Incoincidência

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    Nunca se considerou de toda forma uma mulher sortuda, nem de longe poderia imaginar um dia sequer, que não estivesse totalmente afundada em uma maré de azar. Teve azar com sua família, com seus amigos. No amor então, nunca nem passou perto de algo que fosse no mínimo proveitoso. Seus pais eram extremamente rígidos e diziam que se apaixonar, criar laços, sendo eles de amizade ou não, era uma fraqueza. Ela foi ensinada que deveria focar apenas em si, para não se perder de seus objetivos. 

       Com esse pensamento a jovem Luthor se afundou em estudos, procurando a cada dia superar suas próprias expectativas, e limites. A cada novo passo se descobria ainda mais inteligente e encontrando outros novos dons adquiridos com o tempo. Lena Luthor aos 15 anos por se demonstrar avançada demais para sua turma, inclusive estava entre os melhores do ensino médio. Sendo escolha de seus professores que ela avançasse os anos de escola. Com isso ela havia se formado mais jovem que seus antigos colegas de turma, e entrando para Yale com a maior pontuação da escola em anos.

         Sua passagem pela faculdade foi carregada de mais estudos, mais atividades extracurriculares e novamente nada mais além de sua carreira entrava na lista da Luthor caçula. Seus pais eram bem conhecidos, ambos atuavam no campo biotecnológico e durante anos encheram a cabeça da jovem, afirmando que esse deveria ser o futuro dela, seguir os passos de seus pais. Lena era adotada pelos Luthors, desde os 4 anos de idade e nunca soube o que de fato aconteceu com seus pais biológicos, apesar de ter curiosidade quanto a isso.

  Aos 25 anos já estava no ramo biotecnológico. Seguindo os passos da família, embora tenha aprendido a amar a área por conta própria. Os pequenos momentos em que sorria durante os vários anos de faculdade, eram os que passava no laboratório do campus observando as células, suas organelas e as diversas formas de cada uma. Sem sombra de dúvida eram as coisas mais lindas que seus orbes verdes curiosos, já observaram através das lentes do microscópio. Sentia que havia nascido para aquilo quando durante seu estágio, descobriu como mudar as atividades de uma célula cancerígena. Atrasando o seu processo de multiplicação celular, podendo assim ser melhor tratado, aumentando as chances de eficácia na cura completa.

       Seu celular tocava constantemente, a jovem biotécnica era almejada por muitos centros de pesquisas, sendo eles em maior parte hospitais infantis. Mas ela ainda não havia concluído seu doutorado, apesar de ter seu cérebro extremamente bem desenvolvido. E era por isso que que várias instituições estavam atrás da morena. Dias atrás havia recebido um email, nele ela foi convidada a dar uma palestra que seria em uma cidade não tão longe de onde morava. Seria uma viagem de umas duas horas no máximo. Então não havia como aquilo dar errado, não morava longe do aeroporto e a passagem já estava comprada. Havia feito o agendamento online para se certificar, que não chegaria lá e perderia a viagem, literalmente.

        No dia de sua viagem tudo parecia estar correndo o mais normal possível, e até calmo demais para ela. O que estava começando a deixá-la desconfiada, de que a vida estava prestes a lhe sabotar de alguma forma. O voo estava marcado para às dezesseis, então não precisou de pressa para arrumar a bagagem, pegar seus documentos, e ajeitar o que iria palestrar. Estava nervosa. Nunca havia feito aquilo, sempre demonstrou facilidade para falar, porém era diferente falar em sua turma da faculdade, e discursar para uma outra universidade fora. Afinal, ela havia teoricamente descoberto a cura para uma doença que a anos mata de maneira severa e dolorosa.

          Ao chegar quinze minutos atrasada, se praguejou por ser tão azarada. Culpou o mundo por todas as séries de eventos desastrosos que caíram sobre si, durante o caminho para o aeroporto. Seu táxi demorou dez minutos para chegar em seu apartamento, o trânsito estava congestionado por um acidente e ela teve que seguir parte do caminho a pé, porque o táxi parou o motor. Ela pegou uma chuva horrível e amaldiçoou cada nuvem no céu naquele momento. Sabia que já estava extremamente atrasada, mas talvez, só talvez a vida não fosse tão má com ela. Se enganou. Seu avião já havia sido liberado para decolar e o próximo estava com horários irregulares, sendo imprevisto quando saíria. Se deu por vencida ao chegar no guichê de atendimento e a atendente dizer pela vigésima vez em um intervalo de trinta minutos, que nenhum avião estava decolando pela chuva, que naquele momento já estava para rasgar o véu do tempo, ao olhos da Irlandesa que olhava o céu pela vidraça lateral.

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