior.

Poucos minutos depois, Baekhyun encontrou um carro estacionado próximo do rio, os pneus estavam quase dentro da água rasa. No mesmo instante trocou um olhar com Park antes de ambos empunharem as armas e se aproximarem, cautelosamente, do veículo parado com os vidros fechados. Não havia sinais de alguém lá dentro, porém, os rastros eram recentes e isso significava que alguém tinha chegado ali algumas horas antes deles. Imediatamente o ex-soldado pensou em Holden ou no copiador, poderia ser de ambos, mas apostava que era seu chefe. Iluminou o interior e não viu nada em cima dos bancos, logo deu sinal para que o moreno abaixasse a arma. Aguardou por alguns segundos, mas nada aconteceu. Quem quer que tivesse deixado aquele carro ali estava em outro lugar agora. O motor frio e o cheiro de gasolina fraco denunciavam tal fato.

— Baekhyun. — ouviu o rapaz de cabelos cacheados murmurando, prontamente sua atenção se voltou para ele. Notou que Chanyeol fitava um ponto distante, imediatamente olhou na mesma direção e se deparou com a entrada de um córrego. O iluminou com a lanterna e prendeu a respiração quando teve certeza que era o acesso que procuravam.

— Vamos checar. — sinalizou para Park e ambos seguiram até o rio, tendo os pés cobertos pela água corrente conforme se aproximavam do túnel. Desviaram das pedras imersas enquanto trilhavam o caminho ao som de passos molhados que acabavam se misturando aos ruídos noturnos.

Quando chegaram à entrada, se depararam com uma abertura com cerca de dois metros de altura e uma largura ampla que cabia perfeitamente duas pessoas. O detetive não conseguiu ver nada além de um longo córrego úmido e com lodo crescendo ao redor. Por mais que a lanterna fosse útil, ainda não chegava nem perto de alcançar o fundo daquele túnel; teriam que entrar para descobrir onde levaria. Subitamente, uma brisa levou o mau cheiro às narinas do ex-soldado, que franziu o nariz ao inalar o odor pungente. Contudo, aquilo seria a menor das suas preocupações. Envolveu o pulso de Park entre seus dedos e o puxou para longe da entrada, logo encontraram abrigo sob a copa de uma árvore próxima, prontamente foram acobertados pela sombra desta. Baekhyun apontou a lanterna para baixo e fitou o rosto do moreno, que estava iluminado pela luz pálida do luar que penetrava pelos galhos acima de suas cabeças.

Xeque Mate [chanbaek]Onde histórias criam vida. Descubra agora