Regressão

Sonhos

Jin.

Meu coração doía em ver que as minhas flores estavam morrendo aos poucos sem ter alguém competente para cuidar delas me matava aos poucos. Não queria que a única lembrança da minha mãe também morresse junto com ela, preciso que alguém traga todas de volta à vida.
Já não basta que esse maldito sonho misterioso tire o meu sonho durante à noite e agora ver que minhas lindas flores estão morrendo, deixando meu jardim sem vida. Isso não quero.
Meus pensamentos são interrompidos pela buzina de um carro entrando do nada, era Namjoon. O meu companheiro mais fiel de todos, ele sempre vem às sextas feiras para que possamos conversar ou algo do tipo, não sei dizer a razão dele ter escolhido justamente esse dia.

Mas me agradava e até precisava de alguém nesse momento para falar.

Ele saiu do carro com um pequeno pacote que me forçou intrigado, e me deu um longo abraço que queria. Namjoon e Yoongi são os meus melhores amigos e os únicos, nunca fui de sair muito da mansão e depois que os meus pais morreram, preferi ficar aqui passeando pelo jardim e pelo bosque que ficava não muito longe daqui. Meu pai me chamava de jovem sonhador por preferir me perder entre os meus pensamentos e minha mãe me chamava de Carinho por ter um lado mais sensível do que meu irmão, sinto muita a falta dos dois e saber que aquela noite anterior ao acidente foi a última vez que os vi com vida me dói profundamente.
Abri o pacote que Namjoon me deu e era uma nova mudinha de planta, mais precisamente, algum novo tipo de rosa que pelo visto não tinha em meu jardim já que eu não conseguia reconhecer qual era. Mas uma sensação curiosa veio em meu peito no mesmo instante.

- Espero que goste, eu ganhei de uma vizinha, mas não tenho o mínimo jeito para cuidar de rosas. Pensei logo em você já que gosta tanto. - Se sentou de frente para mim e pegou uma xícara de café.

- Eu não gosto de flores, eu as amo e são coisas bem diferentes. Mas veja como elas estão morrendo aos poucos sem alguém que cuide delas, já não sei mais o que fazer. - Digo. - Esse jardim é a única lembrança feliz que ainda tenho dos meus pais, quero ele cheio de vida e muito bem cuidado como sempre foi.

- Eu acho que precisaria de um excelente jardineiro, por que não contrata logo um antes que as suas flores morram ?

- Eu adoraria ir até a cidade e procurar minuciosamente por um, mas você sabe que me sinto mais seguro dentro da minha casa e passeando. E além do mais, meu irmão disse que a minha saúde está um pouco frágil desde a última consulta que o médico veio fazer aqui em casa. - Deixo a pequena mudinha de lado, e o encaro, sei bem quais eram os pensamentos dele nesse momento. - Não me olhe desse jeito, por favor, Namjoon. Eu te peço.

- Eu ainda acho que você deveria procurar uma segunda opinião de outro médico para ver o que de fato tem, mas se acha que seu irmão está certo, está tudo bem. - Deu de ombros, e deu mais um gole em seu café. Notei que estava com certas olheiras. - O que tanto me olha, Jin ?

- Como você adora me questionar, também quero lhe questionar sobre a razão de estar dormindo mal e com a aparência de urso panda ? - Perguntei rindo de leve. - Se isso não for invadir a sua privacidade, é claro.

Eu notei que Namjoon rodou um pouco para tentar achar uma resposta plausível para o que perguntei, mas se deu por vencido respirando fundo e me olhando com um certo modo. Pego em sua mão afagando aos poucos para lhe acalmar e falasse, estranhamente tive a mesma sensação que ele quando acordei do meu sonho há algumas noites.

- A verdade é que temos alguma coisa em comum nesses sonhos, mas o meu tem algo peculiar que me lembra a guerra da Coreia de certo modo, mas o que acho estranho é ter lembranças de algo que nunca vivi. Nem lembro de falar sobre isso com meu pai e avô, me dá uma sensação de angústia. - Disse preocupado. - Eu tenho alguns relapsos, e até quis deixar para lá.

- E por quê não me contou logo quando começou a sonhar com isso, Namjoon ? - Questionei.

- Eu fiquei com uma certa vergonha porque pensei que seus sonhos fossem apenas bobagens por causa do momento que passou e agora, com essa tal doença. Talvez, tenha subestimado o poder da nossa mente em relação à isso e não sei o que é, não quis que ficasse chateado comigo de alguma forma.

- Jamais pense que eu irei ficar chateado com você por isso. Só tenho você e Yoongi no mundo, sabe muito bem que a  minha relação com meu irmão nunca foi a das melhores e ele só está na frente de tudo porque me sinto muito mal de saúde mental e física.  E parece que esse remédio não faz efeito nenhum, cada vez me sinto mais fraco e as dores pioram aos poucos.

- Jin, me permite levar um pouco desse remédio para o laboratório que conheço, pode ser que alguma coisa esteja lhe fazendo mal. O remédio pode ser bom para alguns, mas para outros pode ser prejudicial que pode ser o seu caso e me preocupo com você.

- Claro, pode levar porque não vai fazer falta mesmo. - Respondo e entrego o frasco inteiro para Namjoon, tinha outros dois em casa de reserva para uma necessidade.

Eu gostava da companhia dos meus amigos porque eram os únicos que se atreviam a vir nessa mansão, não sei a razão de muitos terem medo desse lugar porque nada aconteceu aqui nos últimos anos, o acidente dos meus pais foi na estrada muito longe daqui. E desde que me lembre, a única coisa que posso dizer que aconteceu aqui foi uma tragédia em 1950 onde esse lugar acabou pegando fogo, mas segundo o que a minha empregada Jisoo contou, é que já estavam mortos quando o fogo começou e um jovem casal que tinha uma linda história de amor para viver, foram assassinados. Como ela sabe disso, considero ainda um mistério