Gêmeos?

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     A cede da Black Shadow se localizava em Kasnia, na Rússia. Os ânimos estavam exaltados, pois, a pesquisa de Lena Luthor continuava avançando, o que gerava outra série de novas ligações e reclamações. O chefe da organização já se encontrava com a paciência esgotada, era um trabalho simples, só teria de matar a doutora e pegar sua recompensa, não entendia o porquê da sua melhor assassina não tê-lo feito. Nunca falhara antes, ainda mais por ter a vida de seus pais em jogo. Porque ela arriscaria eles para salvar uma mulher que nem conhecia, era o que intrigava John Jonzz, enquanto desabotoava seu terno e acendeu um de seus charutos. Ele mesmo a treinou, já havia visto ela em campo, seus métodos e principalmente sua falta de piedade. Algo mudou, algo a tirou do foco, deixando-o curioso e pensativo. Na tela que ficava na parede ao lado, havia dois pontinhos vermelhos piscando em um grande mapa. Com o auxílio de um controle, ampliou o mapa e o satélite mostrou a entrada de uma pequena casa de madeira branca, na frente um gramado verde e bem aparado, mais ao lado uma árvore com um balanço de cipós e o assento de madeira. Na varanda uma mulher estava sentada em uma cadeira de balanço, confortável e acolchoada enquanto lia um livro qualquer. Eliza. A porta de entrada se abriu e de lá saiu um homem, segurando um jornal em uma mão e uma xícara em outra. Jeremiah.

      O sorriso do chefe se abriu maliciosamente. Seus pensamentos viajaram em milhões de formas de quebrar aquela família. Havia feito isso uma vez, quando sequestrou Kara para que trabalhasse para a sua organização. Mas ainda não era suficiente, queria mais. Talvez sequestrando e torturando, só talvez, assim a russa veria quem está no controle e sempre fora assim. Seus devaneios foram interrompidos quando o jovem Schott entrou na sala, avisando-o que os irmãos Graves encontraram o apartamento de Lena e que em breve colocariam um fim nisso. A notícia alegrou o homem que desfez o zoom do satélite e observou o outro engolir a seco. Ele conhecia a família Danvers, afinal, era amigo de infância de Kara e fizeram jornalismo junto, praticamente inseparáveis. Mas Jonzz sabia que ele não faria nada, seu pai também estava em constante vigília, a qualquer ordem o homem seria executado a quilômetros de distância. John se divertia, em ver o medo no olhar do rapaz que evitava olhá-lo nos olhos.

        Winslow Schott. Um dos jovens mais inteligentes da organização. Foi recrutado juntamente com Kara, porém, do contrário dela, ele não fora torturado fisicamente e psicologicamente. Pois, quando vira que seu pai havia sido sequestrado, nunca lutou contra a Black Shadow. Kara Danvers, por sua vez, no início jamais parou de tentar fugir. Até que, foi deixada presa em um lugar escuro e faminta por quase um mês, suas únicas companhias além das paredes frias e úmidas, era das baratas e ratos que circulavam sua cela. Não tinha forças para sequer levantar, não comia a tanto tempo que nem se lembrava da última vez. As alucinações logo começaram, fruto de sua imaginação, mas que pareciam bem reais, nos seus braços apareciam cortes profundos e que ardiam muito, às vezes lhe faltava ar como se alguém tapasse suas narinas, e outras se afogava quando a figura de preto mergulhava sua cabeça em algum lugar. Não conseguia distinguir o que era real ou não, mas seu sofrimento parecia bem real e palpável. As terapias com choque logo começaram, com os pés sob o chão molhado e nos indicadores um aparelho a eletrocutava diversas vezes seguidas. Nos breves segundos em que a eletricidade era desligada, ela implorava para que parassem, com tamanha dificuldade que seus dentes rangiam e sentia que sua cabeça poderia explodir a qualquer momento. Às vezes vinha um lampejo de iluminação e o sorriso malicioso do homem, lhe causava arrepios. Era possível ver a maldade em seus olhos, a frieza e a ausência de piedade.

      O couro da luva vez ou outra lhe tocava no rosto, para remover os fios loiros do rosto ou limpar a saliva que pela dor escorria pelo queixo. E ele sempre proferia as mesmas palavras: Rabotay na menya, ditya, i ya izbavlyu tebya ot stradaniy.

“Trabalhe para mim, criança, e pouparei seu sofrimento.”

      Ao se negar, como diversas outras vezes, a torturava retornava dia após dia, John não desistiria do seu brinquedo assassino, não abriria mão. Mesmo que a matasse no processo. Teria o que queria, ou mataria tentando. Com o passar de meses se alimentando mal a pão e água, seu corpo ficou a pele e osso, seus cabelos perderam a vida. Seus dedos se encontravam feridos e com as unhas quebradas, resultado dela os passar constantemente pelas paredes, estavam arranhadas e gastas assim como seus dedos, infeccionados e a maioria com a carne já exposta. Estava definhando naquele lugar, frio, fedendo a mofo e defectos de ratos. Seu subconsciente em seu último fio de sanidade decidiu que, aceitaria seja lá o que o homem de olhar frio queria para ela, não aguentava mais passar por aquilo. Se é que não havia enlouquecido ainda.

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