A encontro sentada em um banco no jardim da mansão, a iluminação era pouca, mas o suficiente para ver seu rosto. O buquê estava jogado ao seu lado no banco e suas mãos tremiam. Me aproximo lentamente e me sento em silêncio, ela me olha por um momento, mas volta a focar em um ponto inexistente perdida em seus próprios pensamentos.
— Você não precisava vir atrás de mim. – Sua voz parece cansada e seus olhos descompassados.
— Eu sei... – Confesso. – Mas eu vim.
— Por que? – Pergunta ela pela primeira vez focando seus olhos em mim.
— Não sei. – Dou de ombros. – Você parecia precisar ter alguém do lado.
— Eu não preciso de sua pena e muito menos depender de alguém. – Sua voz é ríspida, mas cheia de dor.
— Não tenho pena de você. E tem vezes que é bom ter alguém para se apoiar, ninguém suporta tudo o tempo todo sozinho. – Digo e vejo uma lágrima solitária rolar do canto de seus olhos, a limpo gentilmente com o polegar.
Moon se vira novamente para frente, ela coloca seus pés no banco e puxa seus joelhos os abraçando. O silêncio permanece por mais uns longos minutos até que eu decida finalmente perguntar o que havia acontecido para ela correr daquele jeito da festa.
— E então..., por quê? – Pergunto olhando para a garota que escondia seu rosto em seus joelhos.
— Por que o quê? – Sua voz estava enfraquecida, amargurada.
— Por que saiu daquele jeito? Não gostou do buquê? – Pergunto colocando o buquê na frente dela o chacoalhando, os olhos dela se levantam e um pequeno sorriso surge em seus lábios.
— Eu fiquei feliz que consegui pegar ele. – Diz ela me surpreendendo e me deixando mais confuso ainda.
— Se ficou feliz... – Antes que eu pudesse completar minha pergunta, ela me interrompe.
— Fiquei tão feliz que tive pensamentos que eu nunca queria ter, nunca deveria ter... – Sua voz era um sussurro e novamente seus olhos se focam em algo além.
— Pensamentos como o que? E por que não deveria ter? – Pergunto, e ela solta um suspiro ainda evitando me olhar.
— Quando era adolescente, antes do Cam, eu tinha um namorado. Meus pais não sabiam pois nunca iriam permitir. Eu estava apaixonada por ele, ou pelo menos pensava assim na época. – Moon faz uma breve pausa. – Eu pensava que ele me compreendia, que ele entendia o quão difícil era para mim enfrentar meus pais, mas com o tempo, ele começou a tentar me manipular para contar a eles, quase uma chantagem, era coisas do tipo "se você me ama, então você tem que contar a eles". Contudo..., isso não foi o pior...
— O que foi o pior? – Pergunto quando percebo que ela não iria continuar automaticamente.
— Ele tentou me manipular, me chantagear e me obrigar a transar com ele. Eu era virgem na época, tive sorte de não ser tão burra e ingênua quanto eu penso que eu era olhando para "trás". Tipo, se eu realmente fosse tão cega por "amor", eu teria me rendido a pressão. – Ela dá uma risada amargurada. – E no final, acabei encontrando-o na cama com uma das garotas que eu pensava ser minha amiga.
— Que babaca. – Digo com raiva e irritado apertando as mãos em punho. – Se eu vesse esse cara na minha frente..., eu juro, bato nele tanto que depois ele vai precisar de plástica.
— Bem, meu irmão bateu nele, então acho que sua raiva foi vingada. – Sua risada é sincera, mas ainda há dor escondida. – Depois disso, jurei nunca mais me apaixonar, nunca mais entregar meu coração a um homem. Aquilo me machucou, mesmo que na realidade o que eu sentia era uma ilusão, apenas por pensar que alguém finalmente havia se apaixonado por mim de verdade e que queria ficar comigo. Quando você permanece muito tempo sozinha, vendo que todas as meninas a sua volta ganham declarações de amor, você acaba acreditando no primeiro cara que aparece.
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Cold Coffee - Castiel
RomanceAmor Doce - Castiel Um rebelde com o coração quebrado. Uma escritora desacreditada no amor fora dos livros. "Ela É Como Café Frio De Manhã Estou bêbado de Whiskey e Coca Da Noite Passada" Rude, sarcástico, irritado, pavio curto. Solitária, irritada...