En Passant

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O caminho até Richmond, capital da Virgínia, tinha sido mais rápido do que Baekhyun gostaria. Faziam anos que não retornava para sua cidade natal, e, mesmo que quisesse esquecer tudo sobre aquele lugar, ainda reconhecia diversos pontos turísticos e ruas que costumava frequentar em sua adolescência. Nada tinha mudado, ao menos não drasticamente, e isso deixava um gosto amargo de nostalgia na boca do detetive.

Esteve tão absorto durante a viagem que esqueceu-se completamente dos arredores. Foi quando estacionou próximo de uma cafeteria que viu diversas notificações na tela de seu celular, que estava em modo silencioso. Teria apenas ignorado se não fossem diversas ligações de Oh Sehun. No mesmo instante apanhou o aparelho e tentou retornar a ligação, mas caiu na caixa postal. Tentou mais algumas vezes antes de desistir e enfiar o telefone no bolso da calça preta. Era frustrante ter mais uma questão pendente a resolver. Por mais que tentasse, não conseguia deixar de ficar intrigado com aquelas ligações. Até cogitou em voltar para Quântico, mas de nada resolveria. Levaria horas para fazer o retorno e não podia abandonar a investigação quanto estava tão próximo de respostas.

O relógio no painel do carro marcavam duas e meia da tarde, Baekhyun suspirou. Não tinha tanto tempo quanto gostaria e precisava se apressar. Rapidamente comprou um café e torceu para aquilo ser o suficiente para mantê-lo durante o resto do dia. Não seria difícil, visto que era desse modo que tinha sobrevivido durante os últimos anos.

A contragosto, dirigiu em direção a escola no lado norte da cidade. Embora aquele fosse o último lugar que gostaria de visitar, não se sentia perturbado pelas péssimas memórias que estava prestes a revirar. Sentia-se receoso de reviver aqueles sentimentos que havia enterrado tão fundo em si, mas não estava amedrontado como pensou que ficaria. Julgou que sua aparente apatia fosse por ter ocorrido há muitos anos e também pela motivação de estar ali. Não era uma jornada pessoal e não estava buscando redenção, era apenas trabalho...Ou era assim que ele tentava se convencer.

Balançou a cabeça, como se isso espantasse pensamentos desnecessários, e procurou um local mais isolado para estacionar o carro. Embora sua família tivesse se mudado dali a muito tempo, o detetive queria evitar encontrar fantasmas de seu passado.

De onde estava podia ver o prédio escolar se erguendo de maneira uniforme e retangular. Teria que refazer todos os seus passos e começaria por ali.

[...]

22 de agosto de 2009, Richmond, Virgínia

O entardecer se aproximava quando Baekhyun e um grupo de adolescentes se reuniram no antigo ferro velho da cidade que, apesar de ainda funcionar, era administrado por um motoqueiro exêntrico e bêbado que costumava liberar o local para qualquer um em troca de dinheiro, até mesmo para menores de idade, e pouco se importava com o que acontecia ali na sua ausência.

Em um dos carros soava uma música pesada de metal no volume máximo, o que fazia as caixas de som reverberarem e a voz do cantor soar ininteligível. Tudo que se podia escutar eram a guitarra e bateria de maneira estrondosa; porém, pelas camisetas de bandas dos adolescentes ali reunidos, dava para ter uma breve pista do que estava tocando no momento. O grupo era composto por cinco garotos e duas garotas, incluindo Baekhyun, e costumavam se encontrar ali todo dia após a aula e nos fins de semana.

O ferro velho tinha um cheiro forte de gasolina e lixo queimado, mas isso pouco atrapalhava aqueles adolescentes; que usavam o fedor para mascarar os odores de álcool e drogas que consumiam as escondidas enquanto conversavam em voz alta e davam risadas agudas.

— Você trouxe tudo, Mike? — indagou Baekhyun com o cigarro aceso em uma das mãos cobertas de anéis.

— Está tudo no carro. — o garoto de cabelos loiros acenou com a cabeça em direção ao veículo que tocava música alta — Hoje vamos ferrar aqueles merdinhas do norte. — riu de maneira alterada.

Xeque Mate [chanbaek]Onde histórias criam vida. Descubra agora