Capítulo 2

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Uma semana depois, acordei com o mesmo pesadelo. Eu estava em um palácio, e uma escolha minha mudaria tudo. Eu terminava em uma poça cheia de sangue, e, alguma coisa puxava minha alma. Era como se eu estivesse morrendo. E o pior, morrendo sem ter feito e nem conhecido nada do mundo. Era a pior coisa que eu já tinha sentido em minha vida. Naquela manhã eu iria direto para minha paz, e desta vez eu tocaria no piano-forte.

Quando entrei na sala, vi que o ar estava gélido, como se tivessem esfriado de alguma forma aquele lugar. Fiquei animada, tocaria e cantaria "Rewrite the stars" era minha música preferida, eu a amava pelo fato de amar aquele mundo, mas, tudo me mantinha separada dele, não dependia de mim, ele não podia ser meu. Nem por uma noite.

Quando comecei a tocar e cantar, um vento forte entrou pela janela. Poderia jurar que ele estava dançando conforme a melodia da música. Aquilo me impulsionou, era como uma passagem para o paraíso. Meu momento. Minha paz.

Eu estava no paraíso.

Todos os momentos ruins, todas as memórias, cada sofrimento, tinha cessado. Era só eu, o piano-forte, a música e o vento.

Eu podia ter um infarto e morrer ali, naquele mesmo instante, e eu morreria feliz.

Quando eu terminei de cantar, senti o ar gélido novamente, mas, daquela vez, eu não estava sozinha. Havia alguém comigo. E isso não me assustou. Talvez fosse um anjo. Talvez eu já estivesse morrido. Talvez... mas, não. Era uma mulher, e pela maquiagem, não parecia um anjo. Mas, muito menos um humano, isso eu deduzi pela luz verde que flutuava sobre suas mãos. Era uma coisa muito estranha, talvez eu estivesse louca. Enlouquecido de vez naquele lugar, mas que besteira, talvez eu estivesse sonhando. Talvez, talvez... talvez. Quando eu fiquei presa em meus pensamentos, olhando-a fixamente e incrédula, ela então falou.

— Até que em fim eu te conheci, é um prazer! Eu me chamo Cathrina Farthin, mas pode me chamar de Thrina, só para os mais chegados.

— Ah... eu... o que? — Não estava entendendo nada

— Ah querida, vamos. A viagem é longa. Eu não tenho todo o tempo do mundo. Se bem que este é bem lento.

— Eu não estou entendendo! — Falei aborrecida.

— É lógico, viveu muito com os humanos, ficou até burra – ela riu bem forte — sem ofensa.

— Mas eu sou uma humana! — Cuspi.

— Não minha luz verde, você não é — Falou mexendo nas unhas.

— Não, para, e me explica. Vai – Pedi.

— No caminho nós conversamos sobre isso.

— Você está louca? Ah, você deve ser. Ou eu que estou. Meu Deus, o que está acontecendo? – Falei, preocupada

— Então você prefere ficar aqui? Não era você que fez um pedido as estrelas? Seu pedido foi ouvido. Vamos.

— Eu... como você sabe disso?

— Você realmente é muito burrinha, não é? — Indagou ela — Nós ouvimos seu chamado. E precisamos de você. Mas por favor, que entrar nesta bosta logo? Meus poderes também cansam.

— Isso é um... um... portal? — falei, quase sem voz.

— Não, um banheiro. Claro que é sua estranha. Agora pegue minha mão.

Obedeci.

— Vamos – Falou ela por fim.

Aquilo era muito estranho, era como se eu tivesse girado por um dia inteiro. Tudo estava girando. Estava tudo tonto. Como se eu estivesse passando mal. Por fim, quando aquilo cessou, eu caí no mármore branco de uma sala enorme e cheia de pessoas, ou, assassinos, — e isso eu deduzi pela quantidade de gente que tinha lutando com toda alma e todo vigor. E então eu desmaiei.

Laço de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora